quarta-feira, novembro 11, 2009

Roma 2009 (8)








No penúltimo dia que passámos em Roma, já não tínhamos imaginação para muita coisa… Ou antes, o que ficava por ver era ainda TANTO, que onde íamos naquele dia não tinha grande relevância. O meu gajo já não falava de tanto cansaço e arrastava-se pelas ruas e eu estava a entrar num perigoso período de mau feitio. (Nota para o futuro: Lembrar que a exaustão me leva ao delírio!)
Arrastei o meu gajo até à Basílica de San Giovanni in Laterano (http://en.wikipedia.org/wiki/Basilica_of_St._John_Lateran) basicamente porque o bilhete do Vaticano nos dava direito a visitar o museu lá existente, que tem um famosíssimo baptistério, onde, conta a lenda, o imperador Constantino foi baptizado… Ele parece que não foi baptizado ali, mas aquele foi durante muito tempo o único baptistério de Roma e modelo para muitos outros. Só que os horários do museu são bastante estranhos e, portanto, acabámos por não ver baptistério nenhum! Mas vimos a basílica! E que basílica!
A Basílica de San Giovanni in Laterano é a catedral de Roma, ou seja, é a “casa” do Bispo de Roma… que é o Papa! Confusos? Então lembrem-se de que o Vaticano é um Estado independente. Assim, já dá para perceber que, lá por estar tão perto de São Pedro, uma coisa não anula a outra… Embora nesta igreja também seja o Papa que dá a missa... Mas adiante!
A Basílica de San Giovanni in Laterano é absolutamente colossal (onde é que eu já ouvi isto…?). Os tectos, as estátuas, as enormes capelas, o órgão de tubos e, claro, o trono papal em destaque no fundo da nave principal… tudo é digno de monarcas! Só ficar junto à porta faz-nos sentir formiguinhas pequeninas. Tem estátuas gigantes dos 12 apóstolos esculpidas por alguns dos escultores mais importantes da época barroca e vários túmulos papais. Tudo, como é habitual em Roma, com a marca de obra de arte extraordinária!
Foi durante o período do Papado de Avignon que a Basílica de San Giovanni in Laterano e o palácio com o mesmo nome entraram em declínio. Tendo funcionado como residência de papas até àquela época, a mudança para França, deixou o património à sua sorte. E, no regresso do papado a Roma, o local foi considerado indigno para acolher o chefe máximo da Igreja Católica devido aos estragos acumulados. Até à construção do Palácio do Vaticano, os papas viveram nas Basílicas de Santa Maria in Transtevere e di Santa Maria Maggiore. A reconstrução foi finalizada em 1735.
Ao lado da basílica está uma atracção turística ainda maior… Embora nós não a tenhamos conseguido achar… achámos o edifício, mas não a famosa “Escada Santa”! Diz-se que, naquele local, estão as escadas de mármore do palácio de Pôncio Pilates que Jesus Cristo terá pisado em Jerusalém aquando da sua Paixão. A transladação da escadaria para Roma terá sido da responsabilidade da mãe do Imperador Constantino I. Na Páscoa, o Papa celebra a missa na Basílica e os fiéis sobem as escadas de joelhos.
Já com umas 60 fotos da Igreja e arredores e cheios de mau humor, almoçámos (mal!) numa pizzaria take away. Depois, a custo, apanhámos um autocarro para um dos sítios que o meu gajo queria ver desde início: o Estádio Olímpico de Roma!
O guia nada dizia sobre aquele que, sabemos agora, é chamado de Stadio dei Marmi. Inaugurado em 1932, fica situado no Foro Italico, um complexo desportivo construído entre 1928 e 1938 e inspirado pelos fóruns romanos. O seu desenho é apontado como uma das primeiras marcas da arquitectura fascista instituída por Benito Mussolini.
De facto, foi com a marca do Duce em paredes e passeios que fizemos o caminho desde a estrada onde o autocarro nos deixou, até ao arvoredo que cerca o estádio novo, inaugurado em 1990, para o Campeonato mundial de Futebol. Aí, depois de fotografado o estádio (com algumas semelhanças aos novo Wembley), que parecia abandonado, deitámos a descansar nos bancos de jardim. Terminado o descanso e, sem dúvida, com um humor mais consentâneo com a época de férias, aventurámo-nos a explorar as redondezas. E, ao lado do novo, lá estava ele: o Stadio dei Marmi.
Incrível! Vazio e imponente. À frente dos nossos olhos tínhamos um relvado enorme, com bancadas em volta e, no topo das bancadas, a toda a volta, dezenas de estátuas em mármore! Cada uma (são 59) foi, pelos vistos, oferecida por uma província italiana. E umas tinham sido mutiladas, outras não… Ou seja, umas eram nus e tinham os pénis intactos, outras tinham os membros coberto com parras… Vá-se lá saber qual o motivo da descriminação!
Passámos bastante tempo no Stadio dei Marmi. Parecia-nos difícil imaginar que, em pleno século XX, alguém tinha conseguido reproduzir um pouco da grandeza do império romano! Sentámo-nos nas bancadas, explorámos a tribuna de honra - onde vimos, fechados, os túneis que levariam Mussolini ao interior de algum edifício – descemos até à pista de tartan, percorremos o túnel de entrada e, à despedida, fotografámos mais um pouco.
Era ainda cedo, quando saímos do Foro Italico. Por isso, apesar de o cansaço nos aconselhar a ir simplesmente dormir, rumámos a outra parte da cidade ainda inexplorada: o Campo di Fiori. Em caminho (é perto da Piazza Navona), admirámos finalmente de perto o Largo Argentina (http://en.wikipedia.org/wiki/Largo_di_Torre_Argentina), que alberga os restos de quatro templos romanos e do Teatro de Pompeia, em cujos degraus Júlio César foi morto. Outra curiosidade acerca do Largo Argentina é que é um santuário de gatos abandonados. Nas ruínas, é possível ver dezenas de gatos de todas as raças. Lindos!
O Campo di Fiori é o local onde se realiza, todas as manhãs, desde 1869 um mercado de frescos. Vegetais, flores e peixe fresco vendem-se ali para gáudio dos turistas. Obviamente, nós chagámos ao fim da tarde… quando já não havia mercado. Mas os cafés, as esplanadas e as fontes estavam cheios de gente na mesma.
Logo ao lado, na Piazza Farnese, aparece-nos um edifício imponente chamado Palazzo Farnese (http://en.wikipedia.org/wiki/Palazzo_Farnese,_Rome), que funciona como embaixada da França em Itália. Ora, contava o guia (e contavam também os mostradores que estavam junto à porta da embaixada) que o palácio data de 1515 e foi mandado construir por Alessandro Farnese, um cardial ordenado aos 25 anos - graças à sua irmã, amante oficial do Papa Alexandre VI (Borgia) – que veio a tornar-se o Papa Paul III. E contava o guia (e os mostradores que estavam à porta da embaixada) que Michelangelo redesenhou todo o terceiro andar do edifício. Lá dentro, há frescos do famoso pintor, escultor, arquitecto, poeta e engenheiro renascentista.
Foi sentados nos bancos de pedra que ladeiam a fachada do palácio que ligámos á família a dizer a que horas chegaríamos a casa no dia seguinte. E foi lá, que, já o sol se tinha posto, decidimos dar o dia por terminado e regressar à zona do Vaticano para jantar e ir dormir.

3 comentários:

The Star disse...

Mas quantos anos estiveste tu em Roma? ;)
Tanta foto e tão bonitas!!!

Lu.a disse...

Isso é que foram umas férias!!! o.O

Pisces Girl disse...

Hmmmm... Estou a ver que o tempo que vocês passaram em Roma foi muito bem aproveitado. ;o)

Um beijinho grande,

Pisces Girl.