quarta-feira, dezembro 08, 2010
30 Seconds To Mars - Closer To The Edge
I don't remember one moment I tried to forget,
I lost myself, is it better not said now
I'm closer to the edge
It was a thousand to one and a million to two,
Time to go down in flames and I'm taking you
Closer to the edge
No, I'm not saying I'm sorry,
One day maybe we'll meet again
No, I'm not saying I'm sorry,
One day maybe we'll meet again
NO NO NO!
(Can you, can you, can you)
Can you imagine the time when the truth ran free
The birth of a son and the death of a dream
Closer to the edge
This never ending story, paid for with pride and faith
We all fall short of glory, lost in ourselves
No, I'm not saying I'm sorry,
One day maybe we'll meet again
No, I'm not saying I'm sorry,
One day maybe we'll meet again
NO NO NO NO!
(NO NO NO NO!)
I will never forget
(NO NO!)
I will never regret
(NO NO!)
I will live my life
(NO NO NO NO!)
I will never forget
(NO NO!)
I will never regret
(NO NO!)
I will live my life
No, I'm not saying I'm sorry,
One day maybe we'll meet again
(NO NO!)
No, I'm not saying I'm sorry,
One day maybe we'll meet again
(NO NO NO NO!)
Closer to the egde,
Closer to the edge
NO NO NO NO!
Closer to the egde,
Closer to the edge
NO NO NO NO!
Closer to the edge
quarta-feira, setembro 29, 2010
“Sheila”, “Maria”, “Rosa” e eu
_ Há muita mulhé bunita em Portugau, filho. Aposto qui você vai encontrá a minina certa aqui.
A conversa decorria no maior Centro de Saúde da cidade, à porta da especialidade de Oftalmologia. Bruno tem 6 anos e começou a frequentar a escola em Portugal há 15 dias. Vê como uma águia, mas precisa de corrigir a vista. A mãe, brasileira, mineira, mestiça, gasta pelos anos e por uma trombose numa idade jovem, aturava com paciência as perguntas inesgotáveis do menino.
_ Ele deixou uma lista enorrme di mininas no Brasil. Prometeu pra todais que ais trazia prá Pórrtugau.
_ Só prometi prá uma, viu! – Ralhou, genuinamente zangado, o menino. A mãe insistiu. Havia muitas mulheres bonitas em Portugal…
_ Ou então, você vai buscá sua mulher nu Brasiu, iguau à seu pai.
“Sheila” (ou “Gislene” ou “Cassandra” ou o que for) casou com um português que a foi “buscar ao Brasil”. Desse amor nasceram três filhos. O mais velho já andava na Universidade quando ela teve a trombose que a debilitou irremediavelmente. Com corpo e mente ainda em forma, “Sheila” ficou com o lado esquerdo totalmente afectado. Agora coxeia e tem uma mão defeituosa.
_ Ele acabou não si interessando mais porr mim. – Revelou mais à frente na conversa, em tom neutro e adulto, quando explicava a razão da sua “deficiência”, como lhe chama, e como voltou para o Brasil com um menino de um ano e meio para começar a vida novamente sozinha, deixando dois filhos mais crescidos com os avós paternos, por quererem continuar a estudar em Portugal. – Homem é mesmo assim, num é? Gosta de você quando você é jovem e bonita. Doença não entra na equação.
“Maria” (ou “Gertrudes” ou “Conceição”), 73 anos, portuguesa, tesa, católica, mulher do campo, que trouxe o marido à consulta porque “ele nem queixar-se sabe, tenho de ser eu a fazer tudo por ele… mas é a mim que ele me chama analfabeta… é que eu não sei ler, sabe?” – tinha-me confessado meia hora antes, na fila do atendimento – aproveita para suspirar. Sentada directamente à frente de “Sheila”, chega-se à frente na cadeira e sussurra como se o marido não a pudesse ouvir:
_ É verdade, é. Uma vez senti-me mal durante a noite. Ele acordou, percebeu, mas nem se levantou da cama. – O marido, se ouviu, não o demonstrou.
Bruno continuou a fazer tropelias. Sempre correcto e educado, demonstrava uma força de carácter e uma inteligência invulgares para na idade. Mostrou-se chocado quando a mãe lhe revelou que era tripeiro (“Você e seu irrmão Filipe nasceram no Porrto, sim. Nasceu no Porrto, é tripêro!”). O menino não gostou do termo.
_ Eu sou porrtuguês, mais num sou tripêro, não!
Mas gosta dos Dragões e do hino português, que cantava todos os dias na escola, no Brasil, e que passavam propositadamente por ele “ser estrangeiro” logo a seguir ao hino brasileiro, que também sabe de cor. Cantou, com esmero, "A Portuguesa" para todos os presentes ouvirem.
“Rosa” (ou “Júlia” ou “Filomena”), na casa dos 50, ainda bonita, sóbria, calada, sentou-se já a meio da complicada história de vida da brasileira. Emocionou-se a ver o menino cantar o hino e continuou a olhá-lo com carinho, embora pouco tenha participado na conversa.
“Sheila” contou como foi difícil descobrir que estava grávida poucos meses depois da sua trombose. Como chorou com o veredicto de que o menino poderia nascer “com problemas”. Como, com o fim do casamento, foi para o Brasil com um filho de ano e meio nos braços e, “mesmo doentchi, consigui providenciá para eles”. “Rosa” quis saber “porque voltou”.
_ Meus sogros. Eles me trouxeram dgi volta. Nunca se conformaram que eu tivesse ido.
_ Bons sogros. Tem uns bons sogros – Disse “Rosa” num tom sincero e triste.
_ Eles sabem que o filho num mi merece. Eu e o pai deles vivemos na mesma casa, mas em andares dgiferentes. Eu num com meu filhos e ele noutro com os pais dele. Falamos, para o bem dos meninos, mas nada mais. Mas os avós… Meus filhos são loucos pelos avós!
Como num filme, em que o actor principal dá a deixa certa, um homem encorpado, de cabelo branco, distinto, chegou à pequena sala de espera. Bruno saltou-lhe para o pescoço com um grito e “Sheila” apresentou-o com familiaridade e um sorriso:
- Aí está, o avô. Meu sogro.
O tratamento entre os três era respeitoso e carinhoso. O menino “atacou”o avô com brincadeiras atrevidas e o velhote respondeu com uma paciência infinita. “Sheila” brincou, dizendo que agora que o sogro tinha chegado podia descansar das perguntas constantes do filho. “Maria” deliciava-se com a paciência e o carinho do ancião, perante a passividade do marido. E “Rosa” - vi eu - olhava a cena discretamente, mas com os olhos húmidos de lágrimas...
E eu, sentada, à espera da consulta de Oftalmologia no maior Centro de Saúde da cidade, cansada de uma noite mal dormida e dormente pela luz jovem do sol que espreitava pela janela e pela voz constante do doce Bruno, que penteava agora o avô com um carrinho de brincar, pensei de forma fugidia... que outras mágoas esconderiam aquelas mulheres…?
A conversa decorria no maior Centro de Saúde da cidade, à porta da especialidade de Oftalmologia. Bruno tem 6 anos e começou a frequentar a escola em Portugal há 15 dias. Vê como uma águia, mas precisa de corrigir a vista. A mãe, brasileira, mineira, mestiça, gasta pelos anos e por uma trombose numa idade jovem, aturava com paciência as perguntas inesgotáveis do menino.
_ Ele deixou uma lista enorrme di mininas no Brasil. Prometeu pra todais que ais trazia prá Pórrtugau.
_ Só prometi prá uma, viu! – Ralhou, genuinamente zangado, o menino. A mãe insistiu. Havia muitas mulheres bonitas em Portugal…
_ Ou então, você vai buscá sua mulher nu Brasiu, iguau à seu pai.
“Sheila” (ou “Gislene” ou “Cassandra” ou o que for) casou com um português que a foi “buscar ao Brasil”. Desse amor nasceram três filhos. O mais velho já andava na Universidade quando ela teve a trombose que a debilitou irremediavelmente. Com corpo e mente ainda em forma, “Sheila” ficou com o lado esquerdo totalmente afectado. Agora coxeia e tem uma mão defeituosa.
_ Ele acabou não si interessando mais porr mim. – Revelou mais à frente na conversa, em tom neutro e adulto, quando explicava a razão da sua “deficiência”, como lhe chama, e como voltou para o Brasil com um menino de um ano e meio para começar a vida novamente sozinha, deixando dois filhos mais crescidos com os avós paternos, por quererem continuar a estudar em Portugal. – Homem é mesmo assim, num é? Gosta de você quando você é jovem e bonita. Doença não entra na equação.
“Maria” (ou “Gertrudes” ou “Conceição”), 73 anos, portuguesa, tesa, católica, mulher do campo, que trouxe o marido à consulta porque “ele nem queixar-se sabe, tenho de ser eu a fazer tudo por ele… mas é a mim que ele me chama analfabeta… é que eu não sei ler, sabe?” – tinha-me confessado meia hora antes, na fila do atendimento – aproveita para suspirar. Sentada directamente à frente de “Sheila”, chega-se à frente na cadeira e sussurra como se o marido não a pudesse ouvir:
_ É verdade, é. Uma vez senti-me mal durante a noite. Ele acordou, percebeu, mas nem se levantou da cama. – O marido, se ouviu, não o demonstrou.
Bruno continuou a fazer tropelias. Sempre correcto e educado, demonstrava uma força de carácter e uma inteligência invulgares para na idade. Mostrou-se chocado quando a mãe lhe revelou que era tripeiro (“Você e seu irrmão Filipe nasceram no Porrto, sim. Nasceu no Porrto, é tripêro!”). O menino não gostou do termo.
_ Eu sou porrtuguês, mais num sou tripêro, não!
Mas gosta dos Dragões e do hino português, que cantava todos os dias na escola, no Brasil, e que passavam propositadamente por ele “ser estrangeiro” logo a seguir ao hino brasileiro, que também sabe de cor. Cantou, com esmero, "A Portuguesa" para todos os presentes ouvirem.
“Rosa” (ou “Júlia” ou “Filomena”), na casa dos 50, ainda bonita, sóbria, calada, sentou-se já a meio da complicada história de vida da brasileira. Emocionou-se a ver o menino cantar o hino e continuou a olhá-lo com carinho, embora pouco tenha participado na conversa.
“Sheila” contou como foi difícil descobrir que estava grávida poucos meses depois da sua trombose. Como chorou com o veredicto de que o menino poderia nascer “com problemas”. Como, com o fim do casamento, foi para o Brasil com um filho de ano e meio nos braços e, “mesmo doentchi, consigui providenciá para eles”. “Rosa” quis saber “porque voltou”.
_ Meus sogros. Eles me trouxeram dgi volta. Nunca se conformaram que eu tivesse ido.
_ Bons sogros. Tem uns bons sogros – Disse “Rosa” num tom sincero e triste.
_ Eles sabem que o filho num mi merece. Eu e o pai deles vivemos na mesma casa, mas em andares dgiferentes. Eu num com meu filhos e ele noutro com os pais dele. Falamos, para o bem dos meninos, mas nada mais. Mas os avós… Meus filhos são loucos pelos avós!
Como num filme, em que o actor principal dá a deixa certa, um homem encorpado, de cabelo branco, distinto, chegou à pequena sala de espera. Bruno saltou-lhe para o pescoço com um grito e “Sheila” apresentou-o com familiaridade e um sorriso:
- Aí está, o avô. Meu sogro.
O tratamento entre os três era respeitoso e carinhoso. O menino “atacou”o avô com brincadeiras atrevidas e o velhote respondeu com uma paciência infinita. “Sheila” brincou, dizendo que agora que o sogro tinha chegado podia descansar das perguntas constantes do filho. “Maria” deliciava-se com a paciência e o carinho do ancião, perante a passividade do marido. E “Rosa” - vi eu - olhava a cena discretamente, mas com os olhos húmidos de lágrimas...
E eu, sentada, à espera da consulta de Oftalmologia no maior Centro de Saúde da cidade, cansada de uma noite mal dormida e dormente pela luz jovem do sol que espreitava pela janela e pela voz constante do doce Bruno, que penteava agora o avô com um carrinho de brincar, pensei de forma fugidia... que outras mágoas esconderiam aquelas mulheres…?
sexta-feira, setembro 24, 2010
Desaparecida
Andei desaparecida. Cansei-me de me expor. Cansei-me de procurar aprovação. Cansei-me de pedir solidariedade. Cansei-me de analisar, de dar opiniões, de procurar consensos. Desapareci.
Depois de um período de reclusão, acho que me encontrei.
Não sinto falta de me expor, mas sinto falta de escrever. Sinto que já não o sei fazer como antes… Mas, se voltar aqui, este blog volta a tornar-se uma obrigação e não um refúgio.
Não sei o que vou escolher…
Depois de um período de reclusão, acho que me encontrei.
Não sinto falta de me expor, mas sinto falta de escrever. Sinto que já não o sei fazer como antes… Mas, se voltar aqui, este blog volta a tornar-se uma obrigação e não um refúgio.
Não sei o que vou escolher…
quinta-feira, abril 08, 2010
quarta-feira, janeiro 06, 2010
A revista
Ex.mo senhor Hélder Freire Costa,
Produtor da revista “Agarra que é Honesto”,
Tive oportunidade de ver a revista “Agarra Que É Honesto” no Maria Vitória em Outubro passado. Foi a primeira vez que fui ao Parque Mayer e (tenho vergonha de o dizer, mas) foi a primeira vez que fui à revista. Para alguém que se interessa pela nobre arte do teatro em geral e pelo que é português em particular, reconheço que esta visita tardia ao género é uma nódoa no currículo da qual me penitenciarei para sempre… Em minha defesa, conto apenas que vi todos os episódios da “Grande Noite” e todas as revistas que conseguiram ter emissão televisiva… Tenho 31 anos e sempre tive um enormíssimo respeito pela revista.
Começo por dar os parabéns a toda a equipa pelo que vi. Os actores (uma ovação de pé para os magníficos Heitor Humberto, Vera Mónica e Joana Alvarenga!), os cantores (palmas para a sempre extraordinária Vanessa), os bailarinos (a homenagem ao Michael Jackson devia ser gravada e colocada no YouTube para que o mundo inteiro a pudesse ver! Excelente!), a coreografia, o guarda roupa, a música, os músicos… TODOS estão de parabéns! Acho que é um espectáculo muito, muito, muito bem produzido e que merecia o respeito e a reverência do público português, especialmente aquele que foi induzido a acreditar que a revista está morta.
Claramente a revista não está morta.
É um género teatral onde (como em tudo o que é teatro) o trigo se separa do joio no que diz respeito a actores, onde há uma dose generosa de glamour à portuguesa e onde se faz a - cada vez mais necessária e menos bem feita - crítica social. Devia ser defendida, apoiada, exaltada. Saí do Parque Mayer sem a menor dúvida sobre isso!
Durante meses debati-me com a ideia de enviar este e-mail. Aqui pretendo dizer um sentido “MUITO OBRIGADA”. Mas também não resisto ao impulso de dar algumas sugestões…
Com todo o respeito que me merecem o GRANDE (grande, grande!) Francisco Nicholson e o jovem talento (um grande talento!) da comédia João Quadros, que fizeram um trabalho de louvar, sinto-me obrigada a juntar a minha voz às de alguns actores de revista que por aí vão deixando apelos para que… se modernize a revista!
Quando se fala em modernizar, fala-se em manter a essência. Não se fala em destruir nada do que todos gostamos na revista.
É necessário mostrar as pernas das bailarinas? Sim, claro, ou não seria uma revista. Mas então, mostre-se também uns peitos torneados de uns bailarinos, porque a sociedade já não se contenta com sexismos. Tem de haver um grande tema sobre uma novela? De certeza? Porquê novela? Já não se vêem novelas de forma tão unânime como antigamente. Então, porque não substituí-lo por uma sátira a uma série televisiva internacional de grande audiência, que mesmo os que não vêem reconhecem…?
Para viver folgada e feliz, mais do que para sobreviver, a revista tem de ser vendida não só aos portugueses, mas também aos estrangeiros. Com pequeníssimos ajustes e o investimento num equipamento de tradução, isso é possível! É caro? Sim, é. Mas se se vender a revista aos estrangeiros, os patrocínios chegam mais facilmente do que vender um produto que todos acham que está moribundo! O La Féria disse no Verão passado aos quatro ventos que a “Piaf” era traduzida para inglês. Não era. Aquilo não era uma tradução. Era um mero indicador de cenas. Dez ou doze frases a contextualizar a acção durante todo o espectáculo. Mesmo assim, o Politeama, na noite em que lá estive, estava cheio de turistas!!!
Façam a experiência.
Num Verão - e só num único Verão, se quiserem – anunciem uma revista “internacional”: adaptem os textos á realidade global (ainda há outra?); brinquem com o Obama e o Sarkosy, mais do que com o Manuel e o Joaquim; satirizem o “Dr. House” ou o Horacio Caine do “CSI Miami” em vez do “Caminho das Índias” ou do “Perfeito Coração”; coloquem bailarinos e bailarinas igualmente glamourosos; falem de ecologia e da fome em África; mantenham a homenagem ao Michael Jackson, façam outra ao Patrick Swaze ou a quem morrer entretanto (perdoem a morbidez!); continuem a apostar nos novos talentos da comédia para escreverem os textos (que tal um Nilton?) e TRADUZAM-NA! Promovam-na no Turismo e nos hotéis de Lisboa e, se houver dinheiro, na TV do metro e na RTP2.
Façam a experiência.
Quem sou eu para vos dar conselhos? Ninguém! Sou uma mera espectadora interessada, que o Sr. Hélder Freire Costa pode considerar uma pateta e ignorar sem olhar para trás. Percebê-lo-ia e, desde já lhe digo, que, da minha parte, está perdoado se o fizer. Mas acredite, pelo menos, que gosto da revista e do Parque Mayer e que nada me faria mais orgulhosa do que ter razão no que vos digo. Não por uma questão ego, mas pela felicidade de ver os jovens a voltar ao teatro e a gostar de ver este género tão português, em vez de o desvalorizarem.
Com os meus sinceros cumprimentos cheios de respeito,
GK
PS – Se decidirem inovar e eu tiver razão, convidam-me para o espectáculo? ;)
Produtor da revista “Agarra que é Honesto”,
Tive oportunidade de ver a revista “Agarra Que É Honesto” no Maria Vitória em Outubro passado. Foi a primeira vez que fui ao Parque Mayer e (tenho vergonha de o dizer, mas) foi a primeira vez que fui à revista. Para alguém que se interessa pela nobre arte do teatro em geral e pelo que é português em particular, reconheço que esta visita tardia ao género é uma nódoa no currículo da qual me penitenciarei para sempre… Em minha defesa, conto apenas que vi todos os episódios da “Grande Noite” e todas as revistas que conseguiram ter emissão televisiva… Tenho 31 anos e sempre tive um enormíssimo respeito pela revista.
Começo por dar os parabéns a toda a equipa pelo que vi. Os actores (uma ovação de pé para os magníficos Heitor Humberto, Vera Mónica e Joana Alvarenga!), os cantores (palmas para a sempre extraordinária Vanessa), os bailarinos (a homenagem ao Michael Jackson devia ser gravada e colocada no YouTube para que o mundo inteiro a pudesse ver! Excelente!), a coreografia, o guarda roupa, a música, os músicos… TODOS estão de parabéns! Acho que é um espectáculo muito, muito, muito bem produzido e que merecia o respeito e a reverência do público português, especialmente aquele que foi induzido a acreditar que a revista está morta.
Claramente a revista não está morta.
É um género teatral onde (como em tudo o que é teatro) o trigo se separa do joio no que diz respeito a actores, onde há uma dose generosa de glamour à portuguesa e onde se faz a - cada vez mais necessária e menos bem feita - crítica social. Devia ser defendida, apoiada, exaltada. Saí do Parque Mayer sem a menor dúvida sobre isso!
Durante meses debati-me com a ideia de enviar este e-mail. Aqui pretendo dizer um sentido “MUITO OBRIGADA”. Mas também não resisto ao impulso de dar algumas sugestões…
Com todo o respeito que me merecem o GRANDE (grande, grande!) Francisco Nicholson e o jovem talento (um grande talento!) da comédia João Quadros, que fizeram um trabalho de louvar, sinto-me obrigada a juntar a minha voz às de alguns actores de revista que por aí vão deixando apelos para que… se modernize a revista!
Quando se fala em modernizar, fala-se em manter a essência. Não se fala em destruir nada do que todos gostamos na revista.
É necessário mostrar as pernas das bailarinas? Sim, claro, ou não seria uma revista. Mas então, mostre-se também uns peitos torneados de uns bailarinos, porque a sociedade já não se contenta com sexismos. Tem de haver um grande tema sobre uma novela? De certeza? Porquê novela? Já não se vêem novelas de forma tão unânime como antigamente. Então, porque não substituí-lo por uma sátira a uma série televisiva internacional de grande audiência, que mesmo os que não vêem reconhecem…?
Para viver folgada e feliz, mais do que para sobreviver, a revista tem de ser vendida não só aos portugueses, mas também aos estrangeiros. Com pequeníssimos ajustes e o investimento num equipamento de tradução, isso é possível! É caro? Sim, é. Mas se se vender a revista aos estrangeiros, os patrocínios chegam mais facilmente do que vender um produto que todos acham que está moribundo! O La Féria disse no Verão passado aos quatro ventos que a “Piaf” era traduzida para inglês. Não era. Aquilo não era uma tradução. Era um mero indicador de cenas. Dez ou doze frases a contextualizar a acção durante todo o espectáculo. Mesmo assim, o Politeama, na noite em que lá estive, estava cheio de turistas!!!
Façam a experiência.
Num Verão - e só num único Verão, se quiserem – anunciem uma revista “internacional”: adaptem os textos á realidade global (ainda há outra?); brinquem com o Obama e o Sarkosy, mais do que com o Manuel e o Joaquim; satirizem o “Dr. House” ou o Horacio Caine do “CSI Miami” em vez do “Caminho das Índias” ou do “Perfeito Coração”; coloquem bailarinos e bailarinas igualmente glamourosos; falem de ecologia e da fome em África; mantenham a homenagem ao Michael Jackson, façam outra ao Patrick Swaze ou a quem morrer entretanto (perdoem a morbidez!); continuem a apostar nos novos talentos da comédia para escreverem os textos (que tal um Nilton?) e TRADUZAM-NA! Promovam-na no Turismo e nos hotéis de Lisboa e, se houver dinheiro, na TV do metro e na RTP2.
Façam a experiência.
Quem sou eu para vos dar conselhos? Ninguém! Sou uma mera espectadora interessada, que o Sr. Hélder Freire Costa pode considerar uma pateta e ignorar sem olhar para trás. Percebê-lo-ia e, desde já lhe digo, que, da minha parte, está perdoado se o fizer. Mas acredite, pelo menos, que gosto da revista e do Parque Mayer e que nada me faria mais orgulhosa do que ter razão no que vos digo. Não por uma questão ego, mas pela felicidade de ver os jovens a voltar ao teatro e a gostar de ver este género tão português, em vez de o desvalorizarem.
Com os meus sinceros cumprimentos cheios de respeito,
GK
PS – Se decidirem inovar e eu tiver razão, convidam-me para o espectáculo? ;)
Subscrever:
Mensagens (Atom)