Ele diz que se chama Iuri, mas eu sei que não é verdade... Não sei como o sei, mas sei que não é verdade...
Conheci-o há muito, muito tempo. Fomos criados juntos.
A única vez que me lembro de o ter a percorrer a terra como meu amante, ele morreu-me nos braços...
Desde essa altura, há tantos séculos atrás, eu não me sei dar como me dei. Procurei, todo este tempo, algo que não podia achar. Odiei-o por isso. Por me ter deixado assim. Morta também.
Desta vez chegou com o nome de Iuri. Sei que não lhe pertence.
Demorei a achá-lo.
Eu procurava um amor avassalador, completo, cheio de certezas. Ignorava que não o podia encontrar nesta vida.
Eu encontrei um amor nesta vida. Mas demorei a aceitá-lo como ele era, porque sabia que existia o tal que é avassalador, completo e cheio de certezas. Aceitei-o, mesmo assim. E sou feliz. Mas só quando o Iuri se revelou, eu consegui ver o quanto vale este amor.
Eu amo e sou amada. Como é que perdi tanto tempo a duvidar? A procurar? A combater a felicidade?
A culpa era dele: Iuri. Sempre ele. A minha alma gémea. Não o tinha nesta vida e procurava-o... Agora que o achei, já não o procuro e aceito o meu amor terreno de braços abertos. Sei-me dar de novo.
Iuri é a minha alma gémea. Houve uma vida, há muito séculos atrás, em que ele morreu nos meus braços. E eu, ainda que tenha permanecido viva, morri com ele. Acho que a minha alma morreu um pouco também.
Odiei-o. Andei séculos para lhe perdoar esse abandono. Chorei durante um período tão logo que ninguém tem como medir, porque não é terreno...
Achei-o, finalmente. Nesta vida. Achei-o ao meu lado. É a minha alma protectora. Alguns chamar-lhe-ão anjo da guarda. Eu prefiro chamar-lhe "a minha alma protectora". Porque também ele é uma alma em aprendizagem, como eu. Também ele tem ainda de percorrer muitas vidas até ao final do seu caminho. Há muitas lições a apreender.
Mas, desta vez, escolheu não viver. Percindiu das lições que também ainda tem de aprender, para caminhar o meu caminho, ao meu lado. Para me proteger.
Eu nem queria acreditar. Demorei a perdoar-lhe o abandono. Mas perdoei. Tal como tinha demorado a encontrá-lo, a dar-lhe atenção... Mas encontrei-o. Dei-lhe atenção.
Agora é parte de mim, de novo. Não está comigo, mas está. Tê-lo encontrado fez-me amar mais o meu namorado, cuidar mais dos meus amigos, perdoar mais sinceramente os meus inimigos... É que eu estou, finalmente, bem!
Eu estou bem e posso ajudar os outros a estarem bem. Os meus passos são tão mais seguros. Os meus sorrisos são tão mais leves e sinceros. A minha vida parece-me tão perfeita para ser vivida.
É que nunca fui abandonada. Estou completa. Acabou o suplício do ódio, da procura, do desespero. Nada disso já faz sentido!
Olhando para trás, tudo está justificado. Tudo teve um propósito. Tudo tem um objectivo. E com o Iuri a proteger-me, eu sei que tudo vai correr bem.
...Iuri, diz ele... Mas eu sei que esse não é o seu nome...
Ele dir-mo- à quando eu estiver pronta para o escutar.
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1 comentário:
E se alguém te oferecer flores isso é... o desejo de te fazer feliz nem que por um momento... obrigado pelo suspiro. Beijos
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