Boas festas para todos. Muitos sonhos em 2008. ;)
sábado, dezembro 22, 2007
BOAS FESTASSSSSSSSSS!
Digo-vos isto com tristeza, este ano não vai haver presépio:
- A vaca está louca, não se segura nas pernas...
- Os reis magos não podem vir porque os camelos estão no governo...
- Nossa Senhora e S. José foram meter os papéis para o rendimento mínimo...
- O Tribunal de Menores ordenou a entrega do menino Jesus ao pai biológico...
- A ASAE mandou fechar o estábulo por falta de condições
Pelo sim, pelo não, passo já para a “segunda parte do filme”: BOM ANO NOVO!!!!
;-)
Bom, OK… Just in case: Feliz Natal!
:)
sábado, dezembro 15, 2007
terça-feira, dezembro 11, 2007
Criminosa intelectual
Num letreiro lia-se “Não se copiam livros”.
Espantei-me. Uma série de pensamentos passaram, a correr, pelo meu cérebro: “Não se copiam livros?! Venho aqui há uma data de anos e agora é que vejo isto?! Será que eu estou doida ou já me fartei de copiar livros aqui?”
De testa engelhada considerei desistir. Uma amiga tinha-me emprestado um livro de marketing (que, por tradição, são caríssimos!) que eu nunca compraria. Mas, como ela mo deixou trazer para casa, acabei por descobrir pontos de interesse. Pedi-lhe e ela permitiu que eu o copiasse. Era isso que lá ia fazer.
Mas agora sentia-me uma criminosa. Eu, que até defendo com unhas e dentes os direitos de autor! Sentia-me uma prevaricadora sem moral! Um verme sem espinha dorsal…
Vermelha de vergonha, duvidei ter coragem para perguntar à habitual menina se aquilo era mesmo verdade.
Quando estava quase a capitular, a doce melodia da voz da loura lá do sítio, olhando-me nos olhos e apontando para o livro que eu abraçava, perguntou-me:
_É para deixar ficar? – O tom era baixo e cheio de intenções…
_Sim… - Respondi timidamente.
_Só um bocadinho que eu vou ver se o meu patrão pode levá-lo para casa. – Disse aquilo como se o verdadeiro significado daquelas palavras estivesse relacionado com um segredo de estado…
Voltou passado meio segundo, pegando no livro, que eu larguei de imediato como se me queimasse as mãos.
_O meu patrão pode levá-lo.
Fê-lo desaparecer debaixo de uma série de folhas brancas na primeira das quais começou a tirar notas: o meu nome, o tipo de trabalho em abreviatura, etc.
_É para encadernar também? – Continuou baixinho e de forma despachada.
_Sim… - Respondi igualmente em surdina.
_OK. Em princípio amanhã está pronto a esta hora. Dá-me o teu número de telemóvel para o caso de acontecer algum imprevisto...
Dei-lhe o número como se aquela cena fosse normal.
Saí da loja com uma sensação estranha de ter acabado de cometer um crime. Parecia que tinha ido comprar droga ao dealer habitual enquanto a polícia rondava o local… E tenho a sensação que agora vai ser sempre assim…
segunda-feira, dezembro 03, 2007
Shhhhhhhh!
…Agora vivo com medo. O meu bem-estar é um bem público. Tornou-se real. É comentado… E, por isso, sinto-o vulnerável… Como se a bolha que me elevava no ar estivesse prestes a explodir com os impulsos complacente de um público pouco anónimo e bem intencionado. Temo, aliás, as boas intenções…
O caminho não mudou. E eu sei que estou nele, no certo, e não vou desviar-me tão cedo. Mas já não rio sozinha. E quando esperava rir com os demais, sinto-me tímida. Como se esta partilha fosse uma violação. Como se, depois de tantos anos a estudarem a minha tristeza, os que me rodeiam fossem incapazes de perceber a minha felicidade. … Ou serei eu que não a entendo, que a temo, que me intimido com tudo o que é bom nesta vida…?
segunda-feira, novembro 26, 2007
Não durmo
segunda-feira, novembro 19, 2007
No comments
terça-feira, novembro 13, 2007
Bon Jovi em Portugal em 2008
O nome da capital portuguesa surge no vídeo da banda, onde aparece a lista dos locais que fazem parte da digressão. Os elementos da banda anunciam: «Vamos a todas estas cidades fantásticas».
No entanto, ainda não aparece nenhuma data no ecard, nem é apresentado o local onde terá lugar o concerto em Portugal.
O IOL Música tentou confirmar a notícia junto da Universal Music, editora portuguesa da banda, mas não obteve resposta.
Vê aqui o Ecard."
quarta-feira, novembro 07, 2007
Boa tarde, doutora
Não lhe liguei. Fosse pelo cansaço ou pelo hábito de ouvir saudações corteses que nada significam, nem a ouvi.
No dia seguinte, novamente me calha a mim entregar a chave do escritório. Com um sorriso, voltei a ouvir o “Então, tenha uma boa tarde, doutora”.
Perguntei-me, então, há quanto tempo eu a ouvia sem a ouvir realmente. E descobri, enterrado na minha memória, o seu constante sorriso em diversas ocasiões. Era uma pessoa da confiança da administração. Fazia já parte da estrutura daquele edifício onde entram e saem doutores - reais e imaginários - a toda a hora.
Supôs, por isso, que a sua saudação era já uma “gravação” da memória e que nada significava.
Mas, todos os dias, aquela voz submissa me assombrava a caminho da casa.
_Boa tarde, doutora. - Ouvia-a na minha mente a outras horas do dia. – Doutora!
Numa dessas tardes perdidas no meio de tantas outras, ia já preparada para a ouvir.
Coloquei a chave em cima do balcão da recepção e olhei bem para ela. É mais velha do que eu, trabalha lá há mais tempo do que eu e tem a confiança daquelas pessoas todas.
_Boa tarde, doutora. - Disse previsivelmente.
_Não me chame doutora. – Disparei com convicção – Não é preciso. Sou muito jovem para ouvir esse título tão pesado. – Sorri-lhe. Coloquei-lhe a mão num ombro. Disse-lhe para me chamar pelo meu nome próprio.
Arrependi-me logo.
O sorriso esmoreceu-lhe, pôs os olhos no chão e eu li-lhe o pensamento: “Pronto, mais uma falsa armada em gaja porreira!”
Deixei a minha mão escorregar-lhe do ombro e também eu pus os olhos no chão.
_Boa tarde. – Disse-lhe timidamente.
E fugi dali.
Agora temo-lhe o olhar, porque sei que ao ouvir-lhe a voz simpática vou sempre adivinhar-lhe os pensamentos.
domingo, novembro 04, 2007
Corrupção Vs Julgamento
Primeiro, não vi NADA que não conhece dos noticiários escandalosos de há uns tempos. Depois, a Margarida tentou, mas não conseguiu fazer uma Carolina convincente. E, por fim, tudo o resto é falso, mau, mal feito! Uma fantochada, com localizações em Lisboa a quererem representar o Porto, com prostitutas que parecem saídas da fábrica dos horrores e com personagens a terem diálogos teatrais e poses absurdas.
Não há uma única cena que pareça real. Quiseram fazer tão bom e fizeram tão mau! É mesmo inacreditável a merda pretensiosa que se consegue ainda produzir neste país.
…Desculpem o desabafo. É da frustração!
O "Julgamento" está ÓPTIMO! Pela primeira vez, fui ver um filme português e saí da sala sem qualquer “mas” ou “se”.
Sem ser uma obra-prima, está tudo bom: guião, actores (um Júlio César soberbo!), som, imagem, realização, banda sonora, guarda-roupa, adereços, localizações...
NADA de mau a apontar (bom, excepto, talvez, a caca de interpretação da Fernanda Serrano… Mas não chega para estragar o resultado final) a uma história que começa no tempo da clandestinidade e traz à luz os legítimos rancores daqueles que sofreram nas mãos da PIDE e se sentem injustiçados neste país de brandos costumes.
Recomendo-o absolutamente!
Assim, sim, há esperança para o cinema português!
terça-feira, outubro 30, 2007
O meu companheirinho deixou-me…
Faltou um ritual antes de se deitar para dormir nas pernas de quem estivesse disponível: não pediu comida. Deitou-se sem comer.
Algo se passava. Estava muito triste. Triste demais. Estava doente.
Não tinha nada no corpo. Não vomitou. Não se queixou. Apenas não comeu e parecia custar-lhe deslocar-se.
Os veterinários já estavam fechados e, o que quer que fosse, não parecia ser uma emergência…
Demos-lhe um remédio que devia funcionar como analgésico, um suplemento de vitaminas para substituir “o jantar” e, à ceia, obrigámo-lo, com jeitinho e uma seringa, a beber um pouco de leite.
Ao outro dia pouco comeu, mas quis sair com as gatas. Saiu. Até brincou. E à noite, até petiscou. Por precaução, foi ao veterinário, mas nada foi detectado.
Suspirámos de alívio.
Só quatro dias depois notámos um papo no lombo. Um papo enorme. Anormal. Assustador. A sensação que dava era que metade das tripas tinham mudado de sítio, já que a barriga tinha diminuído até desaparecer…
Corremos novamente ao veterinário.
O diagnóstico, desta vez, foi claro: hérnia. Suspeitava-se que o intestino tinha saído da bolsa que o envolve e passado para junto da pele.
Era uma situação perigosa. Tinha de ser operado.
Era o caçula da casa. Se ele estava a sofrer, então a questão teria ser resolvida o quanto antes. A operação ficou marcada para Segunda-feira de manhã.
No Domingo acarinhei-o como sempre, mas desta vez fiz questão de passar o serão com ele ao colo.
Tinha o coração apertado. Uma sensação horrível de que, se o abrissem, o meu bebé não ia voltar como estava até ali: de pé.
Acarinhei-o, sussurrei-lhe, confortei-o. Sei que ele o sentiu. Acreditámos juntos que a operação tinha de acontecer e que, depois, aquele ar triste com que voltou naquele dia já longínquo e que não o largou mais ia finalmente passar.
Mas não passou. Ele não voltou.
Ligaram-me do veterinário a dizer que o meu companheirinho tinha morrido durante a cirurgia. Que ele estava todo pisado por dentro. Que a situação era mais grave do que pensavam. Que apesar de terem resolvido a hérnia diagnosticada, não tinham conseguido contornar a hérnia diafragmática que encontraram e que se rasgava enquanto a suturavam.
Uma paragem cardíaca. E ele deixou-me.
sexta-feira, outubro 26, 2007
Um Coração Poderoso
"Um Coração Poderoso" (A Mighty Heart") retrata ao pormenor os dias vividos por Mariane, esposa de Daniel Pearl, aquando do rapto do jornalista do Wall Street Journal em Karachi, no Paquistão, pouco depois da guerra (também mediática) no Afeganistão.
O final trágico da história já quase todos o conhecem. O que não conhecem é o dia a dia caótico de uma cidade vizinha da guerra, onde a diferença entre estar vivo e estar morto pode residir na nacionalidade ou na religião da família.
Esta é uma obra triste e densa, sem quaisquer pretensões políticas, que filma pormenores sem pudor e deixa brilhar, talvez demais, uma Angelina Jolie morena e sempre perfeita no papel de esposa grávida atormentada, mas racional. O retrato, sem julgamentos ou condenações, das diferenças culturais e das consequências reais da "guerra ao terror" é talvez o melhor deste filme. O pior será o facto do espectador nunca conseguir esquecer que Angelina… é Angelina e a falta de profundidade de todas as personagens secundárias.
segunda-feira, outubro 22, 2007
A vida às vezes...
Ainda eu estava em Londres quando recebi um telefonema, algo enigmático, de uma amiga a dizer que “tinha uma proposta para mim”… Mas combinámos conversar quando eu regressasse de férias.
Regressei. Recebi a proposta. Ainda em férias, fui à entrevista de emprego e, quando voltei ao trabalho, foi para denunciar o meu contrato temporário que terminava daí a uma semana.
Deixei o jornalismo.
A decisão foi tão emocional e radical que não tive qualquer dúvida em assinar contrato de avença (traduzindo: passo recibos verdes!) e entregar a carteira profissional de jornalista.
Quando tentei juntar a minhas coisas no jornal da vila descobri que NADA tinha acumulado! Seis meses e não havia nada de supérfluo na minha gaveta. No fundo, eu sempre soube que aquele era um local de passagem…
Agora trabalho em part-time como responsável da área da Comunicação & Marketing de um projecto estruturante para a Região Centro e Coimbra em particular.
O salário – por ser um part-time e ter os descontos que tem – obriga-me a passar mais dificuldades do que passava antes, ao mesmo tempo que repenso o meu guarda-roupa para incluir peças mais clássicas e adultas. E, se algo falhar agora, fico SEM NADA: nem carteira, nem subsídio de desemprego. Mas, em cerca de um mês de trabalho, consegui mais resultados do que em quase 10 anos de jornalismo!
…A vida às vezes consegue ser uma ganda puta!
segunda-feira, outubro 15, 2007
London 2007 (7)
Tínhamos vários imperativos antes de deixar Londres: ir à Tate Britain, à Virgin, ao teatro e comprar chocolates no Harrods para oferecer à Eileen, a “santa” que me ajudou a encontrar a mala. Havia ainda a possibilidade de nos encontrarmos com um amigo meu, que trabalhava em Oxford, mas que tinha prometido vir ver-me naquele dia. Era um programa ambicioso, mas olhando para os itinerários dos dias anteriores… era possível!
É um colossal museu de pintura. Sabemos agora que o Tate Modern é um bocadinho mais divertido. (Dizem!) Mas, mesmo com a aversão que tenho a estar fechada no mesmo espaço durante muito tempo, consegui passar QUATRO HORAS dentro da Tate Britain!!! A ver pintura!!! Não sei se é mérito do museu, se dos pintores, se da minha paciência. Mas estive quatro horas a olhar para quadros! E vi alguns fabulosos. Também vi aqueles que me fazem sentir gozada: precisamente os de arte moderna…
Saímos do museu tardíssimo.
Às sete e meia devíamos estar em Tottenham para ver o musical “We Will Rock You” no Dominium Theatre. Por isso, entre todas as escolhas possíveis, tomámos difícil decisão de “correr” até ao Harrods para comprar os chocolates à Eillen e deixá-los em Victoria, o local onde se situa o escritório dos autocarros Greenline onde ela trabalha.
Assim fizemos, em tempo recorde.
Voltámos a Earl’s Court para comer e mudar de roupa. E conseguimos estar em Tottenham bem antes da hora marcada. Ainda deu para, finalmente, irmos tomar um café a uma das lojas Starbucks, que infestam Londres como uma praga. Até há um Starbucks numa igreja!!!
O meu “amigo inglês” ligou-me antes da peça. Vinha no comboio oriundo de Oxford e queria confirmar o jantar. Combinámos encontrar-nos à porta do teatro no fim da peça.
Ver um musical em Londres faz parte do misticismo da cidade. E agora percebo porquê.
Mais uma vez, não consegui reprimir o sentimento de que andamos todos a brincar deste lado da Europa. Brincamos ao futebol… E brincamos ao teatro. Ali, o bilhete é caro, mas o espectador “leva com” um espectáculo brutal!
Tudo é bom: os actores, a história, o cenário, o guarda-roupa, o som, tudo. Deslumbrante. Emotivo. Bem conseguido. Apoteótico! Fantástico!
A história do “We Will Rock You” exulta o rock e os Queen em particular (não podia estar mais “na minha praia”), mas qualquer pessoa que ali entre não pode deixar de se sentir identificada com aquelas personagens futuristas, pouco ortodoxas e prisioneiras do “establishment”. Era impossível não rir ou não chorar exactamente nos pontos previstos pelo hábil autor. Fui manipulada com mestria. E adorei!
Para tugas como nós, o programa tinha um aliciante extra: o under-study da personagem principal é um actor português! Ricardo Afonso passou pelo teatro Aberto e pelo Politeama. Este é a sua estreia no West End. E que grande estreia!!!
Depois de rir e chorar com as aventuras de Galileo e Scaramouche, dirigimo-nos a Picadilly para jantar com o Moji.
O meu amigo é um jovem iraniano que viveu em Londres cinco anos antes de se mudar (temporariamente, diz ele) para Oxford. Conheci-o numa longa noite ao relento em Milton Keynes, quando ambos esperávamos por um mega-concerto dos Bon Jovi. Foi há um ano e, à custa de sms’s, cartas, e-mails e telefonemas, rapidamente o Moji se tornou num querido amigo. Eu não poderia passar por Inglaterra sem o ver.
A prosa soube melhor do que o jantar. Falámos de música e honestidade, de expectativas e frustrações, numa conversa que ficou a meio, como ficam sempre aquelas que são francas e ambicionadas. Foi MUITO bom ver o Moji e adorei o facto que ele e o meu namorado se terem dado bem. Já tenho saudades da sinceridade do olhar do meu jovem amigo e da sua voz despretensiosa e característica.
É tão agradável encontrar almas compatíveis e perceber que não estamos sós quando nos sentimos deslocados no mundo. A Galileo Scaramouche, Britney e Robbie da peça juntaram-se mais três nomes no mundo dos revoltados: os nossos.
Já passava da meia-noite quando, por sorte e a contra gosto, nos deixaram entrar nos túneis do metro para apanhar as últimas composições. Pensávamos que o metro fechava à uma da manhã, mas enganámo-nos! Íamos ficando em terra… o que em Londres… à noite… é MUITO grave…
Todos chegámos são e salvos “a casa”. Mas, para mim, a noite tornou-se subitamente triste… Era altura de fazer a mala. :(
No dia seguinte, só tivemos tempo de ir a Picadilly gastar “uma pipa de massa” em livros e CD's à Virgin Megastore e à HMV. Depois apanhámos o comboio para Luton e, lutando com malas, transfers e bagagem pouco ortodoxa, conseguimos meter-nos no avião.
Em Lisboa, a nossas malas foram as primeiras a sair na passadeira rolante e chegámos a Coimbra em tempo recorde, sempre em transportes públicos.
Cheguei da “minha terra prometida” à minha cidade natal para mudar de vida.
Uma semana depois, a minha existência tinha dado uma cambalhota brutal.
O que dizer?...
…Londres faz-me bem!... :)
terça-feira, outubro 02, 2007
London 2007 (6)
Lendário postal ilustrado cravado - embora por motivos diferentes - na memória dos dois (minha e do meu gajo), o palco dos sonhos fazia obrigatoriamente parte de qualquer itinerário elaborado para sete dias em Londres. Íamos conscientes de que as torres já não existiam e os tijolos alaranjados tinham sido substituídos por um incaracterístico emaranhado de betão e metal, um género de construção e de infra-estrutura que, em Portugal, não era nada desconhecido. Mesmo assim, as expectativas eram enormes.
45 minutos de comboio para fora da zona 1 do Metro (o metro transformou-se em comboio suburbano) e vimos, finalmente, o estádio ao longe… tomando consciência imediata de que nos tínhamos enganado na linha!
Saímos em Wembley Central para um bairro pouco característico e pouco acolhedor, com clara “pinta” de subúrbio. O instinto (e algumas placas) levou-nos na direcção certa e, ao fim de uns 20 minutos a andar a pé, chegámos finalmente ao estádio.
Entrámos, claramente, pelo lado errado. Depois daquela caminhada pouco aliciante, a primeira imagem que tivemos daquele colosso não era nada impressionante. Tudo estava meio acabado, nada tinha um aspecto definitivo e o estádio, completamente vazio e encerrado, transmitia uma sensação desolante de abandono. Como um bibelô, bonito e pintado de fresco, mas sem chama, sem gente, sem alma. Apenas um aglomerado de alcatrão, metal e betão. Adormecido.
Apanhei a desilusão de uma vida.
Sonhei tanto com o Wembley e vê-lo assim, novo, mas sem cor, sem espírito, sem personalidade, atacou o mais básico do meu ser. Estava destroçada.
Não me interpretem mal. O estádio é giríssimo. É novo, enorme, bem desenhado. Impressionante, se olharmos para ele como um qualquer estádio. Mas aquele era O WEMBLEY! E o que fizeram foi matá-lo, sem dó nem piedade. Acabar com tudo o que existia de autêntico, de único, de vivo nele. Agora é mais um estádio, como tantos outros.
O MEU Wembley já não mora ali.
Prometi solenemente voltar quando ele estiver cheio e tentar descobrir a alma que eu desconfio que lhe mataram. Prometi voltar quando não se conseguir vislumbrar qualquer pedaço de jovem alcatrão e quando as paredes brancas estiverem cobertas com as cores das gentes que lhe encherem as entranhas e o silêncio castrador que eu lá ouvi for substituído por um qualquer cântico entusiasmado, alusivo ao que se for passar lá dentro.
Não consigo aceitar que o palco dos sonhos tenha morrido assim, às mãos de homens que julgam saber projectar o futuro e se esquecem que os sítios têm karma. Não aceito que este seja o Wembley. Tenho de lhe encontrar a alma, ainda que enterrada em quilómetros de betão e metal.
Voltarei lá, numa busca talvez infrutífera, mas só depois de o ver sem ser ao abandono, poderei decretar-lhe o óbito sem remorsos… mas com muita mágoa.
Ao lado do Wembley, com um ar de tia velha, encontrámos a Wembley Arena. Ali, sim, há alma. Velha, talvez, mas sábia. Ali ouve-se música, brinca-se com uma fonte de repuxos, fotografa-se a praça da fama, onde a Madonna, o George Michael e a Kylie Minogue (só para mencionar alguns) deixaram gravadas as suas mãos. Ali, sim, há “música”.
Depois de largos minutos a brincar com a fonte de repuxos, que qualquer um pode controlar, pisando uns largos botões no solo, dispusemo-nos a abandonar aquele local. Eu levava um peso no coração, apaziguado apenas pela lindíssima arena (lindíssima não objectivamente, claro) que salvou um pouco do meu olhar sobre o Wembley.
Fotografei o colosso a caminho de Wembley Park (a estação de metro certa). Consegui admirar-lhe a infantil beleza e esquecer um pouco do meu sofrimento. Acredito até que, se tivéssemos entrado na zona pelo sítio certo, a desilusão teria sido menor. Menor, nunca nula!
Como tínhamos comprado one day travelcard do metro para zonas “fora da cidade”, decidimos passar mais uma hora dentro dos túneis dos comboios e rumar para o outro extremo de Londres.
Também num subúrbio fica a Millenium Dome, designada habitualmente por O2. Plantada à beira rio (do outro lado do qual se vislumbra a lixeira municipal de Londres!), a O2 é um monumental recinto de espectáculos. Tem um aspecto de tenda futurista gigante e descobre-se logo à saída da estação de metro de North Greenwich, outro colosso da arquitectura e da engenharia.
Desta vez, aparte do próprio local físico escolhido para colocar aquela infra-estrutura, tudo era impressionante. A estação de metro, a O2, o gaizer artificial que dava as boas vindas aos transeuntes, os painéis cravados na parede que traçavam a história da música moderna… Tudo tinha um aspecto adolescente e ainda em busca de uma identidade, mas a O2 é, de certeza, um adolescente determinado e com grandes sonhos e objectivos. O espírito do local era descontraído e apontava para um enorme gosto pela diversão.
Naquele dia, os preparativos que se viviam no recinto prendiam-se com mais um espectáculo das “21 nights at the O2” que o Prince apresentava naquela altura.
Demos uma volta pelo recinto e descobrimos, ao lado da O2, The David Beckham Academy em grande actividade. Cercada por uma enorme rede azul (obedecendo à estética de todo o local), a escola de futebol deixava adivinhar o que se passava lá dentro através dos ecos das vozes amplificadas e da quantidade de carros estacionados à porta.
Descobrimos também a doca da O2, que eu já sabia existir. Não sabia era que havia “expressos” aquáticos de volta a London Bridge. Claro que decidimos imediatamente que voltaríamos à cidade daquela forma.
A viagem foi alucinante. Num barco a alta velocidade, vimos toda a zona de Greenwich e também de Canary Whorf, a área financeira de Londres, o único bairro com arranha-céus da cidade. Em poucos minutos vimos a Tower Bridge aproximar-se de nós, sempre lindíssima com os seus azuis resplandecentes debaixo do tímido sol londrino.
Saímos numa já conhecida praça junto à London Bridge, em Southwark do meu coração. Desta vez consegui passar ainda pela Hay’s Galleria antes de apanhar o metro para Earl’s Court.
Era tardíssimo, mas conseguimos almoçar no nosso bairro. Depois só tivemos tempo de ir ao hotel trocar de roupa para nos dirigirmos ao Royal Albert Hall.
Aquela era a noite que o meu namorado tanto antecipou, a verdadeira razão da nossa viagem a Londres. Às 19h30, nos Proms, tocavam Tchaikovsky e Prokofiev, a London Symphony Orchestra, dirigida pelo maestro Valery Gergiev, e o pianista russo Alexander Toradze.
O recinto estava cheio com a “nata” da sociedade britânica tradicional. Não me admira nada se me disserem que ali se encontravam verdadeiros lords and ladys. Vi senhoras e cavalheiros distintíssimos, que até óculo tinham! Enfim, ali estava a Inglaterra que todos julgamos conhecer.
O meu gajo deu o dinheiro por bem empregue, já que o concerto foi fantástico, e, no fim, ficámos junto à porta dos artistas à espera dos protagonistas da noite, juntamente com mais meia dúzia de pessoas.
Naquela noite fria, vimos distintos músicos da bem paga orquestra londrina saírem vestidos com fatos de lycra florescentes de ciclistas e desaparecerem do Royal Albert Hall, a pedalar furiosamente, com o instrumento às costas! Excentricidade britânica, talvez!
O maestro e o famoso pianista saíram finalmente. Ambos pararam para dará atenção “aos fãs”.
Alexander Toradze foi um doce. Com um look que faz com que o confundam com o actor que fazia de “chefe” do MacGyver, o músico parou para conversar com o meu gajo acerca de Portugal e do professor de piano dele e fez questão de tirar uma foto connosco, os dois, distribuindo elogios e palavras simpáticas. Depois afastou-se, juntamente com o maestro e mais algumas pessoas, a pé, desaparecendo na noite.
Eu e o meu gajo fizemos, deslumbrados, o caminho de volta ao “nosso” bairro. Para o meu namorado, aquela noite foi um verdadeiro sonho!
terça-feira, setembro 25, 2007
London 2007 (5)
O perímetro de Earl’s Court, para Sul, varia entre o deprimente e degradado e a típica paisagem de capa de disco dos Beatles. Até tirámos uma ou outra foto a atravessar a rua com as casinhas todas iguais em pano de fundo. Naquele caso particular eram casarões. Mas, até Chelsea, o nosso destino, também passámos por apartamentos de bom gosto montados em caves que nenhum português ocuparia por não conseguir ver a luz do sol.
Chegámos a Fullham Road já cansados, mas mais cinco minutos e o estádio do Chelsea surgiu do nosso lado direito.
Tudo é azul em Stamford Bridge. Azul e com cheiro a dinheiro. A primeira coisa que vimos foi o enorme hotel do clube. Mas depois há também o imponente bar “Blues”, a mega-store de merchandising e o moderníssimo “The Chealsea Club” health club.
A forrar uma das enormes paredes que ladeiam o estádio está uma foto, a perder de vista, com centenas de adeptos vestidos de azul. No meio da massa humana surge a equipa com Mourinho ao lado (assim era quando lá fomos…). Aquela foto é imponente, envolvente, arrebatadora. Faz-nos sentir mais um adepto, desejoso de vestir azul e gritar pelo clube nas cadeiras (azuis) do estádio.
Não pisámos a relva, mas fomos gastar dinheiro à mega-store, o que é basicamente a mesma coisa. É que quando saímos, de saco preto - muito fashion, tipo mochila - na mão, já sentíamos que conhecíamos os cantos à casa e tratávamos todos os elementos da equipa por tu! Resistimos à tentação de mandar gravar o nosso nome numa camiseta do clube. Isso, ali, é exequível em cinco minutos.
Saí de Stamford Bridge adepta do Chelsea e com a sensação de que, no nosso burgo, as coisas são feitas a brincar. Ainda temos TANTO para aprender em matéria de organização, sedução e conquista do público!!! Não vi NINGUÉM no estádio do Chelsea, mas, ainda assim, sinto que sei tudo o que queria saber. Fui completamente conquistada pelos Blues. (O que é que eu faço com este sentimento agora?!! LOL)
Regressámos à zona 1 do Metro num red bus de dois andares, pois claro. O almoço deu-se no “nosso bairro”, Earl’s Court. À mesa discutimos futebol… e bairros londrinos.
De alguma forma, Chelsea tinha-me desiludido. Não era nada do que eu esperava… Talvez tenhamos passado pelos sítios errados. Talvez Stamford Bridge seja longe do que deve ser visto pelos turistas em busca das ruas exultadas em canções que falam da meia-noite naquele bairro típico. O que eu vi nada tinha de típico. Jurei ir ao Google, quando regressasse a casa, para descobrir qual é, afinal, o cerne do bairro. Darei mais uma oportunidade a Chelsea. Também eu me quero apaixonar pelo seu luar...
A tarde foi bem distinta. Ninguém está preparado para ver a Pedra de Roseta ou as estátuas do Parthenon ao alcance de uma mão... Foi isso que encontrámos (sem surpresa) no British Museum.
Inspirador de muitas histórias de ficção, o enorme museu faz juz ao seu mito. É extraordinário em tudo. A arquitectura é esmagadora, de tão bela e clássica e de tão ampla e moderna. Dá para os dois tipos de gostos. É um edifício (para não destoar dos outros grandes edifícios de Londres) colossal. Mas colossal em tudo! Dentro das vitrinas tem guardadas quase todas as relíquias da humanidade.
Não vimos nem metade. Escolhemos a dedo que nos interessava e, mesmo assim, tiveram de nos pedir que abandonássemos o local porque “o museu já está fechado”…
Este é o tipo de coisa a que só damos valor depois. Impacientei-me dentro do British Museum. Estava cansada demais e fechada dentro de um edifício há demasiado tempo! No entanto, olhando para trás, nem acredito que AQUELA era A Pedra de Roseta! Que AQUELAS eram as estátuas do Parthenon!!! Enfim…
Eram 6h da tarde. Cedo demais para dar o dia por terminado.
St. Paul foi o destino óbvio. Já tínhamos escutado os sinos, vislumbrado a cúpula, mas a visita tinha de ser oficial! Tínhamos de dar a volta à catedral, sentir a sua estatura, fotografá-la de todos os ângulos. Assim fizemos. Não pudemos entrar. Fecha cedo… Mas, à sombra da sua monumentalidade, deslumbrámo-nos e… descansamos os pés.
Com as forças retemperadas, fomos até à Vestry House, símbolo da destruição de Londres durante a II Guerra Mundial e, depois, voltámos a contornar a fenomenal catedral de St. Paul para atravessar a Millenium Bridge.
O meu namorado estava estafado, mas Southwark era logo do outro lado da ponte! Ele nem se apercebeu que foi habilmente manipulado para que eu pudesse voltar ao bairro em que me sinto no ninho…
A Millenium Bridge não abana tanto quanto os ingleses dizem. Essa, se dúvidas existissem, teria sido uma das constatações. Outra foi que a luz de um pôr-do-sol londrino, no fim de um dia quente e luminoso, é única e arrebatadora. Nunca tirei fotos tão plásticas, tão “salientes”, tão bonitas… Cheguei ao “meu”bairro ao pôr-do-sol… E, novamente, o sentimento de serena e eufórica pertença caiu sobre mim.
Southwark invade-me, enche-me, preenche-me.
Debaixo do puro tom dourado deixado pelo sol que se despedia do Thames, lânguido e preguiçoso, percorri, mais uma vez, as deslumbrantes ruas empedradas, atravessei os túneis escuros e estreitos, com cheiro a humidade e a história, as praças douradas e cheias de vida. O MEU bairro continuava a acarinhar-me...
A Tate Modern, o Shakespeare Globe Theatre, o Winchester Palace, o Prison Museum, o Golden Hinde (réplica do galeão de Sir Francis Drake que, no século XVI, atracava naquela mesma doca) e, finalmente, a extraordinária Catedral de Southwark...
Não sou religiosa, mas aquela igreja fascina-me. Não parece nada um local de culto. Ao olhá-la temos a sensação de estar perante um forte, mas depois, a delicadeza e o pormenor das suas fachadas, cobertas de pequeníssimas pedras de um tom mágico entre o castanho e o violeta, leva a nossa mente a sugerir-nos que estamos perante um palacete senhorial. Mas é uma igreja. Ainda que aparentemente sem vocação, é um local de culto. E isso enternece-me. Não sei porquê.
Fiquei alguns minutos a olhá-la, a fotografá-la. Mas o meu gajo já estava farto de me aturar e nem sequer sabia deste meu absoluto entusiasmo. Para o levar até ali, tinha-lhe prometido que apanharíamos o metro em London Bridge, “a estação mais próxima”. Desisti, por ele, de ver a Hay’s Galleria (antiga doca transformada em shopping muito fashion) e de continuar o meu idílio até à Tower Bridge.
Chegámos a London Bridge quando o sol se despedia finalmente. Ignorámos a London Dundgeon e entrámos no impressionante forte de metal que era a estação.
Mais um simples jantar em Earl’s Court marcou o fim de outro dia muito cansativo.
segunda-feira, setembro 17, 2007
London 2007 (4)
O Big Bus esperava-nos para nos levar a uma série de locais que já tínhamos visto e outros que queríamos ver melhor. Baker Street, Regent Street, Picadilly, Trafalgar Square, Downing Street, Big Ben, Westminster, Waterloo Station e Tower Bridge desfilaram à frente dos nossos olhos, ainda mais bonitas do que antes. O destino era a Torre de Londres, onde apanharíamos o ferry de volta a Westminster. Preferimos ver o rio nesse sentido…
Tive pena de não entrar na Torre de Londres. Não pelas jóias da Rainha… Acho que não tenho muita pachorra para brilhantes riquíssimos por mais de cinco minutos. O meu fascínio é pela história medieval londrina. Tenho o feeling de que já lá estive, numa vida anterior ou coisa do género… Sei o que eram os calabouços mesmo sem nunca lá ter entrado e, embora me aterrorize, gostava de ter coragem para os visitar e confirmar (ou não) a imagem que tenho. Sinto que, de alguma forma, seria um regresso… Mas a quantidade de gente que lá se via e o preço dos bilhetes, aliados ao pouco tempo que ia durar o bilhete do Big Bus, fizeram-nos passar à frente dessa oportunidade, jurando que, caso tivéssemos tempo, voltaríamos. Não voltámos…
Aguardámos o barco em Tower Pier e tivemos, mais uma vez direito um espectáculo digno de ser registado: a Tower Brigde a abrir para deixar passar um veleiro. (Estávamos em cima da ponte, no dia anterior, quando o mesmo aconteceu.) Foi-nos dito que, em tempos que já lá vão, eram precisas dezenas de homens para fazer aquele trabalho. Não me surpreende, claro. Surpreende-me, sim, o engenho de fazer aquele monumento já com essa possibilidade. Fotografada a ponte em acção, do barco apinhado, pude toda a zona de Southwark.
Southwark é, provavelmente, o sítio do mundo onde eu me sinto melhor... A primeira vez que visitei aquela parte (medieval) da cidade (um ano antes), parei, aturdida, no meio da praça perto do Shakespeare Globe Theatre. O sentimento de pertença era AVASSALADOR… Inexplicável e avassalador!...
Agora via-a ao longe, na margem do rio pardacento, com a réplica de um galeão de Sir Francis Drake a chamar por mim… Como queria lá voltar! Como quero ainda e sempre! (Escrever isto deixou-me os cabelinho TODOS em pé! Mas porquê…?!!!)
Passámos pela Tate Modern, a Millenium Bridge e a London Bridge até chegarmos, novamente, a Westminster, com o London Eye a olhar-nos de cima. O lugar continuava apinhado de turistas!
Feito “o cruzeiro”, o bilhete do Big Bus tinha pedido a validade. Por isso, satisfazendo um pedido do meu gajo, rumámos a Temple de metro. A ideia era ver a misteriosa igreja templária, chamada St. Mary’s Temple Church, que ficou famosa devido à referência no “Código DaVinci”.
Vimos Temple inteiro. Não ficou viela por explorar. Perguntámos a transeuntes e consultámos TODOS os mapas. Sabíamos que estávamos perto, tão perto que de certeza se ouviriam os sinos dali (caso os tenha)! Vimos outros turistas confiantemente perdidos de mapas na mão...
Nada.
O colossal edifício dos Royal Courts of Justice? Sim, vimos! A fabulosa estátua do dragão, símbolo de Londres, a dar as boas vindas aos transeuntes à entrada de Fleet Street, a rua dos periódicos londrinos? Sim, vimos! A igreja bombardeada na II Guerra que ainda conserva os buracos das bombas… The politician´s watch… O típico e curioso bar chamado The George… Sim, vimos tudo isso! SÓ NÃO VIMOS A TEMPLE CHURCH!!!
A igreja estava inacessível naquele dia e, pelos vistos, em muitos outros dias, já que os seus horários “são tão misteriosos como os responsáveis pela sua edificação”, diz o guia da Lonely Planet!
Nós sabíamos que a igreja estava fechada. Só a queríamos ver por fora. O que nós não sabíamos que era possível isolá-la daquela maneira. É que ela fica dentro de um condomínio privado, ainda pertença de uma ordem templária, e quando está fechada, está mesmo longe dos olhares alheios, já que a sua baixa estrutura nem sequer permite vislumbrar-lhe o telhado!
…Que há ali mistério, lá isso há!!! O Dan Brown de certeza que também andou lá perdido!!!
O fim do dia aconteceu noutro sítio fenomenal: Covent Garden. Deslumbrante ao anoitecer, com os seus artistas de rua, os seus doces mercados, os bares irrepetivelmente boémios, a sua terna praça italiana... O Museu dos Transportes, a Royal Opera House, a loja da Disney, a sede dos Stomp, The Original Dr. Martens Store… Tudo cabe naquele espaço carismático londrinho como se não pudesse caber em qualquer outro lugar… Também eu me sinto bem lá.
Seguimos o rasto dos teatros até Leicester Square e terminámos o dia com um merecido jantar no “nosso” bairro, Earl’s Court.
quinta-feira, setembro 13, 2007
London 2007 (3)
sábado, setembro 08, 2007
London 2007 (2)
E nós fomos aos sítios mais apetecíveis. Saímos do hotel directinhos à zona de Westminster, para, seguindo até à Trafalgar Square, onde se situa o imponentíssimo National Gallery, chegar ao The Mall e, dali, fazer o caminho, maravilhoso, até ao Palácio de Buckingham, onde devia estar a acontecer o render da guarda.
Tudo isto fizemos. Passámos pelo N.º 10 de Downing Street, sempre bem guardado, como é possível ver – ou… não ver – na fotografia, e pelo tal imponente museu, até entrarmos no The Mall, onde nos cruzámos com os guardas rendidos, que seguimos até à Clarence House, junto ao Palácio de St. James, residência do Príncipe Carlos. Antes disto ainda tivemos tempo para descansar no plácido Parque de St. James.
Buckingham é sempre grandioso. Mas torna-se difícil vê-lo, quando à nossa volta zumbem milhares de pessoas. Para conseguir tirar uma fotografia semi-decente, tínhamos de esperar largos minutos, de máquina em riste, até não estar a passar ninguém à frente da câmara, atrás do modelo, à volta da cena... Uff! Uma canseira!
Visto, admirado e fotografado o Palácio (com a Rainha lá dentro, assim indicava a bandeira hasteada), contornámos o Parque de St. James, onde um esquilo decidiu vir indagar se tínhamos comida. E lá andou, à nossa volta, curioso, tempo suficiente para nos fazer esquecer do nosso próprio tempo e prioridades…
quinta-feira, setembro 06, 2007
London 2007 (1)
Não sei fazer um balanço. Talvez nunca saiba. Como no ano passado, sinto que muito ficou por fazer. Sinto que TENHO de voltar. Suponho que este é o maior elogio que se pode fazer a uma cidade.
Saí de Coimbra em direcção ao Aeroporto de Lisboa três dias depois do fim da greve do pessoal do handling. Naquela Quinta-feira, dia 23, o meu fantasma era que a minha mala não chegasse a Luton, onde ia aterrar… Mas chegou. Não chegou foi a Londres.
No autocarro da Greenline que apanhámos de Luton para Londres, alguém ficou com a minha mala numa das paragens anteriores à nossa. Ela viria a aparecer no dia seguinte numa estação de polícia de Covent Garden, arrombada, mas intacta e com tudo o que eu tinha levado. Mas é estranho pensar que alguma alma distante andou a remexer nas minha cuequinhas e sabe a marca dos meus pensinhos diários… YUK! ;)
A Sexta-feira foi passada entre os escritórios da Greenline, o hotel em Earl’s Court e a zona de Knightsbridge, onde, à noite iríamos a um concerto dos Proms, no Royal Albert Hall. Ah, e claro, com um saltinho à estação de polícia de Halborn, para recuperar a minha mala!
O Hyde Park. O Wellington Arch (inspirado no Arco do Triunfo francês). O Harrods, com o seu irrepetível glamour e os fantásticos chocolates comprados na loja de “take away”, porque, quando se vê Cartier’s e Tiffany’s sem preço no andar térreo do armazém, fica-se com um pouco de medo de comprar o que quer que seja lá dentro… Não vão as férias terminar por ali… O Royal College of Music, com o seu museu de instrumentos que deliciou o meu namorado. O Royal Albert Hall. Magnífico. Cheio. E com um concerto perfeito, escutado a partir de um camarote! Ah, pois é! …Mais barato do que ir ao Coliseu!
E chega, porque quem já usou o metro de Londres com frequência sabe que aquilo cansa um bocado, mesmo que seja apenas a mudar de linha! Muitas escadas, muitos andares, muitos quilómetros percorridos debaixo de chão. E gente. Muita gente. Gente de todo o lado, com todos os estilos e todas as vozes. Misturadas. Em perfeita sintonia.
A minha Londres era minha outra vez.