Situação 1:
Numa noite chuvosa, conduzi alegremente o meu gajo e uma amiga até um retail park nos arredores da cidade. Fiz o caminho e estacionei sem qualquer hesitação. Saímos todos do carro em amena cavaqueira e, quando se fecha a última porta, o carro começa a deslizar para a frente... Pergunta do gajo, quando eu já me estava a enfiar dentro do carro e a puxar o travão de mão:
_Então, não travas o carro?!
Sim, normalmente…
…Dah!!!
Situação 2:Ao fim de dois meses a estacionar numa estrada a subir perto do ginásio, eu faço o difícil exercício de fazer uma inversão de marcha difícil no meio dessa estrada inclinada para estacionar num lugar vago logo ao início da rua. No passeio, à minha espera, está uma colega da aula de Corpo & Mente. Eu alinho o carro com o da frente e começo a manobra. Os lugares costumam ser grandes e, apesar do declive, costuma ser facílimo estacionar ali. O que eu não contei foi com a p*** da árvore que estava no canteirinho atrás do carro da frente. Escusado será dizer que teria estacionado à primeira, se a roda da frente não esbarrasse no canteiro. Ora, nas tentativas de pôr o carro direitinho e super confiante da grandeza do lugares, bato no carro de trás com um barulho condizente com a trombada...
Saí do carro para verificar os estragos, mas nenhum dos dois tinha qualquer arranhão.
Tirei o carro daquele lugar e tentei fazer uma manobra semelhante mais à frente, já sem canteiro. Mas, toda a tremer e com lágrimas nos olhos, é difícil ter atenção às referências. Não consegui…
Durante este tempo todo, a minha colega olhava para mim do passeio. Disse-lhe adeus e desisti.
Situação 3:Chuvia a cântaros. Na tentativa de me molhar um pouco menos, à hora de almoço, decidi estacionar bem à frente da minha porta em vez de deixar o carro nuns lugares ao cimo da rua. Por isso, pela terceira vez na vida, fui fazer a inversão de marcha num larguito logo a seguir à minha casa. A rua, à entrada do largo, é estreita, em curva e tem uma inclinação de uns 35 graus (estou a exagerar, mas é bem inclinada…). Além disso, o facto de o largo ser minúsculo, ter sempre carros estacionados e não ser alcatroado (ou seja, o carro “mergulha” no largo empedrado e, para fazer a marcha atrás, sobe uma “parede” inclinada e em curva) acrescenta alguma dificuldade à manobra.
Entrei no largo, fiz a marcha atrás de volta à estrada inclinada, acertando direitinha na rua estreita e, para arrancar a subir, puxei o travão de mão, não fosse o carro bater num muro que ladeia a estrada em frente ao largo, ou pior, cair na ribanceira que existe ao lado do muro, mais abaixo. Ora, eu raramente puxo o travão de mão e enerva-me não fazer o ponto directo. Suponho que é uma questão de hábito. Mas ali, era uma questão de segurança...
Tento arrancar uma vez e o carro vai abaixo. Entretanto, um vizinho meu que vive numa das casas que dão para o largo, sai de casa e dirige-se ao carro dele (estacionado… no largo). Tento arrancar segunda vez e o carro vai abaixo. O meu vizinho entra no carro dele. Tento arrancar terceira vez e o carro… vai abaixo. O meu vizinho sai do carro dele e, junto ao meu carro, pergunta se “precisa de ajuda”… Furiosa, digo-lhe:
_Não me leve a mal, mas não, obrigada. - Na minha cabeça passam vários insultos ao macho que acha que vai salvar a dama em apuros.
Tento arrancar a quarta vez enquanto ele, lá de fora, à chuva, me diz para “virar para a esquerda”! O carro vai abaixo. Outra vez.
“Ó meu filho da puta!, obviamente que eu tenho de virar para a esquerda! Senão dou com os cornos num muro. Não te parece claro que a minha dificuldade não é virar?! F***-**! Daqui a pouco pede-me uma moedinha!” Isto passou-me pela cabeça, enquanto delicadamente lhe grito pelo vidro:
_Muito obrigada, mas eu disse-lhe que não preciso de ajuda.
“Eu sei como se faz, ó idiota! Só preciso que me deixes em Paz para o poder fazer SOZINHA!”
À QUINTA vez, arranco a grande velocidade pela rua acima, enquanto aceno um obrigado ao cromo do cavalheiro... Apenas para parar 10 metros à frente, à minha porta.
A chorar, vejo-o passar de carro por mim, estrada acima.
Não percebo qual é a mensagem do Universo. A sério que não. Estava a começar a ficar mais confiante na minha condução. É suposto eu voltar a “anhar”? Vejo idiotas na estrada todos os dias e SEI que não sou um deles. Quando estou sozinha não me acontece NADA de NADA! Mas, quando tenho testemunhas, pareço uma idiota. Se não fosse pela questão da independência, estacionava o Vermelhinho e não lhe voltava a pegar. F***-**!!! P*** que pariu esta m****!