quarta-feira, novembro 25, 2009

Late Night - Especial - Bon Jovi fãs


Apresentação do DVD "LIVE AT MADISON SQUARE GARDEN”
Dia 29 de Novembro - 23H
FNAC Colombo

A Fnac Colombo e a Universal Music Portugal prepararam uma noite especial para os fãs dos Bon Jovi:

Visionamento exclusivo do DVD “LIVE AT MADISON SQUARE GARDEN” e a possibilidade de o adquirirem em primeira-mão, logo a partir da meia-noite.

“Live at the Madison Square Garden” é o culminar da digressão 2008 Lost Highway World Tour. Perante uma audiência extasiada a banda executou alguns dos maiores êxitos da sua carreira como “Have A Nice Day”, “Always”, “Wanted Dead Or Alive” ou “Livin’ On A Prayer”. O concerto é filmado em alta definição e surround.

Dia 29 de Novembro, 23h00, Fnac Colombo, esperamos por ti!

Sabe mais sobre o Clube de Fãs dos Bon Jovi em Portugal e as suas iniciativas em: http://www.bonjovi.web.pt.

ALINHAMENTO:
1. Lost Highway
2. Born To Be My Baby
3. Blaze Of Glory
4. It’s My Life
5. Keep The Faith
6. Raise Your Hands
7. Living In Sin/Chapel Of Love
8. Always
9. Whole Lot Of Lovin’
10. In These Arms
11. We Got It Going On
12. I’ll Be There For You
13. (You Want To) Make A Memory
14. Blood On Blood 15. Dry County
16. Have A Nice Day
17. Who Says You Can’t Go Home
18. Hallelujah
19. Wanted Dead Or Alive
20. Livin’ On A Prayer

TEMAS EXTRA
i. You Give Love A Bad Name
ii. Runaway
iii. Bed Of Roses
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quinta-feira, novembro 19, 2009

Roma 2009 (9)






O último dia na cidade eterna não teve sabor a despedida. Roma parecia-nos incontornável e, portanto, iríamos, sem dúvida, voltar. A nossa juventude garante-o e, na dúvida, garante-o também as moedas que atirámos à Fontana di Trevi.
E foi à Fontana di Trevi que nos dirigimos assim que concluímos o check out. O meu gajo queria porque queria voltar ao restaurante onde tínhamos almoçado no célebre dia em que dei cabo dos meus óculos de sol e, portanto, foi lá que fomos almoçar na nossa última refeição pelas terras dos imperadores. “L’Allegro Pachino” deve ter o melhor serviço da cidade eterna, já que, mais uma vez, fomos recebidos com sorrisos e a comida demorou pouco a chegar à mesa. Delicioso o meu ravioli com spinaci e ricotta.
Depois de almoço fizemos o périplo dos souvenirs. Aquela é a zona ideal para encontrar copos com a cara do Papa, porta-chaves com o Coliseu ou aventais com estátuas romanas de nus. Eu, fazendo jus à fama das mulheres, já tinha comprado imensas coisas. Mas o meu gajo deixou tudo para o último dia. E não acredita que poupei mais ao comprar com calma…
Não resistimos a voltar à Piazza di Spagna, ali tão perto, e, estando lá, exigi percorrer novamente a Via Condotti, de cujas fotos tinham sido escassas.
Sempre a correr (o meu gajo é um stressado), apanhámos o metro de volta à zona do Vaticano e depois o autocarro até ao hotel. Pedimos as malas e tentámos encaixar as novas aquisições na bagagem já apertada. Foi difícil, mas aconteceu…
Despedimo-nos do hotel e ainda tivemos tempo para ir beber um café no botequim do lado enquanto esperávamos pelo nosso chiquíssimo serviço transfer VIP. Sim, porque pagámos 50 euros por um transporte privado para o aeroporto! E porquê? Porque os transferes do hotel estavam esgotados. Aparentemente tínhamos de os ter reservado logo à chegada. Obviamente, havia um outro serviço recomendado pelo Grand Hotel Tibério, mas o recepcionista da noite anterior “esqueceu-se” de o referir proporcionando ao meu gajo uma noite em claro!
Era quase meia-noite do dia anterior e nós estávamos a ligar a todos os serviços de táxis que havia nos guias. Nenhum atendeu. O meu gajo, passado, não acreditava que o hotel pudesse resolver o nosso problema. Eu, mau feitio, garantia-lhe que num hotel de quatro estrelas, aquele problema iria ficar resolvido na manhã seguinte. E assim foi. O hotel recomendou-nos um serviço. O serviço “de limusinas” (como lhe chamavam) custava 50 euros para transportar alguém para o aeroporto, quer leva-se duas pessoas ou cinco. Levava duas. Fomos de Mercedes para o aeroporto. Mas no banco de trás e com motorista privado!
O motorista - vestido de fatinho cinza e sapato preto pontiagudo - era suíço! Quando ouviu dizer que éramos de Portugal começou logo a falar de todos os amigos portugueses que tinha na Suiça! “Os Oliveira. Os Martins. O José. Há sempre um José!”, tagarelava. Demos-lhe corda, mais para esquecer a estrada – ele conduzi como um italiano! – do que por acharmos a conversa interessante. Com telefonemas e algumas apitadelas pelo meio, o homem fez questão de nos levar à porta de embarque da TAP e lá nos deixou, sãos e salvos, no Leonardo DaVinci.
Seguiram-se cerca de três horas de espera (da próxima vez mato o meu gajo e o seu medo de perder o voo!). Dramas de aeroporto, portas de embarque, terminal minúsculo e um voo fabuloso até Lisboa, coroado com uma aterragem ao cair da noite. Estava tudo a correr bem até o piloto resolver fazer corta mato até ao aeroporto e, em vez de vermos o Cristo Rei do lado certo, mergulhámos na cidade de supetão. Correu tudo bem, mas não desejo aquela aterragem atrevida a ninguém!
Malas, táxi, Expresso, Coimbra, cama. THE END!

quarta-feira, novembro 11, 2009

Roma 2009 (8)








No penúltimo dia que passámos em Roma, já não tínhamos imaginação para muita coisa… Ou antes, o que ficava por ver era ainda TANTO, que onde íamos naquele dia não tinha grande relevância. O meu gajo já não falava de tanto cansaço e arrastava-se pelas ruas e eu estava a entrar num perigoso período de mau feitio. (Nota para o futuro: Lembrar que a exaustão me leva ao delírio!)
Arrastei o meu gajo até à Basílica de San Giovanni in Laterano (http://en.wikipedia.org/wiki/Basilica_of_St._John_Lateran) basicamente porque o bilhete do Vaticano nos dava direito a visitar o museu lá existente, que tem um famosíssimo baptistério, onde, conta a lenda, o imperador Constantino foi baptizado… Ele parece que não foi baptizado ali, mas aquele foi durante muito tempo o único baptistério de Roma e modelo para muitos outros. Só que os horários do museu são bastante estranhos e, portanto, acabámos por não ver baptistério nenhum! Mas vimos a basílica! E que basílica!
A Basílica de San Giovanni in Laterano é a catedral de Roma, ou seja, é a “casa” do Bispo de Roma… que é o Papa! Confusos? Então lembrem-se de que o Vaticano é um Estado independente. Assim, já dá para perceber que, lá por estar tão perto de São Pedro, uma coisa não anula a outra… Embora nesta igreja também seja o Papa que dá a missa... Mas adiante!
A Basílica de San Giovanni in Laterano é absolutamente colossal (onde é que eu já ouvi isto…?). Os tectos, as estátuas, as enormes capelas, o órgão de tubos e, claro, o trono papal em destaque no fundo da nave principal… tudo é digno de monarcas! Só ficar junto à porta faz-nos sentir formiguinhas pequeninas. Tem estátuas gigantes dos 12 apóstolos esculpidas por alguns dos escultores mais importantes da época barroca e vários túmulos papais. Tudo, como é habitual em Roma, com a marca de obra de arte extraordinária!
Foi durante o período do Papado de Avignon que a Basílica de San Giovanni in Laterano e o palácio com o mesmo nome entraram em declínio. Tendo funcionado como residência de papas até àquela época, a mudança para França, deixou o património à sua sorte. E, no regresso do papado a Roma, o local foi considerado indigno para acolher o chefe máximo da Igreja Católica devido aos estragos acumulados. Até à construção do Palácio do Vaticano, os papas viveram nas Basílicas de Santa Maria in Transtevere e di Santa Maria Maggiore. A reconstrução foi finalizada em 1735.
Ao lado da basílica está uma atracção turística ainda maior… Embora nós não a tenhamos conseguido achar… achámos o edifício, mas não a famosa “Escada Santa”! Diz-se que, naquele local, estão as escadas de mármore do palácio de Pôncio Pilates que Jesus Cristo terá pisado em Jerusalém aquando da sua Paixão. A transladação da escadaria para Roma terá sido da responsabilidade da mãe do Imperador Constantino I. Na Páscoa, o Papa celebra a missa na Basílica e os fiéis sobem as escadas de joelhos.
Já com umas 60 fotos da Igreja e arredores e cheios de mau humor, almoçámos (mal!) numa pizzaria take away. Depois, a custo, apanhámos um autocarro para um dos sítios que o meu gajo queria ver desde início: o Estádio Olímpico de Roma!
O guia nada dizia sobre aquele que, sabemos agora, é chamado de Stadio dei Marmi. Inaugurado em 1932, fica situado no Foro Italico, um complexo desportivo construído entre 1928 e 1938 e inspirado pelos fóruns romanos. O seu desenho é apontado como uma das primeiras marcas da arquitectura fascista instituída por Benito Mussolini.
De facto, foi com a marca do Duce em paredes e passeios que fizemos o caminho desde a estrada onde o autocarro nos deixou, até ao arvoredo que cerca o estádio novo, inaugurado em 1990, para o Campeonato mundial de Futebol. Aí, depois de fotografado o estádio (com algumas semelhanças aos novo Wembley), que parecia abandonado, deitámos a descansar nos bancos de jardim. Terminado o descanso e, sem dúvida, com um humor mais consentâneo com a época de férias, aventurámo-nos a explorar as redondezas. E, ao lado do novo, lá estava ele: o Stadio dei Marmi.
Incrível! Vazio e imponente. À frente dos nossos olhos tínhamos um relvado enorme, com bancadas em volta e, no topo das bancadas, a toda a volta, dezenas de estátuas em mármore! Cada uma (são 59) foi, pelos vistos, oferecida por uma província italiana. E umas tinham sido mutiladas, outras não… Ou seja, umas eram nus e tinham os pénis intactos, outras tinham os membros coberto com parras… Vá-se lá saber qual o motivo da descriminação!
Passámos bastante tempo no Stadio dei Marmi. Parecia-nos difícil imaginar que, em pleno século XX, alguém tinha conseguido reproduzir um pouco da grandeza do império romano! Sentámo-nos nas bancadas, explorámos a tribuna de honra - onde vimos, fechados, os túneis que levariam Mussolini ao interior de algum edifício – descemos até à pista de tartan, percorremos o túnel de entrada e, à despedida, fotografámos mais um pouco.
Era ainda cedo, quando saímos do Foro Italico. Por isso, apesar de o cansaço nos aconselhar a ir simplesmente dormir, rumámos a outra parte da cidade ainda inexplorada: o Campo di Fiori. Em caminho (é perto da Piazza Navona), admirámos finalmente de perto o Largo Argentina (http://en.wikipedia.org/wiki/Largo_di_Torre_Argentina), que alberga os restos de quatro templos romanos e do Teatro de Pompeia, em cujos degraus Júlio César foi morto. Outra curiosidade acerca do Largo Argentina é que é um santuário de gatos abandonados. Nas ruínas, é possível ver dezenas de gatos de todas as raças. Lindos!
O Campo di Fiori é o local onde se realiza, todas as manhãs, desde 1869 um mercado de frescos. Vegetais, flores e peixe fresco vendem-se ali para gáudio dos turistas. Obviamente, nós chagámos ao fim da tarde… quando já não havia mercado. Mas os cafés, as esplanadas e as fontes estavam cheios de gente na mesma.
Logo ao lado, na Piazza Farnese, aparece-nos um edifício imponente chamado Palazzo Farnese (http://en.wikipedia.org/wiki/Palazzo_Farnese,_Rome), que funciona como embaixada da França em Itália. Ora, contava o guia (e contavam também os mostradores que estavam junto à porta da embaixada) que o palácio data de 1515 e foi mandado construir por Alessandro Farnese, um cardial ordenado aos 25 anos - graças à sua irmã, amante oficial do Papa Alexandre VI (Borgia) – que veio a tornar-se o Papa Paul III. E contava o guia (e os mostradores que estavam à porta da embaixada) que Michelangelo redesenhou todo o terceiro andar do edifício. Lá dentro, há frescos do famoso pintor, escultor, arquitecto, poeta e engenheiro renascentista.
Foi sentados nos bancos de pedra que ladeiam a fachada do palácio que ligámos á família a dizer a que horas chegaríamos a casa no dia seguinte. E foi lá, que, já o sol se tinha posto, decidimos dar o dia por terminado e regressar à zona do Vaticano para jantar e ir dormir.

sexta-feira, novembro 06, 2009

Roma 2009 (7)









Naquela Terça-feira, o plano primordial era encontrar o Pontifico Instituto de Música Sacra. O meu gajo estava a trabalhar para o Mestrado em Música, que girava em torno do compositor português Manuel Faria. Ora, Manuel Faria, nos tempo idos, estudou em Roma… no Pontifico Instituto de Música Sacra!
Cheios de coragem, enfrentámos o calor abrasador e dispusemo-nos a fazer uma caminhada logo de manhã. O meu gajo tinha na cabeça o mapa do local exacto onde a sede do instituto se encontrava sabíamos que íamos ter de andar um bom pedaço, já fora do centro da cidade eterna.
Foi fácil encontrar o Instituto. No entanto, como estava em período de pausa lectiva, os enormes portões estavam fechados a sete chaves. As poucas pessoas que foram aparecendo, não tinham autoridade para nos deixar entrar e, portanto, restou-nos deambular um pouco por ali e fotografar o edifício de todos os ângulos possíveis debaixo de um sol opressivo. Ao fim de uma hora e qualquer coisa, a escorrer suor e sem coragem para fazer o caminho de volta, a pé, até à estação de metro, aguardámos um autocarro em sofrimento. A custo, encontrámos o caminho de volta “à cidade”.
Foi a São Pedro que nos dirigimos. Sempre São Pedro. Ainda não tínhamos visto as criptas nem a cúpula e, definitivamente, se há sítio que vale a pena explorar em Roma é aquela fabulosa Basílica.
Comprámos bilhetes para as criptas e, solenemente, fizemos o curto caminho até às grutas do Vaticano. Lá em baixo, cheirava a suor e humidade. Mas à medida que os túmulos e outros vestígios do Cristianismo antigo apareciam, a sensação de desconforto ia dando lugar a admiração. Um após outros, sem ordem cronológica definida, mas bem identificados com a foto e descrição do “reinado” do seu habitante, as criptas iam desfilando em frente aos nossos olhos, algumas fabulosas, algumas despidas e simples.
João Paulo II. Dizem que será canonizado em breve. Não sou católica. Não rezo junto de túmulos por acreditar que falar com os mortos, onde quer que se sinta a falta deles, é uma solução mais apropriada. Mas João Paulo II estava lá. Não o túmulo – em pedra branca, sóbrio, com linhas duras e simples e três rosas em metal precioso depositadas na pedra nua, que, embora fossem deslumbrantes, pareciam não pertencer àquele lugar humilde, ornamentado de origem apenas com uma cruz de metal austera. O túmulo servia para o achar digno de mais. Era João Paulo II estava lá. Sentia-se nos arrepios da pele.
Não sou católica. Não rezo. E mesmo assim ali parei, como a multidão que, de olhos húmidos, murmurava suplícios e lhe atirava flores e bilhetes perante o olhar inflexível dos guardas. Era o único túmulo com direito a vigilância. Nenhum outro a pedia. Nenhum outro tinha uma multidão à frente a rezar de olhos húmidos. Nenhum outro se sentia assim. Ali fiquei, tentada a contrariar o sinal de “Fotos Proibidas”, mais para guardar a ideia do momento do que a sua imagem. Fiquei lá, também eu de olhos húmidos, a rezar sem o saber fazer e sem saber porquê. Uma oração por João Paulo II. …Tenho a certeza que será canonizado em breve.
Comprámos, depois, bilhetes para visitar a cúpula da Basílica de São Pedro. “Tens a certeza que consegues ir lá?”, perguntava o meu gajo, conhecedor da ansiedade que me surge nas grandes alturas. “Não sei.” – Dizia-lhe. – “Mas vou tentar.”
Começámos a subir. Primeiro de elevador até ao topo da igreja, bem atrás dos apóstolos que se vêem no topo da fachada a partir da Praça de São Pedro, depois por escada, até ao interior da cúpula. No pátio por cima da igreja, tirámos fotos á Capela Sistina vista de fora, discreta, no seu tijolinho castanho. Dentro da cúpula, observámos a nave da igreja, o baldaquino visto de cima e deslumbrámo-nos com a folha de ouro bem à frente dos nossos olhos. Causava vertigens olhar lá de cima…
Eu continuei a subir. O meu gajo, nauseado, ficou-se pelo interior da cúpula.
Continuei a subir, cheia de coragem e confiança. Mas, á medida que o caminho se tornava mais tortuoso e menos amplo, a minha bravura foi-se desvanecendo. Em breve, era eu que seguir nauseada atrás e à frente de uma fila interminável de pessoas. Escadas tortas e altas, corredores inclinados, túneis em escadaria de caracol. MEDO!
Várias vezes tentei parar. Mas não havia como. Se parasse, ninguém mais passava. Lutando contra o pânico que me trazia a sensação de estar fechada, no escuro, a centenas de metros do chão firme e a ser “empurrada” para a frente por dezenas de pessoas fui avançando com passos inseguros. Falhei ao encontrar mais uma escada em caracol mais estreia, mais escura, mais íngreme e com uma corda no meio que ajudava a subida. Recuei. Enfiei-me no único espaço livre ao lado a boca escura da passagem. Não saber onde estava, se faltava muito ou pouco, se o restante caminho ia ser mais fácil ou mais difícil, ou se ia haver chão debaixo dos pés suficiente para albergar toda aquela gente estava a deixar-me fraca.
Um grupo de rapazes parou atrás de mim, gentilmente dando-me passagem. Falaram-me em italiano. Em inglês meio soluçado tentei explicar que talvez não fosse mais longe. “I’m not sure I can do this!” – Disse-lhes. Com um ar brincalhão, todos puseram uma cara triste. E se uns passaram por mim escada acima, outros ficaram para trás e, de mãos esticadas para o escuro, insistiram para que eu continuasse. Respirei fundo e subi.
Subi. Subi. Subi. E cheguei ao topo. Antes de sair para a paisagem, agradeci a quem me obrigou a subir... Depois, já com a luz do dia a inundar-me os sentidos, fiquei, a tremer, encostada à parede interior da cúpula. Estive lá até a respiração se tornar menos ofegante. Não sei se era cansaço da subida ou puro pânico, eu estava de rastos!
Não parei de tremer. A altura. A quantidade de gente enfiada num varandim minúsculo que circundava o topo da velha cúpula. O movimento constante das pessoas. Estava tonta. De olhos fechados, lá recuperei a compostura e, passados uns minutos, tive coragem de me aproximar da grade do varandim minúsculo.
A paisagem era deslumbrante. Roma aos nossos pés. O Tibre. O Monumento Victorio Emanuelle. A Praça de São Pedro com as formigas que por lá deambulavam. Que espectáculo incrível deve ser vê-la cheia dali!
Fotografei. Filmei. Admirei.
Quando seria normal eu ir embora?
As pessoas circulavam em torno da cúpula de máquinas na mão. Famílias inteiras sorriam para a câmara. Miúdos de 5 ou 6 anos inclinavam-se sobre a frágil estrutura de metal. E eu virava a cara para não ver. Concentrava-me na paisagem. Tremia ainda. Ganhei coragem e pedi a um francês, pai de família, que me tirasse uma foto com a praça de São Pedro lá em baixo. Na posse da prova de que tinha estado no topo do mundo, corri pelas escadas abaixo à procura dos braços do meu gajo! Descer foi infinitamente mais fácil. Já conhecia os caminhos tortuosos e corria em direcção ao chão firme.
Encontrei-me com o meu gajo junto aos apóstolos, no terraço da Igreja. Fotografámos as costas de pedra dos homens santos e descemos até à nave. Voltámos a deslumbrar-nos com o interior da Basílica de São Pedro. E depois com a Praça de são Pedro.
Exausta, decidi que ainda conseguia ir até Transtevere (traduzindo, o nome do bairro quer dizer “para além do Tibre” e, atravessando o rio Tibre, fica do lado oposto ao Vaticano). Ansiava por esse passeio. Desconfiava que era no bairro daqueles que se auto-intitulam “os romanos autênticos” que ia encontrar a Itália dos filmes e não me enganei.
Plantas a cair das janelas, scooters encostadas às paredes, raios de sol a banharem as ruas empedradas. Transdevere é doce, boémio e melancólico. É um cenário de um filme antigo. A alguns pode impressionar um certa pobreza que paira nas ruas que não vêm no mapa. Mas é também fora das ruas assinaladas nos mapas que está a autêntica Roma. Aliás, em Transteve não há nada para ver. Não há grandes monumentos com nomes conhecidos (exceptuando Santa Maria de Transtevere onde não chegámos air), nem piazzas memoráveis. São as ruas, é o próprio bairro que vale a pena sentir. Delicioso.
Passeámos pelo bairro mais romano de Roma até o cansaço nos vencer. Depois, atravessámos a Ponte Cestio até à Isola Tiberina, onde fotografámos o Convento de São Bartolomeo, e atravessámos novamente o Tibre, pela Ponte Fabricio, para Lungotevere de Cenci, onde queríamos ver a Sinagoga de Roma.
Depois de um passeio arrastado em torno da Sinagoga, decidimos arrastar-nos até Teatro Marcello – o teatro inaugurado por Augusto em 12 a.C, com uma que construção muito semelhante ao Coliseu e que ao longo dos séculos chegou a ser transformado por Baldassare Peruzzi em residência da família Orsini - onde esperávamos encontrar um bom espectáculo de música clássica, que faz as delícias do meu gajo. E havia, efectivamente um espectáculo. No entanto, a olhar para as pessoas fantásticas que desciam a rampa até ao local do concerto, esmorecemos e desistimos. Tínhamos meia hora para jantar e estávamos imundos e exaustos. Não havia ânimo para uma hora de piano. Eu, sem dúvida, teria adormecido nos primeiros dois minutos da performance.
Jantámos uma deliciosa lasagna na Piazza del Risorgimento a muito custo – o ar quente de Roma estava sufocante depois de terem alcatroado toda a zona – e voltámos ao hotel, onde desmaiámos de cansaço.