terça-feira, outubro 30, 2007

O meu companheirinho deixou-me…

Pavarotti

Chegou a casa a arrastar-se. Mal conseguiu chegar à porta. Subir o degrau exigiu-lhe forças que parecia não possuir. Mas chegou. Entrou. E, como sempre, pediu colo.
Faltou um ritual antes de se deitar para dormir nas pernas de quem estivesse disponível: não pediu comida. Deitou-se sem comer.
Algo se passava. Estava muito triste. Triste demais. Estava doente.
Não tinha nada no corpo. Não vomitou. Não se queixou. Apenas não comeu e parecia custar-lhe deslocar-se.
Os veterinários já estavam fechados e, o que quer que fosse, não parecia ser uma emergência…
Demos-lhe um remédio que devia funcionar como analgésico, um suplemento de vitaminas para substituir “o jantar” e, à ceia, obrigámo-lo, com jeitinho e uma seringa, a beber um pouco de leite.
Ao outro dia pouco comeu, mas quis sair com as gatas. Saiu. Até brincou. E à noite, até petiscou. Por precaução, foi ao veterinário, mas nada foi detectado.
Suspirámos de alívio.
Só quatro dias depois notámos um papo no lombo. Um papo enorme. Anormal. Assustador. A sensação que dava era que metade das tripas tinham mudado de sítio, já que a barriga tinha diminuído até desaparecer…
Corremos novamente ao veterinário.
O diagnóstico, desta vez, foi claro: hérnia. Suspeitava-se que o intestino tinha saído da bolsa que o envolve e passado para junto da pele.
Era uma situação perigosa. Tinha de ser operado.
Era o caçula da casa. Se ele estava a sofrer, então a questão teria ser resolvida o quanto antes. A operação ficou marcada para Segunda-feira de manhã.
No Domingo acarinhei-o como sempre, mas desta vez fiz questão de passar o serão com ele ao colo.
Tinha o coração apertado. Uma sensação horrível de que, se o abrissem, o meu bebé não ia voltar como estava até ali: de pé.
Acarinhei-o, sussurrei-lhe, confortei-o. Sei que ele o sentiu. Acreditámos juntos que a operação tinha de acontecer e que, depois, aquele ar triste com que voltou naquele dia já longínquo e que não o largou mais ia finalmente passar.
Mas não passou. Ele não voltou.
Ligaram-me do veterinário a dizer que o meu companheirinho tinha morrido durante a cirurgia. Que ele estava todo pisado por dentro. Que a situação era mais grave do que pensavam. Que apesar de terem resolvido a hérnia diagnosticada, não tinham conseguido contornar a hérnia diafragmática que encontraram e que se rasgava enquanto a suturavam.
Uma paragem cardíaca. E ele deixou-me.

20 comentários:

Rafeiro Perfumado disse...

Mas foi um galã até ao fim, viste que mesmo doentinho não resistiu a sair com as amiguinhas? Um beijo, GK, sei bem que é como perder um membro da família.

Gata Verde disse...

Infelizmente sei qual é a tua dor neste momento porque também a senti à 6 anos quando a minha Tucha partiu. Mas eles continuam vivos no nosso coração,acredita. Quando tiveres saudades lembra-te só dos momentos bons que passaram juntos...assim é mais fácil.

Beijinhos

SoNosCredita disse...

:'(

lágrima contida só pq estou no trabalho...

marco disse...

força!
perdermos um animal é igual ou pior que perdermos alguem da nossa familia!
por isso muita força!mt mesma!

Carla disse...

sinto muito... :(

Gargalhadas aterradoras soam no ar, andam por ai bruxas a enfeitiçar
Bruxedos, encantos, magias…
Cuidado!!! Não se deixem apanhar!!!!
(`“•.¸(`“•.¸ ¸.•“´) ¸.•“´)
♥ HAPPY HALLOWEEN ♥
(¸.•“´(¸.•“´ `“•.¸)`“ •.¸)

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Kalua disse...

sinto muito amiga...
deixo-te apenas um abraço com muito carinho. :*

The Star disse...

Nestas alturas nunca sabemos o que dizer, já que as palavras não reconfortam...
Deixo-te, simplesmente, um beijo cheio de solidariedade.

Pisces Girl disse...

Sei que perder um animal de estimação é como perder um membro da família, mas tens que ser forte...

Um beijinho grande,

Pisces Girl.

O Profeta disse...

Coitado do pavaroti...sabias que Hà quem diga que os gatos são os olhos de deus na terra?


dOCE BEIJO

T. disse...

Força! Eu sei bem o k é isso...doi tanto.

AEnima disse...

que horror que tristeza... tadinho... tao lindo ele! Mas achas que o maltrataram na rua? Alguem lhe deu um chuto? Teria sido atropelado?

Eu andaria ai a farejar os cantos todos da rua para saber o que lhe tinha acontecido! Injustica!

Nao sei que te diga... so que fico sempre muito tocada com estas coisas. Mas ele teve uma vida bem tratada e digna... e so isso ja e' bom saber.

Nilson Barcelli disse...

E era tão lindo...
Só quem tem animais em casa é que percebe pelo que passaste e o que sentes depois do ocorrido.
Beijinhos.

GK disse...

Obrigada a todos.

Tozé Franco disse...

Quanto mais conheço os homens mais gosto do meu cão.
Já me vou tentando mentalizando para o dia em que ele partir porque já tem 12 anos.
É sempre (vai ser) um grande choque.
Um grande abraço

Libertyn n' us disse...

sabes sou um apaixonado por animais, e entendo a dor que sentiste, beijos

Gata Verde disse...

Mais animadita?

Beijocas

(Que falta de sensibilidade desta jove,que hora mais impropria para fazer publicidade
♥≈Nღdir≈♥ disse...)

Anónimo disse...

Coitadito do Pavarotti, realmente deve-lhe ter acontecido alguma coisa na rua, para ter as entranhas tão "deslocadas"... Eu tenho 4 gatos e nem quero imaginar o dia em que partirem...Já agora, que idade é que ele tinha mesmo?

Beijinhos

Betânia

GK disse...

Mais uma vez, obrigada a todos.

Gata Verde:
Sim, mais animadita. Já passou algum tempo. Mas recordar custa sempre. Embora sempre tenha tido animais e já tenha lidado com a morte deles muitas vezes, nunca é fácil. E este bichinho em particular era um doce... :(

Batânia:
Tinha à volta um ano. Não temos a certeza, porque, como todos os animais que tenho em casa, ele foi abandonado na minha rua...

Bjs a todos.

Carracinha Linda! disse...

Oh GK... lamento muito a tua perda...


Mas o Pavarotti sabe que lhe deste muito carinho e fizeste o possível para o ajudar. E tu tens certamente muitas recordações deste bichinho lindo. essas recordações não se perdem.

Um beijinho grande.

Maria disse...

se eu fiquei como estou, assim, tao triste, qd acabei de ler o que escreveste, imagino como te sentiste... :( um beijinho pra ti*