sexta-feira, junho 30, 2006

Será que acham que vão ser jovens para sempre?!

_ Não me leve a mal… Posso pedir-lhe um favor? – Lágrimas caíam-lhe ininterruptamente pelo rosto sulcado de rugas. – Era um favo muito grande que me fazia…
A minha mãe encolheu os ombros, desarmada. Era normal aquela velhinha precisar de ajuda para levar o lixo à rua ou pedir-lhe para lhe trazer qualquer coisa da mercearia do cimo da rua…
_ Por favor… Por favor, deixe-me dormir em sua casa por uns dias! Eles vão-se embora de férias e vão-me deixar aqui sozinha! Esta noite já não dormi só a pensar nisso! Por favor! Peço-lhe!...
A minha mãe hesitou…
_ Mas… a minha casa não tem condições para a receber condignamente…
_ Eu durmo no chão! Um cobertorzinho serve… Não me deixe dormir aqui sozinha, peço-lhe!...

O que dizer a uma velhinha que chora, nos pega na mão e nos pede ajuda? Mas a questão não é esta! É claro que não vamos deixar a senhora continuar a chorar! A verdadeira questão é: como é possível alguém a fazer chorar?!
Como é que se projecta uma viagem de férias em família e se exclui a anciã da casa? Como?!!
Dá trabalho? É aborrecida? Vagarosa? O quê?! O que é que justifica isto?! Será que todos eles acham que vão ser jovens para sempre?!

3 comentários:

Brunito disse...

Eu acho que vou!

SoNosCredita disse...

a ignorância está no facto deles (a família) nem pensarem nisso!

também não percebo como se pode ser tão desumano...

Railwayman disse...

Não sei se vais ler isto … mas cá vai, um dia o meu Avô (que morreu à 3 anos) contou-me esta história…

Uma vez um filho viu que o seu Pai já estava velho e resolveu dar resolução ao assunto como era normal naquela sociedade, pegou no velhote e meteu-o no carro, foi andando até chegar a uma floresta, então deu ao velho um cobertor e disse-lhe “Vais ficar aqui, já estás velho e és um fardo pra mim”, o velho olhou pró filho e rasgou o cobertor a meio e respondeu “Filho leva metade do cobertor, pois quando o teu filho te vier cá trazer pode não haver cobertores suficientes e eu até nem tenho assim tanto frio”…

Bela lição o meu TI Afonso me deu.

RJP