domingo, julho 30, 2006

Férias... Parte I

Tenho imensos textinhos escritos, daqueles a sério… Mas não me tem apetecido “postá-los”… Se calhar o meu espírito já só sonha com isto:


La Coruña

Vou passar lá uns diazitos…
Já sei que o tempo não vai estar como devia, mas… sempre é uma mudança de ares… que para mim é sempre tão necessária.
Desta vez não levo expectativas. Vou, simplesmente. Não conheço, nunca tive curiosidade de conhecer, não me repugna fazê-lo. Assim, porque não?
SEI que nada igualará Inglaterra e isso dá-me liberdade. Liberdade para não me entusiasmar. Liberdade para não me desapontar. Liberdade para ir, simplesmente. E, desta vez, sim, divertir-me. Porque “divertir” implica esta liberdade, este desprendimento, estes “pés na terra” e não tanto o coração no ar…
Assim, vou simplesmente...
…Voltarei.

sexta-feira, julho 28, 2006

Os meus bebés crescem felizes...


Estas são a Marcy e a Lisa, as duas gatinhas que abandonaram à minha porta, dentro de uma caixote em Maio. Felizmente, elas foram imediatamente adoptadas por um gato cá de casa e acarinhadas por todos. Acho que são felizes...

quarta-feira, julho 26, 2006

Quando é que termina o sofrimento…?

Continuava nas lides domésticas. Mais de noventa anos e limpar, cozinhar, passar, lavar continuam a ser o dia a dia desta mulher numa casa com cinco pessoas (além dela). Foi no meio de uma dessas actividades corriqueiras que se aventurou a dizer, a medo, o que lhe ia na alma:
_ Ouvi dizer que a Cruz Vermelha aceita velhinhos de graça…
_ Quem é que lhe disse isso?
A reacção era da pessoa que devia protegê-la: a neta.
_ Você vem sempre cheia de macaquinhos quando vai lá para casa da tia!
Tinha ido, de facto, para casa de alguém. Mas apenas porque a família, com quem vive, foi de férias sem a levar. Nos primeiros dias, abusou da hospitalidade de uma vizinha. Quis pagar essa hospitalidade. A vizinha, obviamente, não aceitou. Sentindo-se uma imposição em casa alheia, arrumou a trouxe (literalmente: um saco de plástico com uma pijama e uma muda de roupa) e foi vista à espera de um autocarro ao cimo da rua, no fim de uma manhã quente demais para a sua idade. Inquirida sobre a viagem disse apenas:
_ Vou ver se me deixam ficar em casa do meu filho até amanhã ou depois…
E foi. Pelo visto, tinha vindo de lá “cheia de macaquinhos”… Queria sair daquela casa onde se sentia um incómodo. Na verdade, tinha medo daquelas pessoas que eram a sua família. Era claro que não era amor que lhe dedicavam… Então, porque a queriam lá?
Talvez tenha sido o tempo quente ou o esforço de ter tido coragem de dizer que havia no mundo quem a acolhesse “de graça” ou a rispidez da resposta da neta... Teve falta de ar… Começava a ser frequente… Estava a sentir-se mal.
_ Por favor, leva-me ao hospital… - Pediu a medo.
_ Agora não posso! Não me chateie.
_ Por favor… - Sentia-se derrotada. – Então, chama-me um táxi…
A resposta foi pronta novamente:
_ Deixe-se estar quieta! E aí de si que eu saiba que foi incomodar o senhorio para lhe chamar um táxi, ouviu?!
Era assim. E, se era assim, para que a queriam ali? Não podia ser pelo dinheiro miserável da reforma que tinha… Porquê, então? Porque lavava e limpava? Porque a mantinham cativa numa casa sem amor e cheia de palavras sempre duras? Para que tinha vivido mais de noventa anos? Quando é que termina o sofrimento…?

domingo, julho 23, 2006

A Sombra do passado...

Será que há alguma coisa do meu passado que me venha assombrar um dia? Estamos na era da informação… Tudo é passível de ser registado e perpetuado…
Lembrei-me disto porque achei na Internet uma relíquia, gravada há 20 anos, que podia muito bem atirar umas pitadas de ridículo a uma carreira agora sólida… Não o faz por dois motivos: é assumida e sem um pingo de arrependimento…
Eu não tenho nada com que me preocupar. Nunca me arrependi de nada e, mais desinteressante do que isso, não tenho qualquer esqueleto escondido no armário.

sexta-feira, julho 21, 2006

Primeiro dia de praia

Alguém – Dublin, Praga ou Roma?
GK – Bom, é mais fácil vermos quem vai, para sabermos quem já esteve onde, para depois decidirmos o destino…

Alguém – Só posso fazer férias no início de Agosto. Depois é complicado. O que achas de La Coruña?
GK – Bom, estamos a 10 dias de Agosto e o dinheiro não abunda. Para fazer férias no início de Agosto num sítio fixe e acessível, devíamos ter marcado em Junho!

Alguém – GK, queres ir a Barcelona em Setembro?
Outro Alguém – GK, queres ir a Marrocos em Setembro?
GK – Pessoal, para ir a esses sítios todos que me propõem, vou ter de vender um rim!!!

Alguém – E se fôssemos até Albufeira na última semana de Agosto?
Outro Alguém – Eu agora só posso em Outubro…
GK - …

… E, de repente, tudo se desvanece… Sinto a água salgada cercar o meu corpo. O vento gelar-me a pele. O sol queimar-me o rosto. De olhos fechados, só ouço o barulho das ondas. Sinto o cheiro da maresia…
O meu cérebro esqueceu as questões, complicações e amarguras… Afinal, ali, a poucos quilómetros de casa, tive o meu primeiro dia de praia…

terça-feira, julho 18, 2006

Funeral Blues

Desculpem o tema algo "down", mas, em conversa com uma amiga, lembrei-me de um dos poemas mais bonitos e comoventes que já tive a aportunidade de conhecer. Devem tê-lo ouvido também, no filme "Quatro Casamentos e Um Funeral"...

Não desejo isto a ninguém, mas... leiam e chorem. É o que eu faço sempre...

Funeral Blues

Stop all the clocks, cut off the telephone,
Prevent the dog from barking with a juicy bone,
Silence the pianos and with muffled drum
Bring out the coffin, let the mourners come.

Let aeroplanes circle moaning overhead
Scribbling on the sky the message He is Dead.
Put crepe bows round the white necks of the public doves,
Let the traffic policemen wear black cotton gloves.

He was my North, my South, my East and West,
My working week and my Sunday rest,
My noon, my midnight, my talk, my song;
I thought that love would last forever: I was wrong.

The stars are not wanted now; put out every one,
Pack up the moon and dismantle the sun,
Pour away the ocean and sweep up the woods;
For nothing now can ever come to any good.

-- W.H. Auden

domingo, julho 16, 2006

Sonho...

Sonho.
Sonho e não sei porquê.
Sonho, pela milionésima vezum sonho batido, velho, gasto.
Não sei porque insisto.
Não sei porque me é tão caro este sonho.
Não sei porque ainda me faz sorrir.
Sonho.
E não desisto.

quinta-feira, julho 13, 2006

Voltei a ter 16 anos

Há um mês, exactamente neste dia, dia 13, voltei a ter 16 anos.
A paixão começou há muito tempo. Pela música? Pela figura? Pelo show? Não sei. Sei que fazia sentido. Sei que precisava de ouvir aquela música. Sei que aquela figura me fascinava. E que o show foi magnífico. Sei que me apaixonei irremediavelmente nesse show.
15 de Junho de 1995.
Alguém mentiu ao meu pai para eu poder ir a Alvalade ver os Bon Jovi. Contra tudo o que me tinha sido dado a acreditar enquanto crescia, eu diverti-me que nem uma louca!
O ponto alto? O momento em que me apaixonei, para toda a vida, pelo senhor do show: Jon Bon Jovi.
Eu e uma amiga (também da minha idade) olhávamos, deslumbradas, para o palco. O Jon, em cima dele, aproximou-se, olhou-nos e abriu aquele “million dollar smile” que só ele tem e que agora reconheço, porque me vai directo ao coração… sempre! Apaixonei-me. Foi nesse exacto momento. Foi aquele sorriso, do qual me apoderei como se fosse realmente meu. Aos 16 anos, eu soube que era uma paixão para sempre…
Esqueci-me dela em alguns instantes da minha vida. Andei fugida. A fingir que era crescida. Mas bastava ver aquele sorriso para saber o que ele significava para mim.
Há um mês, no dia 13 de Junho de 2006, em Londres, o chão voltou a desaparecer debaixo dos meus pés…
Não recebi o tal “million dollar smile”. Mas suponho que tinha mesmo de ser assim. Se eu perdi todas as minhas defesas, se me esqueci por instantes de como se dizia “olá” em inglês, se me esqueci que as máquinas fotográficas têm zoom… só porque tinha o olhar dele em mim atrás de uns óculos escuros… o que é que eu teria esquecido se ele me tivesse sorrido com o tal sorriso…?
Foi a primeira vez em anos que eu não tive “tudo sob controlo”! E foi… tão bom!!!

(Espero que o meu namorado não leia isto… LOL Mas, caso leia: Paixãozinha, amo-te muito, sim? Isto do Jon é… é tudo… huh… platónico?... Isso. Platónico! …Tem sido, pelo menos…! LOL)

terça-feira, julho 11, 2006

Vai correr tudo bem...

Vai correr tudo bem. Hoje, como em muitas outras ocasiões, eu sinto que vai tudo correr bem. Só tenho de esperar. Ser paciente.
Há muito tempo que sinto que só vou começar verdadeiramente a viver depois dos 30. Até lá estou a aprender. Estou a investir. A descobrir.
Todos os períodos que eu encarei como épocas de estagnação não o foram. Olhando para trás, encontro sentido em TUDO o que me aconteceu. E aquilo que ainda parece não o ter, tê-lo-á. Sei-o.
Sei que em breve me vou aproximar mais do “meu caminho”, mas não será já que vou caminhar nele…
Sabendo-o, só tenho de esperar… e aprender… pacientemente…


(Faz hoje um mês. Há um mês estava eu no final do segundo concerto em Milton Keynes. Seguiram-se três dias de sonho em Londres. Um mês. E só agora estou a acordar…)

domingo, julho 09, 2006

À deriva

A verdade é que... estou à deriva.
Odeio o mundo. Não tenho energia para nada.
Nada tem resultado: sair, namorar, meditar... Nada. Nada me tem devolvido a energia que preciso para "voltar à vida"...
Sabia que, quando voltasse de Inglaterra, depois da euforia inicial, ia arranjar uma desculpa para ficar brutalmente deprimida... Não se larga um sonho sem "estrabuchar"... Mas, mesmo sabendo isso tudo, consegui cair do "18.º andar" e estatelar-me no chão com mais frça do que algum dia podia prever...
Tenho batalhado para contrariar este estúpido sentimento de perda de mim própria (o meu último texto prova-o!)... mas não tem resultado.
É que... se eu voltar a tudo o que deixei pendente - os meus projectozinhos, os contos, os currículos... Voltar a tudo isso seria admitir que o sonho acabou...
O problema é que ele acabou! Acabou mesmo! Ou então eu não estaria a odiar o mundo inteiro e todos os que me rodeiam... Se o sonho não tivesse acabado, eu não estaria à deriva...

Ficam as palavras imortais dos Nickelback. A música chama-se "Savin' Me" e é do último álbum, "All The Right Reasons". Este é o refrão:

"Show me what it's like
To be the last one standing
Teach me wrong from right
And I'll show you what I can be
Say it for me
Say it to me
I'll leave this life behind me
Say it if it's worth saving me..."

Acho que é isto que eu também procuro. O mais doloroso é que eu já o achei algumas vezes(o sentimento de "me encontrar") e volto sempre a perdê-lo. Por isso é que dói TANTO "deixar" Inglaterra para trás...

quinta-feira, julho 06, 2006

Tudo ou Nada

Tudo ou nada. It’s the name of the game.
Chega de “por favor” e “com licença”. A partir de agora, é pela porta da frente e com o olhar nas estrelas! Chega de “pedir”, de “tentar”. Eu quero. Eu posso. E eu VOU fazer!
Será a próxima chegada dos 30 ou ainda a rebeldia dos “teens”?... Não sei.
Sei que estou farta. Farta de patrõezinhos. De cunhazinhas. De classificados! Nenhum deles é representativo do que eu quero para mim. Por isso, FODA-SE! (Desculpem a linguagem, mas o que fica cá dentro de negativo dá úlceras e cabelos brancos!)
A partir de agora, eu vou atrás do que eu quero realmente! É tudo ou nada! O pior que pode acontecer é ficar tudo igual…

terça-feira, julho 04, 2006

Patriotismo

Suponho que sou o que muitos têm apelidado de "patriota primária". Afinal trago um cachecol de Portugal preso à mala e poria a bandeira na janela ou no estendal, se a janela ou o estendal dessem para algum sítio onde passa o povo.
É curioso que, tal como a maioria dos tugas da minha geração, antes de 2004, eu nem sabia que se podiam “usar” os símbolos nacionais. É que “eu ainda sou do tempo” em que uma banda rock foi a tribunal por fazer uma versão do hino… (Agora o Expresso distribui bandeiras com uma faixa verde florescente na parte vermelha… Enfim, adiante…)

O primeiro “item” nacional que tive foi oferta de uma agência de publicidade com a qual trabalhei. No Natal de 2003, a FCB ofereceu a alguns clientes uma prenda muito especial: um cachecol de Portugal. O “embrulho” era em forma de grande postal e dizia: “2004. Europeu de Futebol, Eleições Europeias, Olimpíadas, Retoma da Economia. Se há uma coisa que Portugal vai precisar em 2004 é do seu apoio. E do apoio de todos nós. Vai precisar de toda a nossa claque para incentivar, gritar, saltar, para não deixar ninguém pensar que o jogo possa estar perdido.”
Achei genial! Se tivermos em conta que os anúncios e outras iniciativas publicitárias naquela altura ainda nada tinham a ver com patriotismo ou futebol, aquilo era brilhante!

Jurei usar aquele cachecol (o mesmo que anda preso a minha mala de mão agora) durante o Euro 2004. Como é óbvio, muita mais gente teve a mesma ideia. (Em futebol, não é inédito…)
Foi também nesse bem-dito Euro que alguém se lembrou de pedir aos portugueses para colocarem bandeiras nas janelas em sinal de apoio à selecção. (A discussão continua sobre se foi Scolari ou Marcelo Rebelo de Sousa. Anyway, o brasileiro ganhou a responsabilidade do apelo.)
Desde aí, os símbolos nacionais tornaram-se moda. Mas uma moda duradoura e que nos orgulha!

Em terras de Sua Majestade, onde estive recentemente, foi com enorme prazer que vi uma bandeira portuguesa numa mota. Claro que, ao atravessar a rua, tive de largar um “Então, boa tarde!” bem português. Foi tão bom ouvir a resposta e ver o sorriso largo!
Transbordei de orgulho quando num concerto, com mais 70 mil pessoas, em terras estrangeiras, se reuniu, pelo menos, uma dezena de bandeiras portuguesas. E mais ainda quando alguém, no palco, as aponta porque já as reconhece!

Tenho a certeza que nada disto se teria passado se Scolari não tivesse exaltado o hábito das bandeiras nas janelas e das bancadas vestidas de vermelho e verde.
As bandeiras não viajariam connosco. E não haveria uma na mota que vi nas ruas de Londres, porque exibi-la ainda seria considerado fascista. E eu não falaria com compatriotas nas ruas de um país estrangeiro, porque não saberia se os meus cumprimentos seriam bem recebidos.
Hoje sei que serão sempre bem recebidos, porque hoje os portugueses partilham um sentimento inequívoco de confiança, de orgulho nacional onde quer que se encontrem!
… E tudo isto graças a… um brasileiro!!! LOL


(FORÇA, PORTUGAL! Lá estarei, na rua, com o cachecol e a bandeira, a torcer por os nossos bravos. No entanto, mesmo que não ganhemos, desta vez, acho que não vou chorar. É que, antes, era sempre "agora ou nunca". Agora, no entanto, eu sei que se não for agora... um dia será!)

domingo, julho 02, 2006

Prefiro escondê-las...

Prefiro escondê-las, as minhas memórias. As minhas projecções, os meus sonhos. Prefiro escondê-las, a expô-las ao ridículo das realidades de quem não as entende. Prefiro escondê-las a deixar que sejam diminuídas, desvalorizadas, enxovalhadas. São minhas. São muito minhas. E prefiro a solidão de as guardar só para mim à monstruosidade de as ver divulgadas, disseminadas, incompreendidas… Comentadas por analistas incompetentes, pouco esforçados e pouco sérios. São minhas demais para as deixar ir. Quero-as a fazer parte da minha realidade. Não as quero ver com uma realidade própria em que perderiam valor. Prefiro escondê-las. Guardá-las só para mim. Prefiro a incompreensão à possibilidade do ridículo.