Não ando triste, nem “amarga”. Ando impaciente. Não é por dizer que me sinto presa e em espera, como sempre, que estou triste ou deprimida. Não é por avaliar a minha vida com os pés no chão e por assumir verdades, que essas verdades me abalam. Eu aguento. Estou é com pressa de viver.
Admito que andei aí uns tempos em me era difícil parar para respirar sem sentir as lágrimas à espreita. Mas já não chamo a isso “andar deprimida”. É a vida. A minha, pelo menos. Ciclicamente é simplesmente assim.
Agora ando impaciente. Deve ser este sol fresco de Inverno que me ilumina a alma com promessas ténues que tenho de correr para agarrar. E hoje corro.
Ando cheia de vontade de mudar de objectivos. Pouco a pouco, tenho concretizado aquilo a que – agora sem pressas – me proponho e isso tem sido, na verdade, uma surpresa. Sabe bem ser “certinha”, quer em tarefas a terminar, quer em dívidas a saldar. Agora anseio por outras tarefas e outras dívidas. Tenho pressa em chegar ao fim destas obrigações e arranjar novos desafios. Preciso de novidades. E, ao contrário do habitual, acredito merecê-las. Acredito que posso tê-las.
Aguardo o novo ano com expectativa. Algo está a mudar.
Mal posso esperar para poder começar a poder gastar dinheiro em mim. Para sentir que estou a tornar-me aquilo que quero ser. Por chegar ao computador e escolher um destino longínquo e ir… Preciso de ir. E, desta vez, sinto que posso ir…
And now for something completely different… Aqui fica um desafio que fui convidada a aceitar. :)
Desafio da Isa e da Yargo
1 - O desafio consiste no seguinte:
1º temos que mencionar as regras,
2º escrever uma lista de 8 coisas que sonhamos fazer,
3º desafiar 8 cobaias para responder ao desafio,
4º fazer um comentário no Blog que nos desafiou,
5º e último avisar os desafiados para que saibam que foram desafiados...
O primeiro ponto cá está, mas aviso já que não vou cumprir as regras todas!!! :)
2 - Ora, então… Oito coisas que queira fazer? Hum…
1. Viajar para um país diferente a cada dois anos, give or take, até chegar a Vancouver, no Canadá;
2. Descobrir a minha vocação e ser feliz perseguindo-a;
3. Ter um ninho próprio. A casa dos pais já não chega;
4. Publicar qualquer coisa em nome próprio (e não me refiro a notícias de jornal ou blogs. Had enough of those!);
5. Continuar a ir a MUITOS concertos, em Portugal e no estrangeiro;
6. Fazer os possíveis por me manter saudável física e emocionalmente, melhorando de dia para dia;
7. Lutar por ter sempre estabilidade financeira;
8. Saber amar quem me ama (Podia ter posto o ponto final em "Saber amar.").
Nota de rodapé - Aqui diz coisas que queremos fazer. Deduzi que são coisas que dependem de nós… Eu também gostava de ganhar o Euromilhões, mas, apesar de meter o boletim de vez em quando, isso não depende de mim…
3 – Não vou desafiar oito cobaias! Sou sempre a favor da liberdade. Quem quiser aceitar o desafio, pode fazê-lo! ;)
4 - O resto já fiz antes de escrever isto… :)
quinta-feira, novembro 27, 2008
quinta-feira, novembro 20, 2008
Tanto e tão pouco
Tanto que fazer e nada feito. Tanto para dizer e tão pouca vontade. Tanto para acreditar e nenhuma fé. Se o sol me brilha hoje, amanhã é tímido. Se me perco por caminhos desconhecidos, logo me tento encontrar. Se me encontro, procuro perder-me.
Não sei o que tenho hoje. Não me apetece pensar.
Apetece-me escrever palavras sem nexo e sem alma, para que não me conheçam mais do que eu conheço a mim própria.
E o que sei, afinal?
Sei que espero. Espero sempre. Dia após dia. Semana após semana. Espero. Espero pelo fim ou pelo princípio? Não sei. Aguardo sabê-lo também.
Não sei em que acredito nem se quero acreditar. Sei que estou cansada e que queria arrancar esta frustração de dentro de mim. Esta sombra permanente que me espreita como se eu não pudesse ter nada sem duvidar. Canso-me e luto ou penso que luto por algo melhor. Mas a sombra não me deixa. Dá-me tempo para me entusiasmar e depois volta e arranca-me a vida pela base. Volta sempre. Negra.
Canso-me de chorar e para não chorar deixo de dormir para continuar dormente. Canso-me de me queixar e quando me calo rebento de solidão. Canso-me de viver e morrer. E canso-me de esperar. De esperar sempre.
Não sei o que tenho hoje. Não me apetece pensar.
Apetece-me escrever palavras sem nexo e sem alma, para que não me conheçam mais do que eu conheço a mim própria.
E o que sei, afinal?
Sei que espero. Espero sempre. Dia após dia. Semana após semana. Espero. Espero pelo fim ou pelo princípio? Não sei. Aguardo sabê-lo também.
Não sei em que acredito nem se quero acreditar. Sei que estou cansada e que queria arrancar esta frustração de dentro de mim. Esta sombra permanente que me espreita como se eu não pudesse ter nada sem duvidar. Canso-me e luto ou penso que luto por algo melhor. Mas a sombra não me deixa. Dá-me tempo para me entusiasmar e depois volta e arranca-me a vida pela base. Volta sempre. Negra.
Canso-me de chorar e para não chorar deixo de dormir para continuar dormente. Canso-me de me queixar e quando me calo rebento de solidão. Canso-me de viver e morrer. E canso-me de esperar. De esperar sempre.
quinta-feira, novembro 13, 2008
O legado
Um dos fantasmas que mais me atormentam na vida é o que é que ando aqui a fazer, qual vai ser o meu legado, o fim da minha luta. Esta questão, para mim, está intimamente ligada ao trabalho, ao que faço 8 horas por dia, já que não sobra muito tempo para outras actividades que me preencham. Ora, ontem apercebi-me de que o que estou a fazer ainda não é o fim da minha viagem exploratória.
Entreguei a carteira profissional de jornalista e virei-me para as Relações Públicas / Assessoria de Imprensa. Não me arrependo. Mas também é verdade que, ao fim de um ano, já não acordo todos os dias à espera de desafios. E, ontem, já à tardinha, depois de um dia de sol simpático que se pôr bem em frente à vidraça da porta do meu escritório junto ao rio Mondego e deu lugar à escuridão, tive uma conversa com o meu chefe pelo Skype.
Voltámos a digladiar-nos sobre coisas básicas. Aparentemente, encaramos o meu trabalho de forma diferente: ele acha que a minha função é tráfico de influências (não é surpreendente, eu própria temi que fosse esse o dever de um RP); eu, ingénua, acho que é tornar o projecto interessante o suficiente para não ter de mover influência nenhuma. Tenho-o conseguido… Até porque não tenho influência nenhuma sobre ninguém e não quero ter. Aí reside a minha ingenuidade.
Por isso, vou ter de mudar de profissão yet again. Porque deixar de ser ingénua não quero, nem consigo.
Na mesma conversa, por brincadeira e a propósito de um evento que estamos a organizar e que envolve aviões, falámos da possibilidade de eu, um dia, vir a ter um avião. Eu, meia a brincar, meia a sério, disse-lhe que me desse 15 anos e eu teria um avião! Para o meu chefe, se isso um dia acontecesse, seria porque eu daqui a 15 anos estaria a dirigir um grande grupo de media. Para mim… A verdade é que não sei porque seria.
O que é que, na realidade, eu estou a fazer para ter um avião daqui a 15 anos?
Já cheguei à conclusão que esta profissão também não é para mim (atenção ao “também”!). Não estou a fazer nada em paralelo que me faça subir a escada social e económica… Ou antes, até estou. Mas se nessas “coisinhas” existisse talento, já alguém teria tido interesse nelas. Não lhes dedico sequer tempo suficiente (não o tenho!) para que melhorem, para que se “refinem” ou para que me dêem a satisfação que procuro.
Os arquitectos, os escritores, os músicos, os académicos… Esses deixam legado. É garantido! Com ou sem aviões ao fim de 15 anos, ficará na Terra a prova de que existiram. Perdoem-me a imodéstia, mas também eu procuro uma forma de cá ficar, de dar significado à minha vida, de deixar algo que produza um efeito no mundo ou apenas em parte dele. Não a achei ainda.
Não acredito já que o meu trabalho diário, o filme que escrevi, o livro que esbocei, ou a peça que planeio me dêem a imortalidade. Nem os cursos de teatro e de fotografia ou os de ciências forenses… Nem sequer as viagens e loucuras que faço todos os anos… Duvido vir a ter coragem de efectuar uma mudança verdadeiramente drástica de rumo e começar tudo de novo. Já não tenho fé para isso. Farto-me de lutar, recuso resignar-me, mas não tenho ainda resposta para a amiga que me pergunta incessantemente: “Estamos a ficar cotas, quando é que fazemos alguma coisa pela nossa vida?”…
…É que houve alturas em que eu tinha a certeza que estava fazer exactamente isso: algo pela minha vida!… Afinal…
Entreguei a carteira profissional de jornalista e virei-me para as Relações Públicas / Assessoria de Imprensa. Não me arrependo. Mas também é verdade que, ao fim de um ano, já não acordo todos os dias à espera de desafios. E, ontem, já à tardinha, depois de um dia de sol simpático que se pôr bem em frente à vidraça da porta do meu escritório junto ao rio Mondego e deu lugar à escuridão, tive uma conversa com o meu chefe pelo Skype.
Voltámos a digladiar-nos sobre coisas básicas. Aparentemente, encaramos o meu trabalho de forma diferente: ele acha que a minha função é tráfico de influências (não é surpreendente, eu própria temi que fosse esse o dever de um RP); eu, ingénua, acho que é tornar o projecto interessante o suficiente para não ter de mover influência nenhuma. Tenho-o conseguido… Até porque não tenho influência nenhuma sobre ninguém e não quero ter. Aí reside a minha ingenuidade.
Por isso, vou ter de mudar de profissão yet again. Porque deixar de ser ingénua não quero, nem consigo.
Na mesma conversa, por brincadeira e a propósito de um evento que estamos a organizar e que envolve aviões, falámos da possibilidade de eu, um dia, vir a ter um avião. Eu, meia a brincar, meia a sério, disse-lhe que me desse 15 anos e eu teria um avião! Para o meu chefe, se isso um dia acontecesse, seria porque eu daqui a 15 anos estaria a dirigir um grande grupo de media. Para mim… A verdade é que não sei porque seria.
O que é que, na realidade, eu estou a fazer para ter um avião daqui a 15 anos?
Já cheguei à conclusão que esta profissão também não é para mim (atenção ao “também”!). Não estou a fazer nada em paralelo que me faça subir a escada social e económica… Ou antes, até estou. Mas se nessas “coisinhas” existisse talento, já alguém teria tido interesse nelas. Não lhes dedico sequer tempo suficiente (não o tenho!) para que melhorem, para que se “refinem” ou para que me dêem a satisfação que procuro.
Os arquitectos, os escritores, os músicos, os académicos… Esses deixam legado. É garantido! Com ou sem aviões ao fim de 15 anos, ficará na Terra a prova de que existiram. Perdoem-me a imodéstia, mas também eu procuro uma forma de cá ficar, de dar significado à minha vida, de deixar algo que produza um efeito no mundo ou apenas em parte dele. Não a achei ainda.
Não acredito já que o meu trabalho diário, o filme que escrevi, o livro que esbocei, ou a peça que planeio me dêem a imortalidade. Nem os cursos de teatro e de fotografia ou os de ciências forenses… Nem sequer as viagens e loucuras que faço todos os anos… Duvido vir a ter coragem de efectuar uma mudança verdadeiramente drástica de rumo e começar tudo de novo. Já não tenho fé para isso. Farto-me de lutar, recuso resignar-me, mas não tenho ainda resposta para a amiga que me pergunta incessantemente: “Estamos a ficar cotas, quando é que fazemos alguma coisa pela nossa vida?”…
…É que houve alturas em que eu tinha a certeza que estava fazer exactamente isso: algo pela minha vida!… Afinal…
quinta-feira, novembro 06, 2008
Remains
Apesar de querer fechar este “capítulo” da minha dolorosa história com o meu pai, pelo menos no blog, sinto que tenho de fazer uma última referência ao assunto, porque acho que o devo, pelo menos a quem teve uma experiência semelhante…
A minha história está discutida, analisada, assumida. Não há muito mais a fazer a não ser enfrentá-la e esperar que algo mude, uma vez que eu já mudei. O meu pai já não me intimida, já não me assusta, já não me consegue humilhar… Mas consegue ainda magoar. E muito.
Mesmo com as coisas “resolvidas” dentro de mim (ou talvez exactamente por isso!), há uma verdade à qual eu não posso fugir: TUDO o que eu sou vem dali. TUDO.
Eu sou agressiva quando estou a defender as minhas ideias, porque só na base do conflito é que eu conseguia levar a melhor. (“A melhor” sendo fazer o que me apetece. Mas sem apoio de ninguém…)
Eu não acredito no casamento, porque nunca o vi funcionar.
Eu não quero ter filhos porque não quero dar cabo da vida de ninguém, como deram cabo da minha. E porque há sempre algo que os filhos não perdoam aos pais. E eu não conseguiria viver com isso. Muito menos com o facto de um dia de mais stress, inevitavelmente, tratar o meu puto como o meu pai me tratou a mim.
Eu sou independente, porque nunca contei com a verdadeira ajuda dos meus pais para nada.
Eu sou solitária e tenho dificuldade em pedir ajuda pelo mesmo motivo.
Eu sou desconfiada, descrente e cínica perante as coisas boas da vida, porque o meu pai me ensinou que este mundo existe para te lixar e provou-o.
Eu oscilo entre a humildade excessiva e o orgulho e a auto-confiança, porque vivi sempre com medo e, por fim, tive de aprender a reagir sozinha e conseguir coisas sozinha a acreditar que “sim, é possível” sozinha… E a ter vitórias sozinha. Isso torna-nos estupidamente orgulhosos, porque nos tornamos sólidos. Mas acabamos por não aprender a partilhar tristezas ou vitórias. E não há forma maior de solidão nem maior castigo do que não saber partilhar vitórias.
Eu, bem no fundo, acho que nunca vou ser mais do que uma miserável que nunca vai conseguir nada de bom na vida, porque o meu pai me ensinou a olhar para mim assim e acredita que quando olhamos para nós próprios e achamos que merecemos mais do que o que temos é soberba.
Quando tudo está mal, eu não penso em matar-me. Penso em fazer a mala e partir. Porque sempre sonhei desaparecer da vista do meu pai para sempre, não castigar-me sem retorno.
Claro que ele também me conseguiu transmitir bons valores.
Eu já referi que o meu pai é um bom homem. Humilde, trabalhador, moral. Sou tudo isto. E mais.
A minha história está discutida, analisada, assumida. Não há muito mais a fazer a não ser enfrentá-la e esperar que algo mude, uma vez que eu já mudei. O meu pai já não me intimida, já não me assusta, já não me consegue humilhar… Mas consegue ainda magoar. E muito.
Mesmo com as coisas “resolvidas” dentro de mim (ou talvez exactamente por isso!), há uma verdade à qual eu não posso fugir: TUDO o que eu sou vem dali. TUDO.
Eu sou agressiva quando estou a defender as minhas ideias, porque só na base do conflito é que eu conseguia levar a melhor. (“A melhor” sendo fazer o que me apetece. Mas sem apoio de ninguém…)
Eu não acredito no casamento, porque nunca o vi funcionar.
Eu não quero ter filhos porque não quero dar cabo da vida de ninguém, como deram cabo da minha. E porque há sempre algo que os filhos não perdoam aos pais. E eu não conseguiria viver com isso. Muito menos com o facto de um dia de mais stress, inevitavelmente, tratar o meu puto como o meu pai me tratou a mim.
Eu sou independente, porque nunca contei com a verdadeira ajuda dos meus pais para nada.
Eu sou solitária e tenho dificuldade em pedir ajuda pelo mesmo motivo.
Eu sou desconfiada, descrente e cínica perante as coisas boas da vida, porque o meu pai me ensinou que este mundo existe para te lixar e provou-o.
Eu oscilo entre a humildade excessiva e o orgulho e a auto-confiança, porque vivi sempre com medo e, por fim, tive de aprender a reagir sozinha e conseguir coisas sozinha a acreditar que “sim, é possível” sozinha… E a ter vitórias sozinha. Isso torna-nos estupidamente orgulhosos, porque nos tornamos sólidos. Mas acabamos por não aprender a partilhar tristezas ou vitórias. E não há forma maior de solidão nem maior castigo do que não saber partilhar vitórias.
Eu, bem no fundo, acho que nunca vou ser mais do que uma miserável que nunca vai conseguir nada de bom na vida, porque o meu pai me ensinou a olhar para mim assim e acredita que quando olhamos para nós próprios e achamos que merecemos mais do que o que temos é soberba.
Quando tudo está mal, eu não penso em matar-me. Penso em fazer a mala e partir. Porque sempre sonhei desaparecer da vista do meu pai para sempre, não castigar-me sem retorno.
Claro que ele também me conseguiu transmitir bons valores.
Eu já referi que o meu pai é um bom homem. Humilde, trabalhador, moral. Sou tudo isto. E mais.
Mas ninguém me tira da cabeça que foi ter este pai que determinou QUEM eu sou. E isso não lhe perdoo. Não lhe perdoo porque não o posso esquecer.
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