sábado, setembro 16, 2006

Escrevi um filme...

Eu escrevi um filme.
Estava desempregada (como agora) e deu-me para usar o meu tempo em algo útil e prazeiroso: escrever um filme.
Foi TÃO bom.
Os meses de pesquisa... as gravações dos diálogos no gravador de entrevistas quando "a inspiração" surgia... a alegria infantil ao resolver pequenas questões que nos atormentavam há semanas... a fase de sentar para escrever... a noite (madrugada) em que escrevi o THE END... (Sim, em inglês!) Inesquecível!
Foi MUITO bom...
Eu escrevi um filme que ninguém lê.
OK, escrevi em inglês. (Não, não desprezo a minha língua, mas as minhas personagens falavam inglês! Quem era eu para as contrariar?! E a minha história não é um filme português, é definitivamente um "Hollywood movie"...) Suponho que estar escrito em inglês torna tudo mais difícil... Afinal, se aqui ninguém nos liga porque não pertencêmos "ao clube"... em Hollywood... Bom, digamos que o clube é BEEEEEEM mais restrito...
Mas o que fazer? Desistir?
NUNCA.
O meu filme já voou para os States, claro. Ele está registadíssimo. Tudo como manda "o figurino" Até já fez uma paragem bastante atrevida... Mas ninguém o lê.
Não é que seja bom ou seja mau: não interessa! Se não te pediram nada, não querem saber! Produtores, agentes, actores... Whatever. Não pertences ao clube, não existes!

Dou um exemplo significativo...

Há uns tempos mandei umas dezesnas de cartas e e-mails para criaturas que poderiam ter interesse em "new blood" naquela terra. Dez por cento voltou para trás; outros dez foram devolvidos com uma breve nota que dizia "We don't accept unsolicited material"...
Não me dei por vencida e repeti a “investida” para “outras entidades". Aconteceu exactamente o mesmo… com uma excepção…
Uma agente respondeu-me pessoalmente, para o e-mail, a dizer que “não andava à procura de mais clientes”…
“Boa!”, pensei, “ao menos tenho um contacto directo… Deixo passar um tempinho e volto à carga”…
Aqui está o resultado:

Ontem escrevi:

“Dear …

I wrote you once, asking you to read my work. You said no...
Well… I am asking again.
12 pages. That is all I ask.
If you don't feel like you have to read the rest of my script, I will never bother you again (not any time soon, anyway).
I know how precious your time must be and how tough it must be to represent writers in a place where everyone has an idea. And I can only imagine how much tougher it would be to represent the "new kid in the block". But I have to ask you for ONE chance. Somebody gave YOU a chance once … I am working to get mine…
… What if I am good…? ;)
TWELVE PAGES. Please…


GK”

Resposta, hoje:

“Thanks for the query, but I am not accepting any more clients.”

Só! E pronto. É isto. UMA MERDA DE UMA PAREDE!!!!!

E isto influencia TUDO…
Estou novamente desempregada, mas não me apetece criar nada! Sinto que não vale a pena… Porque falei do meu filme, mas posso falar do concurso que desenvolvi e que teve o mesmíssimo tratamento em Portugal. É que nem lêem! Nem sei se é bom, se é mau: apenas nem existe!
…Não vale a pena. :(

(Por acaso não há "por aí" quem conheça "alguém" com um cartão de membro para o Hollywood Club, há???)

10 comentários:

Bel disse...

Vale sempre a pena!
Um beijo e um excelente fim de semana

Luis Duverge disse...

Estás a atravessar exactamente o mesmo percurso da J.K.Rowlings até cheagr a oportunidade. Acho que devias tentar o cinema europeu e candidatares-te aos fundos, penso que é do ICAM para a realização de cinema independente e aí crias o teu próprio trabalho.
Mas não desistas aí podes ter a certeza que ninguém lê seja o que for.
Um beijo de ânimo.

Tânia Carmo Silva disse...

Só ganha quem persiste e resiste. Dos fracos não reza a história.

Keep going.

Beijos.

José Manuel Dias disse...

Só perde quem desiste de lutar...
Bjs

Nilson Barcelli disse...

Não desistas.
Também não sei se o que fazes é bom ou mau. Mas será certamente melhor do que muita trampa que aparece.
Os mundos do cinema, dos livros e, de um modo geral, tudo o que seja criatividade, são verdadeiras máfias que só a tiro é que lá se entra.
Tens que usar um truque qualquer. Falar desavergonhadamente, por exemplo, que mostraste a fulano e que ele te recomendou, ou qualquer coisa do género.
Ou então tratá-los mal. Começa já por essa agente... terapia de choque, sei lá.
Boa sorte.
Beijo e bfs.

Libertyn n' us disse...

não conheço, mas olha pela forma como escreves..é uma questão de tempo e o sucesso bate-te à porta

The Star disse...

Não desistas, nunca. Se não tentares, é que nunca vais ter a tua tão esperada oportunidade.
Pena eu não conhecer ninguém lá nos Hollywoods, senão recomendava-te já. Será que por cá ninguém estaria interessado no teu filme? Já fazia falta cinema português de qualidade...

GK disse...

Obrigada a todos pela força.

O meu filme, de facto, não dá para cinema português. O ICAM subsidia (teoricamente) filmes com conteúdo cultural "válido", ou seja, que tenham algo "de nosso"... e o meu filme fala da Máfia.. LOL

Ando às voltas para conseguir uma ideia para um filme em português (ou mesmo para o enredo de um livro), mas nenhuma me pareceu, até agora, digna de valer todo o (doloroso) processo por que passei da primeira vez... Vamos ver...

Bj.

SoNosCredita disse...

acredita que se conhecesse, utilizá-lo-ia para ti e para mim!*

Pierrot disse...

A força e a tua vontade tem o céu como limites.
Se é isso que queres, podes ser chata não há problema.
E não, não conheco ninguém em Hollywood, para além do Spielberg e de mais uns quantos ;-) (brincadeirinha)
Bjos daqui
Eugénio