terça-feira, agosto 26, 2008

Querida pseudo-sogra

Querida pseudo-sogra:

Escrevo para lhe agradecer as férias deste ano em Lagos. Gostei muito do V. apartamento, gostei muito da cidade e também gostei muito de estar convosco esta semana. São uma família muito alegre e funcional. Nunca conheci este tipo de ambiente familiar tão saudável, pelo que venho agradecer-lhe ter-me proporcionado tal experiência.
Sinto-me, no entanto, na obrigação de alertar a minha querida pseudo-sogra para algumas situações que a minha querida pseudo-sogra parece fazer questão de ignorar…
Em primeiro lugar, tenho de lhe dizer que o seu filho NÃO É um inútil. Ele sabe lavar a louça, consegue passar uma esfregona pelo chão e, pasme-se!, parece que cozinha melhor do que eu (o que, na verdade, não deve ser muito difícil!). Sabia que foi ele que baptizou o meu vulgar fusilli com peru e natas de “Strogonoff de peru em cama de pasta”? Diga lá se não de chef…?
O que quero dizer com isto é que a minha querida pseudo-sogra já não precisa de o tratar como um bebé, cortando-lhe a frutinha ou fazendo todas as tarefas domésticas por ele. Agradeço, aliás, que não o faça, porque a querida pseudo-sogra não deve ter percebido, mas ele já espera que o trate assim e, portanto, quando a querida pseudo-sogra está por perto o seu bebé acomoda-se. Ora, isso significa problemas entre nós os dois…
Quero deixar aqui bem claro – já o tentei fazer antes, mas talvez tenha suavizado demais as palavras, porque a querida pseudo-sogra parece-me que não percebeu – que o seu bebé não arranjou outra mãe em mim. Isto é, eu não lhe vou cortar a frutinha, nem tirar as espinhas ao peixe, não vou cozinhar para ele (quando muito cozinho para os dois), nem vou fazer a faxina enquanto ele fica no sofá a ver os Jogos Olímpicos. Por isso, agradeço que, de futuro, e sempre que eu estiver presente, a querida pseudo-sogra não o encoraje a acomodar-se, fazendo todas as tarefas que devia ser ele a fazer. A querida pseudo-sogra pode não ter reparado, mas o tempo passou e o seu bebé tem quase 30 anos.
Na mesma linha de raciocínio, agradeço muito que a querida pseudo-sogra pare de me segredar receitas e formas infalíveis de “o A. Comer tudo o que se lhe põe à frente” ou de “fazer a cama do A. bem feita”. Sugiro que lhe conte, a ele, estes segredos fantásticos. Sabe?, sou talvez uma idealista incorrigível, mas sempre acreditei que a auto-suficiência é uma coisa muito bonita…
Agradeço-lhe também – porque sei que vieram do fundo do coração, pelo menos acreditando no largo sorriso com que os disse – os “elogios” que me foi fazendo. Sei que significa muito para a minha querida pseudo-sogra chamar-me de “minha norinha” e dizer que serei “uma boa dona de casa”. Mas, sabe?, a minha intenção não é nem nunca foi tornar-me sua nora nem ser boa dona de casa. Talvez a comparação seja excessiva, mas espero que assim a minha querida pseudo-sogra perceba finalmente o que quero dizer: as palavras “nora” e “dona de casa” são pregos no meu caixão. E, como sabe, eu fujo da morte…
Com isto não quero dizer que as minhas intenções para com o seu bebé não sejam honestas. O que é que pode ser mais honesto do que encorajá-lo todos os dias a encontrar uma outra jovem qualquer que não se importe de lhe cortar a frutinha ou cujo sonho seja andar de branco até ao altar?
O que quero dizer é que, na minha cabeça, quando me imagino com 50 ou 60 anos, não me vejo a tomar conta de uma cozinha para monopolizar a confecção de uma refeição para oito enquanto me queixo do que fizeram mal todos os que foram tentando fazer o mesmo ou do quanto trabalho a mais para manter a família feliz. Não me vejo a chamar as “minhas norinhas” para ajudar enquanto os meus bebés ficam sentados ou deitados no sofá (sem um pingo de vergonha!) a ver TV ou a jogar computador... Mas suponho que isso é uma questão geracional, por isso nunca discuti com a minha querida pseudo-sogra…
Aos 50 ou 60 anos, espero que as minhas preocupações ultrapassem ainda o cotão que poderá existir debaixo da cama. Espero estar a fazer a mala – com ou sem esforço – para a próxima viagem… com ou sem companhia…
Compreendo, por isso, querida pseudo-sogra, se a querida pseudo-sogra não me quiser junto de vós nas próximas férias, uma vez que esta nunca será – assumidamente! – a rapariga que a vai substituir nos cuidados que tem para com o seu bebé. Para dizer a verdade, e apesar do prazer que foi passar férias com uma família alegre e funcional, eu própria não posso garantir que quererei voltar a jogar este jogo…
Despeço-me com carinho, desejando que a minha querida pseudo-sogra consiga sempre manter a sua família unida à sua volta.

Beijinhos,

GK

quinta-feira, agosto 14, 2008

Férias Cibernéticas

Estou FINALMENTE de férias! A vista da janela é o paraíso. A areia é branca e fina e o mar tem um tom transparente de verde.
As minhas preocupações deviam centrar-se na refeição seguinte, na praia a escolher para o dia e, quando muito, nos resultados dos tugas em Pequim. Mas não…
Aqui a GK resolveu trazer o portátil e a placa Vodafone para férias… Achei que 15 dias fora do mundo eram demais…
Ora, com o portátil e a placa vieram TODAS as tarefas a que eu não consegui dar atenção em dias de stress: downloads em atraso, base de dados a preencher, fotos a arquivar, vídeos a colocar no You Tube, um manuscrito para passar para Word…
Aguentei quatro dias sem ligar o maldito. Ao fim de quatro dias o mundo voltou a entrar no meu paraíso. As noites voltaram a esticar-se até às 3h da manhã, os pequenos-almoços voltaram para a frente do ecrã e ele não voltou a desligar-se…
Os ombros subiram outra vez e a paisagem inesquecível de Lagos não consegue disfarçar os alarmes ensurdecedores do meu cérebro: ainda te falta TANTO para terminar as tarefas cibernéticas que prometeste completar no relax das férias!!!
:_(

quinta-feira, agosto 07, 2008

Assalto!!!

Ex.mos(as) Senhores(as),

A Lei n.º 22A/2007 que procede à reforma global da tributação automóvel e mais exactamente ao seu “Anexo II”, que aprova o Código do Imposto Único de Circulação (IUC), é descabida, ridícula e discriminatória. Não o afirmo em nome de nenhuma associação ou instituição (ainda!), digo-o em nome próprio, por ser uma das vítimas incauta desta lei absurda.

O texto da lei refere que “O facto gerador do imposto é constituído pela propriedade do veículo”, pelo que começo por questionar, nesse caso, o seu título. Mas o que me faz dirigir a V. Ex.as é, no meu ponto de vista, bem mais grave.

Com esta lei o Governo português não distingue automóveis usados de automóveis novos no que diz respeito aos veículos importados. O que interessa é se são matrículas novas. Ou seja, todos os veículos matriculados a partir de Julho de 2007 regem-se pelos novos valores.

Exemplo concreto: Um Peugeot 206, de 2001, importado de França e matriculado em Portugal em 2008, vai pagar de IUC 125 euros. Para o Estado português trata-se de um veículo novo, uma vez que a matrícula é nova. Um Peugeot 206, de 2001, comparado usado em Portugal paga de IUC 32 euros.


A minha questão é: porquê? Qual é a justificação para esta diferença? Por acaso os dois automóveis não entraram em Portugal da mesma maneira: pagando o Imposto Sobre Veículos? Não são os dois igualmente poluentes? Da mesma idade?

Eu comprei o referido Peugeot 206 a um importador de carros que me referiu que haveria uma diferença no IUC do meu carro por ser importado, mas essa diferença “nunca seria significativa”. Para mim, pagar pelo IUC quase QUATRO VEZES MAIS do que qualquer outra pessoa que conduz o mesmo carro que eu em Portugal É SIGNIFICATIVO E ABSURDO. E, apesar de estar na lei, não o aceito pacificamente, uma vez que se trata de um encargo ANUAL e PERMANENTE. Não importei um carro de luxo. Não sou sequer coleccionadora de clássicos. Importei um carro utilitário, normalíssimo, porque gostei mais deste do que de outros que se vendiam na altura com matrícula portuguesa.

A minha luta é agora perceber melhor a razão desta injustiça e, se possível, ter uma garantia de alguém responsável de que, em breve, esta situação seja rectificada.

Por isso mesmo, enviei este meu protesto ao Parlamento Europeu, através de uma petição, à Assembleia da República – ao seu Presidente e a todos os Grupos Parlamentares -, ao Primeiro-Ministro de Portugal, ao Ministério das Finanças e à Direcção-Geral de Impostos. Aguardo feedback.

Caso V. Ex.as considerem que este assunto tem interesse para vós, estou totalmente disponível para me associar a quem queira elevar o protesto quanto a esta questão a outro nível.

Com os meus sinceros cumprimentos,

GK