segunda-feira, setembro 11, 2006

11 de Setembro...

Pensei ignorar a data. Esquecê-la… Mas quem é que consegue fazer isso neste mundo?
Não dá para ignorar. Por isso, assumo-a.
Hoje é dia 11 de Stembro! “O dia em que o mundo mudou”.
E onde estava eu a 11 de Setembro de 2001?
Sentada, em casa, a almoçar.
O noticiário do Canal 1 interrompe o alinhamento para incluir imagens de um “acidente” nos Estados Unidos… Há falta de informação. Suspeita-se que um avião chocou contra a Torre Norte do World Trade Center. Na imagem, a torre arde.
Não percebi na altura a gravidade da situação. Pensei que, lá, era cedo demais para os escritórios estarem cheios… Mas, à medida que ouvia a jornalista, percebi que estava enganada… Já os olhos não me saíam do ecrã…
Vemos, todos, um outro avião a aproximar-se. CNN e Canal 1 dizem que é da polícia… Mas é grande demais para ser da polícia… Não é da polícia!
O avião chocou contra a Torre Sul! Assim, em directo! Para o mundo ver...
O almoço já não me caiu bem.
Eu tinha de ir trabalhar, mas não conseguia tomar a decisão de deixar de ver aquilo…
Subi a rua, atrasada.
Na paragem questionava-me se aquelas pessoas de rosto fechado sabiam o que se estava a passar…
Quando saí de casa, já era claro que era um atentado terrorista. O Pentágono tinha sido atacado.
Guerra. Pensei. Estamos TODOS em guerra. Não há mínima hipótese de isto não ter resposta. E depois… respostAS…
Guerra. É a Terceira Guerra Mundial que começa aqui.
O meu cérebro congeminava vagos cenários de racionamentos e balbúrdia. Mesmo aqui, neste cantinho do mundo, as consequências seriam sentidas… Não tinha a mínima dúvida…
Lembro-me de mandar uma mensagem a uma amiga a referir isso mesmo: “Pediste-me para te avisar se a Terceira Guerra Mundial começasse porque não vês nem ouves notícias… Pois bem, sugiro que procures um rádio e o ouças… Acho que começou…”
Ela ligou-me a seguir, desconcertada. Tinha conseguido um rádio... Disse-me da torre que desmoronara…
Eu estava aturdida, dormente.
Cheguei à redacção. Todos olhavam para o ecrã, também aturdidos e dormentes.
Assim foi durante várias horas mais. Todo o dia, na verdade. Para toda a gente.
O meu chefe de redacção, que devia fazer os noticiários daquela tarde, pediu-me para o substituir e saiu. Não me lembro porquê. Mas fiquei com três noticiários, em directo, para fazer.
Fi-los. Com notícias que chegavam em catadupa. Número de vítimas. Autoria dos ataques. Discursos de responsáveis.
Lembro-me de dizer no ar que o grupo de Bin Laden recusou a autoria dos ataques… (Mas hoje ninguém se lembra disso… Estarei enganada?)
Também entrevistei o Prof. Boaventura Sousa Santos, sociólogo, que dava aulas em Nova Iorque… Estava aturdido. Ainda hoje recordo o tom baixo das nossas vozes, como lágrimas contidas... Não havia análise possível ainda… “Espero que a comunidade Nova Iorquina supere este trauma. Acho que vai superar… Mas o mundo inteiro vai sentir as repercussões…” Não era preciso um especialista para imaginar este cenário, mas este especialista era, hoje, um homem com o coração pequenino… como eu.
Chorei sozinha no estúdio mais do que uma vez. Não queria acreditar no que tinha sido cada noticiário…
Ainda não acredito.
3000 pessoas.
Guardo ainda os jornais daqueles dias. As revistas. As notícias. Gravo, ainda hoje, TODOS os documentários. Vejo os filmes. Procuro um sentido… E não o acho…

9 comentários:

Bel disse...

Um dia para nao conseguir esquecer de facto.
:(

Nilson Barcelli disse...

Não me lembro de o grupo do Bin Laden ter recusado a autoria dos ataques...
Eu estava a trabalhar e segui tudo pela rádio. Só à noite é que vi as imagens.
É natural que este acontecimento te marque bastante, já que, na altura, devias estar no início da tua profissão de jornalista.
Beijos.

Nilson Barcelli disse...

Nota:
Bastante, marca a quase todos. Mas, no teu caso, será ainda mais.

*@rclight* disse...

n existe sentido
nem o homem o consegue criar!
apenas a sua própria destruição!
o homem só é bom na arte d ferir e magoar todos á sua volta
foi o k aconteceu
um atentado do qual o mundo nunca recuperará
morte sim!
a todos akeles k perturbam o rumo da vida
e o sr bin laden é o 1º da lista

bjs

Luis Duverge disse...

O ground zero não é só o que as cameras da TV gravou ...existem outros ground zero ...outras datas a lembrar.
Um dia em que deviamos lembrar não só aqueles que pereceram ali mas ...noutros locais onde a TV não chega.
Boa semana.

Ivo disse...

Pq será que ele recusou a autria dos ataques?!

Não sei... estou como tu!! Aguardo um explicação, que pelo menos, seja mais coerente das que foram apresentadas até hoje!! Busco informação sobre o mesmo!! Enfim..... Beijos!!

Pierrot disse...

Já tenho escrito por aí sobre o 11 de Setembro, pois é algo que, como podesclacular, não passou indiferente a muita gente.
Acima do fenómeno do terrorismo, acima do choque que foi ver em directo os acontecimentos, mais do que isso provocou a nível mundial, e mais até daqueles que pereceram neste bárbaro atentado, é ouvir os relatos de quem sobreviveu, e de como isso alterou as suas vidas. Ouvir alguém dizer que lava as calças que usava nesse dia, todas as semanas, até que fiquem completamente brancas e limpas de toda as manchas que ostentavam quando foi retirada dos escombros, é de um simbolismo extremo, de alguém que jamais conseguirá dormir...
Ou então, daquele jornalista que ganhou um prémio por ter tirado uma foto de um jovem que se atirou do alto da torre norte, e a forma de homenagear esse jovem, foi ter procurado durante meses, por todos os meios, saber quem era para que a sua vida fosse conhecida por alguém que viveu e não apenas por um rosto de alguém que morreu naquele drama.
Gostei do tema.
Bjos daqui
Eugénio

SoNosCredita disse...

nesse dia acordei tarde, acho que ou com um telefonema ou com uma msg de 'alguém' a dizer-me para ligar a Tv.
se não me engano, já as duas torres estavam em chamas. não vi o tal 2º avião a chocar, em directo.

"Guerra. É a Terceira Guerra Mundial que começa aqui."
já mais ao final desse dia, também cheguei a falar sobre isso com 'alguém'.

também chorei!

mas essa experiência que tiveste, estando a trabalhar e em directo, já ninguém ta tira! :)

GK disse...

As consequências sentimo-las ainda todos os dias. Para mim, o exemplo mais claro disso foi eu ter passado apenas quatro dias em Londres e ter ouvido DEZENAS de alertas no Metro. Vi centenas de pessoas paradas numa estação à espera de nova ordem (Paradas, mesmo! Sem andar, sem se mexerem!). Tive de abandonar o Metro porque decidiram parar duas linhas devido a uma falha de comunicação. Fiquei parada na linha por causa de um problema com as portas... Enfim... Alerta PERMANENTE! Lembrança PERMANENTE! Impressionante. Já nem vou falar dos aviões, dos inquéritos idiotas e das restrições inimagináveis até aqui... E o problema é que me parece que todos os terroristas do mundo ganharam coragem para fazer mais e maior! Como é que tudo isto acabará?