segunda-feira, outubro 15, 2007

London 2007 (7)

Na minha cabeça, naquela Quarta-feira, eu já fazia o count-down. O dia seguinte, era o dia da partida…
Tínhamos vários imperativos antes de deixar Londres: ir à Tate Britain, à Virgin, ao teatro e comprar chocolates no Harrods para oferecer à Eileen, a “santa” que me ajudou a encontrar a mala. Havia ainda a possibilidade de nos encontrarmos com um amigo meu, que trabalhava em Oxford, mas que tinha prometido vir ver-me naquele dia. Era um programa ambicioso, mas olhando para os itinerários dos dias anteriores… era possível!
Começámos pelo puro turismo: Tate Britain.
É um colossal museu de pintura. Sabemos agora que o Tate Modern é um bocadinho mais divertido. (Dizem!) Mas, mesmo com a aversão que tenho a estar fechada no mesmo espaço durante muito tempo, consegui passar QUATRO HORAS dentro da Tate Britain!!! A ver pintura!!! Não sei se é mérito do museu, se dos pintores, se da minha paciência. Mas estive quatro horas a olhar para quadros! E vi alguns fabulosos. Também vi aqueles que me fazem sentir gozada: precisamente os de arte moderna…
Saímos do museu tardíssimo.
Às sete e meia devíamos estar em Tottenham para ver o musical “We Will Rock You” no Dominium Theatre. Por isso, entre todas as escolhas possíveis, tomámos difícil decisão de “correr” até ao Harrods para comprar os chocolates à Eillen e deixá-los em Victoria, o local onde se situa o escritório dos autocarros Greenline onde ela trabalha.
Assim fizemos, em tempo recorde.
Voltámos a Earl’s Court para comer e mudar de roupa. E conseguimos estar em Tottenham bem antes da hora marcada. Ainda deu para, finalmente, irmos tomar um café a uma das lojas Starbucks, que infestam Londres como uma praga. Até há um Starbucks numa igreja!!!
O meu “amigo inglês” ligou-me antes da peça. Vinha no comboio oriundo de Oxford e queria confirmar o jantar. Combinámos encontrar-nos à porta do teatro no fim da peça.
Ver um musical em Londres faz parte do misticismo da cidade. E agora percebo porquê.
Mais uma vez, não consegui reprimir o sentimento de que andamos todos a brincar deste lado da Europa. Brincamos ao futebol… E brincamos ao teatro. Ali, o bilhete é caro, mas o espectador “leva com” um espectáculo brutal!
Tudo é bom: os actores, a história, o cenário, o guarda-roupa, o som, tudo. Deslumbrante. Emotivo. Bem conseguido. Apoteótico! Fantástico!
A história do “We Will Rock You” exulta o rock e os Queen em particular (não podia estar mais “na minha praia”), mas qualquer pessoa que ali entre não pode deixar de se sentir identificada com aquelas personagens futuristas, pouco ortodoxas e prisioneiras do “establishment”. Era impossível não rir ou não chorar exactamente nos pontos previstos pelo hábil autor. Fui manipulada com mestria. E adorei!
Para tugas como nós, o programa tinha um aliciante extra: o under-study da personagem principal é um actor português! Ricardo Afonso passou pelo teatro Aberto e pelo Politeama. Este é a sua estreia no West End. E que grande estreia!!!
Depois de rir e chorar com as aventuras de Galileo e Scaramouche, dirigimo-nos a Picadilly para jantar com o Moji.
O meu amigo é um jovem iraniano que viveu em Londres cinco anos antes de se mudar (temporariamente, diz ele) para Oxford. Conheci-o numa longa noite ao relento em Milton Keynes, quando ambos esperávamos por um mega-concerto dos Bon Jovi. Foi há um ano e, à custa de sms’s, cartas, e-mails e telefonemas, rapidamente o Moji se tornou num querido amigo. Eu não poderia passar por Inglaterra sem o ver.
A prosa soube melhor do que o jantar. Falámos de música e honestidade, de expectativas e frustrações, numa conversa que ficou a meio, como ficam sempre aquelas que são francas e ambicionadas. Foi MUITO bom ver o Moji e adorei o facto que ele e o meu namorado se terem dado bem. Já tenho saudades da sinceridade do olhar do meu jovem amigo e da sua voz despretensiosa e característica.
É tão agradável encontrar almas compatíveis e perceber que não estamos sós quando nos sentimos deslocados no mundo. A Galileo Scaramouche, Britney e Robbie da peça juntaram-se mais três nomes no mundo dos revoltados: os nossos.
Já passava da meia-noite quando, por sorte e a contra gosto, nos deixaram entrar nos túneis do metro para apanhar as últimas composições. Pensávamos que o metro fechava à uma da manhã, mas enganámo-nos! Íamos ficando em terra… o que em Londres… à noite… é MUITO grave…
Todos chegámos são e salvos “a casa”. Mas, para mim, a noite tornou-se subitamente triste… Era altura de fazer a mala. :(

No dia seguinte, só tivemos tempo de ir a Picadilly gastar “uma pipa de massa” em livros e CD's à Virgin Megastore e à HMV. Depois apanhámos o comboio para Luton e, lutando com malas, transfers e bagagem pouco ortodoxa, conseguimos meter-nos no avião.
Em Lisboa, a nossas malas foram as primeiras a sair na passadeira rolante e chegámos a Coimbra em tempo recorde, sempre em transportes públicos.

Cheguei da “minha terra prometida” à minha cidade natal para mudar de vida.
Uma semana depois, a minha existência tinha dado uma cambalhota brutal.
O que dizer?...
…Londres faz-me bem!... :)

17 comentários:

AEnima disse...

Ola!

Obrigado pela tua visita. Vim dizer-te que eu nao sou reporter! Eu brinco com o facto, e me auto-intitulo isso, exactamente porque acho que escrevo muito mal.

Estou 'a rasca com um prazo e por isso isto e' visitinha de medico e nao tenho tempo para te ler, mas volto em breve quando puder!

Beijo

Pepe Luigi disse...

Ola gk,
Bela crónica de viagem a Inglaterra, da qual eu só conheço Londres e ainda uma primeira vez.
Prometi a mim mesmo ter tempo para lá voltar em vez de uma semana, tem de ser 15 dias.
A tua façanha do recebimento da mala no aeroporto de Lisboa ter sido a primeira, faz-me lembrar a minha recente viagem a Itália que quando regressámos foi no dia de greve no Aeroporto de Lisboa.
Ora em tempo normal eu estou sempre à espera da mala, depois de virem as primeiras, quase sempre vinte minutos. Não é que nesse dia foi a minha mala a primeira a aparecer na passadeira. Recebi uma ovação daquela malta toda que estava à espera. Foi milagre não ter ficado sem a mala, nessa altura em que desapareciam 400 malas por dia no nosso "queridinho" aeroporto de Lisboa.

Beijinhos

Tozé Franco disse...

Para a próxima há que reservar bilhete para o Rei Leão, no Lyceum Theater. É o melhor que vi e já conto com alguns.
Vou linkar ese blogue pois mais vael tarde que nunca.
Um abraço.

Rafeiro Perfumado disse...

Ia mandar vir contigo por causa de continuares com Londres, mas a segunda fotografia fez-te ganhar mais algum tempo... ;)

mixtu disse...

fez-te bem...
e beija-se em público?
jajajaja
beija, mas não aí no café junto à ponte santa clara, que me falha o nome, pois é proibido
jaja
abrazo europeo

Gata Verde disse...

Sim,quero ver fotos!!
A velhinha da fota é duma aldeia chamada Janeiro de Cima.Infelizmente não vi viva alma no Talasnal.
Tens toda a razão em dizeres que a serra è linda.

Bjs e boa semana.

Carracinha Linda! disse...

Agora é tempo de pensar na 3ª ida a Londres, não? Se te faz assim tão bem...volta lá quando puderes. Ah...e nós cá ficamos á espera do relatório da viagem. Deixa-me dizer que adorei todos estes posts acerca da tua viagem. Conseguiste mesmo transmitir todos os sentimentos que "captaste" durante os dias que lá estiveste. E vê-se que esses sentimentos e memórias são muito importantes para ti. "Londres faz-me bem!" Esta frase diz tudo!

Beiinhos

SoNosCredita disse...

olha, um bjinhoooooooooooo! :)

Gata Verde disse...

Fico contente em saber que aquela aldeia tão linda não está totalmente abandonada.
Agradeço desde já as fotos.
Podes enviar para gataverde01@gmail.com

beijocas

Carla disse...

Venho convidar-te a brindar comigo amanhã 18/10... É dia de festa lá no meu cantinho...

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Ervi Mendel disse...

Very Nice GK!

Estive com a Mara e ela manda beijinhos (sim, o mundo é mesmo pequeno :)

Ervi

Gata Verde disse...

Bom fds!

Quando é que lanças mais fotos dessa cidade maravilhosa?

*@rclight* disse...

amiga
não tenho palavras pra t descrever
vives-t um sonho k muitos como eu passam talvez uma vida até os concretizar
momentos muito belos
beijo daki*

Nilson Barcelli disse...

O programa foi intenso...
As tuas crónicas, já o disse, são perfeitas (quase se viaja contigo...).
E até as fotos são boas.
Gostava de te ver a fazer reportagem profissional (acho que te darias bem em vários géneros, até de guerra).
Boa semana, beijinhos.

GK disse...

Pois, Pepe
Eu fui para Londres três dias depois da greve no aeroporto e vi como um milagre receber a mala em Luton... Só que depois perdi-a já em terra! LOL

GK disse...

Gata Verde:
infelizmente, acabou o meu relato da viagem a Londres... :( Quem me dera ter mais para contar...

GK disse...

Nilson Barcelli:
Obrigada pelo simpáticos elogios.
Bj.