terça-feira, janeiro 30, 2007

Money makes the world go around

Há uns anos fui passar um fim-de-semana com duas amigas a Vila Nova de Cerveira. Numa atitude puramente consumista, apaixonei-me perdidamente por um mealheiro em forma de hipopótamo. Era uma peça de artesanato giríssima, com direito a assinatura da autora e tudo!
Ora, eu nunca na minha vida tive um mealheiro! Em miúda, escondia as notas e moedas na gavetinha da mesinha de cabeceira e nem sequer sabia a importância do dinheiro, portanto, juntava-o, quando juntava, só porque sim. Já crescida, o dinheiro que restava na conta à ordem ao fim do mês, transitava para a poupança. Ponto final.
Não sei para que queria o mealheiro, mas comprei-o.
Em casa, ficou dentro de uma gaveta para “ir juntando umas moedas”, coisa desconhecida até então. Escusado será dizer que passaram uns meses sem qualquer moeda – tirando a inicial – cair no hipopótamo. Mas um dia lá comecei a levar aquilo a sério e passou a ser frequente meter lá as moedas de 1 e 2 euros que estavam na carteira ao fim do dia.
Era apenas uma experiência… Mas o hipopótamo lá encheu, uma e outra vez, e as moedas foram transitando para um novo mealheiro de lata, maior, que ia ficando cada vez mais pesado…
Comprei um MP3 rasco (muito rasco!) e pouco mais com aquelas moedas. Mas dava-me prazer vê-las ali, todas juntas, muitas… Moedas que eu tinha tido a disciplina de juntar. Fazia-me bem.
“Este dinheiro é para as extravagâncias!”, decidi.
MUITO pouco tempo depois desta decisão, surgiu a oportunidade de ir a Londres. E foram aquelas moedas que tornaram a viagem possível!
Depois desta extravagância fantástica o hipopótamo adquiriu uma importância especial e as moedas eram lá colocadas com uma vontade e disciplina feroz. Em seis meses juntei o que tinha juntado em todos os anos anteriores.
Decidi que estava na altura de pôr aquele dinheiro no banco. Mas não podia juntá-lo às “contas de sempre”. As minhas extravagâncias não fazem parte das contas “de sempre”.
Por puro capricho (como são todas a minhas boas decisões) fui a um banco e abri uma conta. Só depois, decidi preocupar-me a fundo com tipos de aplicação, taxas de juro, etc. E descobri que sou capaz de ter feito um investimento mais vantajoso do que aqueles que tenho tido durante toda a minha jovem vida… Uma jovem vida cuja relação com o dinheiro foi sempre muito fluida e desinteressada… LOL
Pura sorte… Capricho? Ou intuição? ;)

6 comentários:

Anónimo disse...

Sabes moça, fizeste-me lembrar uma estória antiga cá de casa.
Eu tenho duas irmãs mais velhas, não muito, na nossa infância, elas eram extremamente zelosas dos seus dinheiros, moedas oriundas de trocados de compras, pequenas gratificações dos meus tios, etc., que guardavam religiosamente nos seus porcos mealheiros de barro vermelho. Eu também tinha um, tinham-nos sido ofertados pela minha madrinha, num natal qualquer, já com umas moeditas lá dentro, para motivar aos três ‘a poupar o nosso dinheiro’, disse ela na altura.

Os das minhas irmãs iam enchendo, o meu, pelo contrário, não só não enchia, como ainda consegui tirar as moedas que lá estavam com uma faca de cozinha.

Eu, não achava justo, elas conseguirem poupar e eu não, não achava justo, os mealheiros delas pesados, e o meu não, não sei porquê, não achava justo.

Um dia forcei a pergunta, duma resposta já há muito pensada, e estrategicamente elaborada, tinha a certeza que iria dar certo.

- vocês sabem porque é que o meu mealheiro está vazio?
- porque és um grande estroina, gastas tudo em pastilhas e chocolates. Responderam as duas quase em coro.
- NÃO, porque eu gosto muito do meu porquinho, e não quero que lhe aconteça aquilo que vai acontecer aos vossos, quando ficarem cheios de dinheiro, EM PEDAÇOS, por causa do dinheiro, e é precisamente aquilo que acontece aos porquinhos vivos, são engordados e depois são mortos, para serem vendidos, tudo por causa do dinheiro, e vocês são uma “avarentas”, que só pensam em dinheiro e não têm coração.
(foi mais ou menos isto, com uma grande carga dramática)

…e deu certo, ensinei-lhes a arte da faca de cozinha, e este apelo dramático ao coração delas, foi-me generosamente gratificado, e o que para mim não passava duma tentativa de trocados fáceis, foi para as minhas manas uma lição de partilha. Os porcos mealheiros viveram bastantes anos, umas vezes mais magros outras mais gordos, o meu porém sempre o mais escanzelado.

Ainda hoje nos damos muito bem, apesar de nunca lhes ter referido que a minha única intenção naquela tarde longínqua era sacar-lhes umas massas.

:)

beijoca

Marta disse...

Sou disciplinada nas minhas contas, mas nunca nos meus mealheiros... esvazio sempre a menos de meio :)
bj

stela disse...

Nunca consegui ter essa disciplina com o meu único mealheiro! Deste-me uma ideia boa! Vou tentar pôr lá umas moedas, às vezes a vontade surge... começamos a vê-los "engordar" e sentimo-nos estimulados a continuar... :) Vou tentar...
beijinhos

Mina disse...

Pois, eu cá tenho o enorme defeito de me entusiasmar bastante com uma determinada coisa, mas quase sempre só dura o tempo da novidade... é algo a trabalhar :)
O teu é um bom exemplo!
Bjs!

Brunito disse...

Eu aposto na sorte!

(e a senhora do banco já ouviu das boas?)

SoNosCredita disse...

hmm... temos que falar!

(sobre as aplicações)

sempre tive um mealheiro, mas trata-se de um simples cofre, mais pequeno...

um dia destes tenho de comprar um porquinho ou assim! :)