O meu mais recente projecto é pequenino, peludinho, cinzento e branco e foi abandonado na minha rua.
Vindo do nada, apareceu à minha porta pela primeira vez acompanhado de uma das minhas gatas. Dai em diante, passou a roubar comida que nós colocávamos na rua de propósito para ser roubada. Mudou-se praticamente para a “porta ao lado”. Mas era um vizinho tímido e muito ciente do seu espaço. Não deixava ninguém aproximar-se mais de dois metros.
Numa madrugada chuvosa – em que a minha falta de ocupação permanente me permitia estar ainda sentada à mesa da cozinha a ler – miou-me à porta…
A princípio nem percebi do que se tratava, mas ouvindo novamente um miado jovem do lado de fora, pensei imediatamente no peludinho abandonado. Não era a primeira vez que ele nos vinha exigir comida…
Abri a porta. Ele não fugiu. Pelo contrário, olhou para mim e voltou a miar. Decidi responder-lhe:
_Se queres entrar, entra!
E ele passou por mim e dirigiu-se aos pratos dos meus gatos sem hesitar.
Achei que a coragem demonstrada exigia uma refeição decente como recompensa, por isso aproximei-me para lhe pôr mais comida no prato. E ele escapou-se imediatamente para debaixo de uma armário.
Os meus gatos dormiam placidamente. Lá fora chovia e o frio era muito. O prato estava agora recheado. Mas o meu hóspede parecia determinado a não sair debaixo do armário enquanto eu me mexesse.
Apesar de já só e apetecer ir dormir, decidi ficar imóvel até que o bicho decidisse sair do esconderijo em direcção ao prato, apenas para lhe poder preparar uma cama no cantinho que parecia ser o seu favorito...
Resultou.
Aquela foi a primeira de muitas noites. A cama foi melhorando. A distância a que ele permitia ter companhia foi diminuindo. O tamanho dele foi aumentando (especialmente na área da barriguita!), assim como a confiança. Os toques fugidios passaram a festas breves; as festas a carícias; as carícias a colo e finalmente… a relutância desapareceu.
O Pavarotti ainda é um gato que foi abandonado na rua nas primeiras semanas de vida – vai demorar algum tempo a esquecê-lo -, mas enquanto escrevo estas linhas, ele está aninhado no meu braço, de olhos fechados, a ronronar…
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10 comentários:
...sortudo o gajo, bateu na porta certa.
como tudo na vida, 'a porta certa' também tem de ser 'encontrada', umas vezes é sorte, outras é saber, e ainda outras não é, (...)
:|
Beijoca
e lindo o teu novo gato... parabens...
Hum, faz-me lembrar o meu Teco. É também o mais recente inquilino lá de casa. Eu, que não gosto especialmente de gatos, apaixonei-me!
Bjs e boa sorte com o Pavarotti :)
Sotudo esse gatito.... é sempre bom uam companhia!!
Que o PAvarotti, faça muita companhia....
completamente apaixonado por esta historia:)
enquanto lia isso o meu pastor alemao ressona na minha cama hehehe
beijo vagabundo
O Pavarotti é um gato com muita sorte! :)
Fiquei deliciada com a história.
Ainda bem que existem pessoas como tu!
beijinhos
obrigada por isso, pelo bem que fazes!
obrigada também pela história, deliciosa...
E o teu espacinho no céu cresceu mais 6 metros quadrados...
Se fosse só o Pavarotti... LOL
Pavarotti, hehe. Que nome!!!
Mas a história é espectacular. Fizeste muito bem. O gato é lindo.
Como sabes eu adoro gatos e sempre tive gatos. Agora por acaso tenho uma gata muito maluca.
Jokinhas Gisela. E sei que esse gato vai viver muito bem a ser tratado por ti.
Jokitas.
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