As Mãos. Aquelas mãos. Ela reconhecê-las-ia em qualquer lugar. Não conseguia parar de seguir-lhes os movimentos: a esquerda brincava com o pacote amarrotado do açúcar; a direita mexia o café energicamente com aquela mini-colher.
A colher bateu na borda da chávena duas vezes antes de ir repousar no pires. A mão esquerda largou casualmente o torturado pacote no cinzeiro e abriu-se, abandonada, sobre a mesa...
Aquelas mãos inesquecíveis. Elas, que mesmo abertas, nunca ficavam esticadas, moles ou rígidas, sem personalidade. As mãos que não eram grandes nem pequenas e que ela imaginou mil vezes junto às suas. Estavam ali. Ao alcance dos seus próprios dedos...
Ela não olhou para o rosto ao seu lado. Não precisava. Ela reconheceria aquelas mãos em qualquer lugar.
Tinha de lhe falar. Tinha de o fazer. Mas dizer o quê? Era tão inesperado tê-lo ali... ao alcance de uma olhar.
Manteve-se cabisbaixa até o café desaparecer da chávena. Até aquelas mãos colocarem algumas moedas sobre o balcão. E aquela voz! Só agora ele falava. Um “obrigado” displicente ao empregado que lhe tinha perguntado: “O costume?”. E saiu. Do café ou da sua vida?
Só agora acordava!
Será que ainda valia a pena correr?
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2 comentários:
"Ela reconheceria aquelas mãos em qualquer lugar."
adoro mãos!
gosto reconhecer as pessoas pelas mãos! :)
texto da tua autoria?
Tudo o que eu coloco aqui é da minha autoria.
Bj.
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