sexta-feira, setembro 11, 2009

Roma 2009 (2)








Depois de um belo pequeno-almoço (de pão rijo! O pão do dia italiano é rijo!), dirigimo-nos a todo o gás ao Coliseu! Sair da estação de Metro e dar imediatamente de caras com aquele colosso é impressionante! Mas mais impressionante é o facto de os italianos permitirem que passem três filas de trânsito encostadinhas a um monumento com 2000 anos! Isso é verdadeiramente inacreditável!
A zona estava “a bombar”. Ali acontece TUDO. Além das centenas de carros, passam dezenas de autocarros, os habituais Hop On – Hop Off e outros autocarros turísticos e até ali param as charretes que dão a volta romântica à cidade eterna. À volta do edifício, enegrecido pela poluição, milhares de turistas descansavam, faziam filas ou aguardavam guias. Parecia a reinstalação da Torre de Babel!
Antes de chegarmos às paredes do colosso, parámos para comprar um monte de postais a um vendedor ambulante de souvenirs - italiano, mas simpático (para variar!) -, que ficou muito desiludido connosco por sendo “portogheses” termos falado inglês com ele. “Ma como?” Lá nos desculpámos, dizendo que ninguém nos percebia. Mas ele parecia ser a excepção e por isso não se conformou com a resposta. E na despedida, soltou o tradicional “Mourinho! Mourinho è portoghese, no?”
Ainda a rir e mesmo antes de descobrirmos o final da fila para os bilhetes (que se revelava bem extensa àquela hora), fomos abordados por uma inglesa despachada (e sexy! A porra das inglesas são em geral sexys! Mesmo que não sejam o modelo da perfeição, como era o caso!) que nos perguntou se falávamos inglês. Ao dizermos que sim, disparou sem hesitar, com um sotaque britânico, todas as vantagens de fazermos a visita ao coliseu com um guia, sendo a maior delas o facto de escaparmos à fila. “The ticket is 12 euros. We ask you for anather 10 for the guide, but you will know everything there is to know about the coliseum. I guarantee you, you won’t regret it!” …and we didn’t!
O guia era um italiano giríssimo que falava um inglês mafioso. Parecia que estávamos a ver um filme do padrinho! Mas falava-o correctamente, tinha a lição estudada, materiais de apoio e parecia saber MUITO sobre o assunto a avaliar pelas respostas a perguntas que não constavam no programa. Pela maneira como explicou factos e curiosidades, dir-se-ia que o Coliseu ou Roma em geral era, de facto, uma das suas paixões. Por isso, a visita foi fantástica (como também o é a história do monumento em si: http://pt.wikipedia.org/wiki/Coliseu_de_Roma). Valeu totalmente a pena, até porque, à tarde, tínhamos a parte 2, com outro guia que nos levaria ao Palatino.
Sem almoçar e conscientes de que estávamos em risco de apanhar um escaldão (o protector solar foi na mala, mas não saiu dela no primeiro dia), subimos a colina do Palatino atrás de um novo guia (giríssimo também, embora num estilo mais boyish) desta vez nascido na América, mas que era um cidadão do mundo que apreciava “o regime socialista” de Itália, “um sítio fantástico, onde tudo é possível”. “There’s a holiday for everything!”, garantia sempre sorrindo.
Palácio de César, Palácio de Augusto e, o único ainda totalmente de pé (também é incomparavelmente mais recente!), o Palácio de Mussolini desfilaram diante dos nossos olhos enquanto os nossos ouvidos captavam, em pormenor, a história da cidade e os hábitos dos seus habitantes. Refrescámo-nos nas muitas fontes da colina que foi o berço de Roma, demos mimo a um gato que habitava a Casa de Augusto, percorremos o criptopórtico que Nero mandou construir para ligar os palácios ao fórum romano e descansámos à sombra da colina antes de nos dirigirmos ao Fórum.
Visto de cima, o Fórum não impressiona. Ruínas romanas há em Conímbriga, até mais bem conservadas. Mas descendo do Palatino para o Fórum e desfolhando guias para saber a que cada ruína corresponde, começam a bailar-nos na cabeça cenas do “Ben Hur” e do “Gladiador”, com as colunas dos templos e as largas vias a comporem-se em vidas reais e projectos colossais. Impressionante! A porta do templo de Romúlo está intacta, o templo de César continua a receber flores de quem o visita, as colunas do Templo de Saturno ainda impõem humildade a quem passa… Incrível.
Depois de cerca de 3 horas debaixo de sol pesado, saímos do Fórum Romano directamente para a Piazza Veneza. Imponente, o elefante branco de Roma lá estava à nossa espera. Os romanos chamam “elefante branco” ao Monumento Vittorio Emanuele II, não só porque ele é, de facto branco, mas porque o acham pomposo e demasiado grande e, para ser construído, destruíram um bairro medieval inteiro. Apesar da má impressão que o edifício construído em honra do primeiro rei da Itália unificada deixou no romano, eu, como turista e inicialmente desconhecedora da sua história, não consegui deixar de admirar a sua inigualável beleza.
Foi sentada num café, bem em frente ao referido Monumento, a ler a sua história que eu fui violentamente roubada. Ainda sem almoço, a julgar pelas fotos da ementa, escolhi uma bela sandwish de fiambre, queijo e tomate (uma coisa assinalada como típica) e um “suco” (atenção ao “suco”, que em qualquer lado quer dizer NATURAL!) de laranja. Mas paguei ONZE EUROS E NOVENTA, por uma mini-sandwish de Panrico e por um copo de tang lanranja! E com fome fiquei! Filhos da p***! Mas não vale a pena reclamar. O erro foi meu. Devia ter desconfiado. Os italianos são vigaristas!!! É IMPOSSÍVEL fazer uma previsão orçamental, porque NADA é exactamente o que parece… Enfim… Perdoem-me os italianos que são honestos, mas, pelo menos em Roma, são uma excepção DE CERTEZA!
Estafados e esfomeados (ainda!) achámos que aguentávamos mais umas voltas pela cidade e apanhámos um autocarro em direcção ao Circo Maximo. Ora bem… O Circo Máximo pode ser impressionante. Pode… se o turista tiver a capacidade de imaginar o que ele já foi. Consulte o guia da cidade e fica a saber que o Circo Máximo foi o maior estádio alguma vez construído. Eram aqui que se realizavam as corridas de charretes que aparecem no “Bem Hur” e outras atrocidades. Fica situado num vale bem ao lado do palatino, para que os imperadores tivessem nos seus palácios uma espécie de varanda sobre o local.
O problema é que o Circo Máximo já não é mais do que uma enorme extensão relvada. Os italianos, mesmo com a sua inata capacidade de ganhar dinheiro de forma duvidosa (digo isto pela amostra que tive… Again: perdoem-me os honestos!…), não conseguiram ainda “dinamizar” o local. Podiam, sei lá, colocar umas gravuras do que se imagina que era o Circo Maximo no seu auge. Podiam contar as histórias do que se lá passou, em texto, em imagens ou de forma encenada, grupos de teatro a encenar a Roma Antiga. Até podiam colocar lá charretes para os turistas darem uma volta a peso de ouro. Mas não. Nada…
Comi uma fatia de melancia sentada no passeio que ladeava o Circo Maximo. Uma coisa óptima acerca de Roma é que há montes de banquinhas de fruta na rua. Em quase qualquer local se pode comprar fruta fresca, descascada e fresquinha, pela módica quantia de um ou dois euros. Não é mais caro do que uma sobremesa em Portugal e sabe MUITO bem no meio daquele calor todo!
Retemperada as forças com a frutinha, apanhámos mais um autocarro para nos dirigirmos à Pirâmide Cestia. Ao que consta um tipo importante, chamado Caio Cestio Epulone, que viveu por volta do século 12 A.C, deixou em testamento que devia ser sepultado numa pirâmide… e fizeram-lhe a vontade! E, se Roma é a cidade do mundo com mais obeliscos egípcios, passou a ter também a sua própria pirâmide.
Achámos que ainda precisávamos de ser deslumbrados, já que a pirâmide era menos impressionante do que parecia ao ler o guia, por isso rumámos para as Termas de Caracala!
Mais uma viagemzita de autocarro e fomos dar com as termas… fechadas. Dentro das grades que circundavam parte do recinto viam-se tendas e parafernália de espectáculos, mas não se via quase ninguém. Deduzimos que havia espectáculos naquele local, quem sabe à noite… E devia ser um cenário fabuloso. É que, apesar de não termos entrado, o tamanho do edifício chegou para nos impressionar! Construídas entre 212 e 217, as Termas de Caracala podiam acolher mais de 1 500 pessoas num edifício que media 337 metros por 328 e grande parte de sua estrutura, pelos vistos, ainda se encontra conservada, sem qualquer interferência de edifícios modernos. MUITO bonito.
Completamente derreados e a duvidar se conseguíamos chegar a uma paragem de autocarro que nos levasse “a casa”, decidimos voltar ao hotel. Mas tínhamos de jantar… Cheio de medo de enjoar a pasta e o molho de tomate (acontece a TODOS os turistas ao fim de três dias), o meu gajo sugeriu uma viagem ao MacDonald’s da Praça da República, onde eu haveria de ser maltratada pela empregada (Usual!).
Mais uma piazza impressionante! A Piazza della Repubblica em Roma é preciosa. Ladeada por edifícios altos e cuidados (um dos quais é um hotel de cinco estrelas), por outras termas (estas só levavam 700 pessoas nos tempos áureos…) e com a Fontana delle Niadi (ninfas) no centro, parece um retiro. Jantámos na rua com os olhos, cansados, poisados nas ninfas de Mario Rutelli e, apesar do barulho do trânsito, a paisagem fez-nos guardar o som das águas a borbulharem na fonte. Um retiro espiritual antes de chegarmos ao santuário do nosso quarto.

3 comentários:

Nuno disse...

A descrição da tua viagem e dos sítios que visitaste está fantástica!

Beijos,
Nuno.

PB disse...

Thanks!!!
;)
Bjs

Carracinha Linda! disse...

Ao ler os relatos da viagem, quase que dá mesmo para imaginar os cenários à nossa volta.

É engraçado... tenho andado com vontade de ir a Londres (que conheci muuuuuito superficialmente numa noite quando estive numa formação em Inglaterra) e já me tinha lembrado de vir procurar os teus posts sobre a tua viagem a Londres e assim poder traçar um programa dos sítios a visitar.


Em relação a Roma (que também gostaria de visitar) já várias pessoas me tinham comentado que lá os turistas não são muito bem tratados e que também se tem que andar... muito. Mas afinal, se há tanto para visitar, tem mesmo que ser, não é?

Beijinhos