Às 11h da manhã de Domingo o calor era já avassalador. Cansadíssimos logo à saída do hotel e a praguejar contra a porra da organização da cidade (aos Domingo há, como é óbvio, menos autocarros, mas também é aos Domingos e feriados que o hotel decide não ter transferes para o Vaticano… Enfim… é lógica à italiana…), lá conseguimos chegar ao Vaticano, para voltar a apanhar o Hop On Hop Off.
Naquele dia, a prioridade era chegar ao Panteão e à Fontana di Trevi, mas antes, fizemos uma paragem na magnífica Piazza Navona. Mais uma vez, Roma não deixa créditos por mãos alheias. Ela nunca se limita a fazer abrir a boca. Dá sempre um extra que se entranha no coração. Não bastavam as incríveis fontes, com estátuas que são lendas e que apetecem fotografar uma a uma, o local tinha de ter aquela je ne sais quoi boémio e de bom gosto que marca, lá bem no fundinho, toda a vida italiana...
Li tudo o que havia no guia da America Express sobre a Piazza Navona e as suas fontes e igreja. E há muito para ler. Fiquei a conhecer o porquê do formato oval da praça (era originalmente um estádio suficientemente grande para albergar 20 mil pessoas) e descobri as rivalidades entre Bernini, responsável pela fabulosa Fontana dei Quattro Fiumi ou Fonte dos Quatro Rios (tão bem dissecada no livro “Anjos & Demónios”!), e Barromini, autor da Igreja de Sant’Agnese in Agone que ladeia a praça. Dissequei até à exaustão as maravilhosas esculturas das fontes, cada uma com a sua expressão quase viva, refresquei-me nas fontes vaporosas dos restaurantes e cafés e admirei os artistas de rua, que tentavam vender quadros e artesanato. Observado cada centímetro de praça, fontes e fachadas, seguimos a pé para o Panteão.
Por fora, o monumento nacional não é muito impressionante. Ou antes, ao ler no guia a idade do “bicho”, lá se olha duas vezes e com admiração redobrada. Foi construído em 27 a.C.! Mas quem se quer deslumbrar tem de entrar lá dentro!
O Panteão é famoso pela sua cúpula, que - e agora com um texto explicativo da Wiki – “apresenta alvéolos em forma de caixotões no interior, em direcção a um óculo que se abre para o zénite (o ponto superior da esfera celeste). Estes alvéolos, além de serem utilizados esteticamente, também foram pensados para diminuir a quantidade de concreto a ser utilizado na estrutura, tornando-a mais leve. Da base da rotunda até ao óculo vão 43 metros - a mesma medida do raio do círculo da base - o que significa que o espaço da cúpula se inscreve no interior de um cubo imaginário”.
Não sei se perceberam. Tudo isto quer dizer que não só o edifício é uma maravilha da arquitectura, como quem lá entra “leva” com uma luz plástica que parece vir directamente dos céus. E, quando digo “céus”, refiro-me à versão católica ou mística da coisa! Aquele lugar é celeste!
Fotografei aquele buraco – ou óculo – no topo da cúpula dezenas de vezes, porque não conseguia deixar de o fazer e porque nenhuma imagem me pareceu fazer jus ao que os meus olhos viam. Aquela luz que por lá entrava, aquele ambiente etéreo que produzia… eram fascinantes. Tem de haver uma nova palavra para descrever o que ali dentro se passa, porque as palavras velhas não expressam a sua beleza e candura. Não admira que Rafael tenha escolhido (eu disse “escolhido”, sim!) aquele lugar para descansar eternamente, modestamente “plantado” ao lado do primeiro rei da Itália unificada, Vittorio Emanuele II e do arquitecto Baldassare Peruzzi, para referir apenas alguns.
Tirando fotos até termos virado a esquina, por ser difícil deixar aquele lugar para trás, lá nos dirigimos à famosíssima Fontana di Trevi ou Fonte dos Trevos, por ruas e travessas de uma Itália mais coerente com os filmes antigos que povoam o nosso imaginário de tarantellas. Através de estradas pedonais, empedradas e floridas, passámos pela Piazza di Pietra e pelo Tempio di Adriano, até apanhar a Via Del Corso, famosa pelas suas lojas. Decidimos explorá-la mais um pouco e, em vez de seguirmos a direito para a Fontana di Trevi, descemos a rua até à Coluna di Marco Aurelio, na Piazza Colonna, e, ali perto, entrámos para nos refrescarmos na Galleria Alberto Sordi, um impressionante shopping center com tectos em vitrais. Numa das saídas da zona comercial ainda espreitámos a Chiesa di Santa Maria in Via. (Roma é mesmo assim: a cada passo há uma surpresa!). Depois, sim, lá conseguimos chegar a Trevi!
TUDO o que alguma vez ouviram sobre a Fontana di Trevi é real. Sejam quais forem os elogios que lhe fizeram, eles não conseguem defraudar as expectativas dos turistas, porque a fonte – para variar! – é verdadeiramente impressionante. A sua dimensão (cerca de 26 metros de altura e 20 metros de largura), a sua localização (encaixada no meio de uma pequeníssima praça rodeada de edifícios. Aliás, foi de Bernini a ideia de reposicionar a fonte no lado da praça que fica defronte ao Palácio do Quirinal, para que o Papa a pudesse admirá-la de sua janela) e o constante som de água corrente que produz, tornam o local único e digno de ser admirado. Para não haver dúvidas de que estávamos deslumbrados, lá cumprimos a tradição e atirámos, cada um, uma moeda à fonte, para que os céus nos permitissem voltar ali um dia.
Almoçámos num restaurante que, como as ruas empedradas, pedia tarantellas - L’Allegro Pachino - e onde – milagre dos milagres!!! – os empregados eram muito simpáticos!!! Apesar de nos terem levado um euro por pão que não comemos, estávamos tão deliciados com a simpatia do staff que prometemos voltar!
De volta ao calor, subimos a colina até ao Quirinal. Além da imponência do edifício e da previsível fonte com um obelisco (Roma é a cidade da Europa com mais obeliscos egípcios), pouco ali havia para ver. E o sol também não permitia demoras! Por isso, contornámos o Palácio e tomámos a Via del Quirinal até à Via delle Quatro Fontane, passando por um jardim não identificado onde fotografámos uma estátua equestre de Carlo Alberto, pai de Vittorio Emanuelle, que acabou por morrer no Porto!!! Adiante…
Depois de fotografar as quatro fontes que dão nome à avenida, descemos a encosta em direcção à Piazza Barberini, passando em frente à Galeria Nacional de Arte Antiga do Palazzo Barberini. Já na praça, fotografámos a Fontana del Tritone (outra estátua magnífica) e aguardamos, exaustos, a chegada do Hop On Hop Off.
Já sem coragem para grandes caminhadas, fizemos uma volta quase completa no autocarro: Coliseu, Piazza Republica, Villa Borghese, Piazza del Popolo, Vaticano, Circo Maximo, Isola Tiberina… A ilha parecia tão fresca vista de longe que decidimos jantar lá!
A ilha é sempre deliciosa. Percorremos as duas margens do rio pelo meio de barraquinhas de comes e bebes e artesanato (tudo arranjadinho com o bom gosto italiano), admirámo-nos com o cinema ao ar livre montado num dos flancos da ilha e com a delicadeza do bar de Verão da Martini e deliciámo-nos a ouvir o som do rio Tibre que corria violento para o mar, formando uma pequena cascata ao alcance da mão.
Já mais frescos e relaxados, sentámo-nos à beira rio para estudar mapas e horários de autocarros. No final da análise, decidimos voltar ao Vaticano, por uma questão de prática de acesso a transportes e porque… eu insisti que queria visitar o Castel Sant’Angelo, cujo Passeto para o Vaticano (que todos viram ficcionado no filme “Anjos & Demónios”!) estava excepcionalmente aberto e em festas naquelas noites de Verão!
Naquele dia, a prioridade era chegar ao Panteão e à Fontana di Trevi, mas antes, fizemos uma paragem na magnífica Piazza Navona. Mais uma vez, Roma não deixa créditos por mãos alheias. Ela nunca se limita a fazer abrir a boca. Dá sempre um extra que se entranha no coração. Não bastavam as incríveis fontes, com estátuas que são lendas e que apetecem fotografar uma a uma, o local tinha de ter aquela je ne sais quoi boémio e de bom gosto que marca, lá bem no fundinho, toda a vida italiana...
Li tudo o que havia no guia da America Express sobre a Piazza Navona e as suas fontes e igreja. E há muito para ler. Fiquei a conhecer o porquê do formato oval da praça (era originalmente um estádio suficientemente grande para albergar 20 mil pessoas) e descobri as rivalidades entre Bernini, responsável pela fabulosa Fontana dei Quattro Fiumi ou Fonte dos Quatro Rios (tão bem dissecada no livro “Anjos & Demónios”!), e Barromini, autor da Igreja de Sant’Agnese in Agone que ladeia a praça. Dissequei até à exaustão as maravilhosas esculturas das fontes, cada uma com a sua expressão quase viva, refresquei-me nas fontes vaporosas dos restaurantes e cafés e admirei os artistas de rua, que tentavam vender quadros e artesanato. Observado cada centímetro de praça, fontes e fachadas, seguimos a pé para o Panteão.
Por fora, o monumento nacional não é muito impressionante. Ou antes, ao ler no guia a idade do “bicho”, lá se olha duas vezes e com admiração redobrada. Foi construído em 27 a.C.! Mas quem se quer deslumbrar tem de entrar lá dentro!
O Panteão é famoso pela sua cúpula, que - e agora com um texto explicativo da Wiki – “apresenta alvéolos em forma de caixotões no interior, em direcção a um óculo que se abre para o zénite (o ponto superior da esfera celeste). Estes alvéolos, além de serem utilizados esteticamente, também foram pensados para diminuir a quantidade de concreto a ser utilizado na estrutura, tornando-a mais leve. Da base da rotunda até ao óculo vão 43 metros - a mesma medida do raio do círculo da base - o que significa que o espaço da cúpula se inscreve no interior de um cubo imaginário”.
Não sei se perceberam. Tudo isto quer dizer que não só o edifício é uma maravilha da arquitectura, como quem lá entra “leva” com uma luz plástica que parece vir directamente dos céus. E, quando digo “céus”, refiro-me à versão católica ou mística da coisa! Aquele lugar é celeste!
Fotografei aquele buraco – ou óculo – no topo da cúpula dezenas de vezes, porque não conseguia deixar de o fazer e porque nenhuma imagem me pareceu fazer jus ao que os meus olhos viam. Aquela luz que por lá entrava, aquele ambiente etéreo que produzia… eram fascinantes. Tem de haver uma nova palavra para descrever o que ali dentro se passa, porque as palavras velhas não expressam a sua beleza e candura. Não admira que Rafael tenha escolhido (eu disse “escolhido”, sim!) aquele lugar para descansar eternamente, modestamente “plantado” ao lado do primeiro rei da Itália unificada, Vittorio Emanuele II e do arquitecto Baldassare Peruzzi, para referir apenas alguns.
Tirando fotos até termos virado a esquina, por ser difícil deixar aquele lugar para trás, lá nos dirigimos à famosíssima Fontana di Trevi ou Fonte dos Trevos, por ruas e travessas de uma Itália mais coerente com os filmes antigos que povoam o nosso imaginário de tarantellas. Através de estradas pedonais, empedradas e floridas, passámos pela Piazza di Pietra e pelo Tempio di Adriano, até apanhar a Via Del Corso, famosa pelas suas lojas. Decidimos explorá-la mais um pouco e, em vez de seguirmos a direito para a Fontana di Trevi, descemos a rua até à Coluna di Marco Aurelio, na Piazza Colonna, e, ali perto, entrámos para nos refrescarmos na Galleria Alberto Sordi, um impressionante shopping center com tectos em vitrais. Numa das saídas da zona comercial ainda espreitámos a Chiesa di Santa Maria in Via. (Roma é mesmo assim: a cada passo há uma surpresa!). Depois, sim, lá conseguimos chegar a Trevi!
TUDO o que alguma vez ouviram sobre a Fontana di Trevi é real. Sejam quais forem os elogios que lhe fizeram, eles não conseguem defraudar as expectativas dos turistas, porque a fonte – para variar! – é verdadeiramente impressionante. A sua dimensão (cerca de 26 metros de altura e 20 metros de largura), a sua localização (encaixada no meio de uma pequeníssima praça rodeada de edifícios. Aliás, foi de Bernini a ideia de reposicionar a fonte no lado da praça que fica defronte ao Palácio do Quirinal, para que o Papa a pudesse admirá-la de sua janela) e o constante som de água corrente que produz, tornam o local único e digno de ser admirado. Para não haver dúvidas de que estávamos deslumbrados, lá cumprimos a tradição e atirámos, cada um, uma moeda à fonte, para que os céus nos permitissem voltar ali um dia.
Almoçámos num restaurante que, como as ruas empedradas, pedia tarantellas - L’Allegro Pachino - e onde – milagre dos milagres!!! – os empregados eram muito simpáticos!!! Apesar de nos terem levado um euro por pão que não comemos, estávamos tão deliciados com a simpatia do staff que prometemos voltar!
De volta ao calor, subimos a colina até ao Quirinal. Além da imponência do edifício e da previsível fonte com um obelisco (Roma é a cidade da Europa com mais obeliscos egípcios), pouco ali havia para ver. E o sol também não permitia demoras! Por isso, contornámos o Palácio e tomámos a Via del Quirinal até à Via delle Quatro Fontane, passando por um jardim não identificado onde fotografámos uma estátua equestre de Carlo Alberto, pai de Vittorio Emanuelle, que acabou por morrer no Porto!!! Adiante…
Depois de fotografar as quatro fontes que dão nome à avenida, descemos a encosta em direcção à Piazza Barberini, passando em frente à Galeria Nacional de Arte Antiga do Palazzo Barberini. Já na praça, fotografámos a Fontana del Tritone (outra estátua magnífica) e aguardamos, exaustos, a chegada do Hop On Hop Off.
Já sem coragem para grandes caminhadas, fizemos uma volta quase completa no autocarro: Coliseu, Piazza Republica, Villa Borghese, Piazza del Popolo, Vaticano, Circo Maximo, Isola Tiberina… A ilha parecia tão fresca vista de longe que decidimos jantar lá!
A ilha é sempre deliciosa. Percorremos as duas margens do rio pelo meio de barraquinhas de comes e bebes e artesanato (tudo arranjadinho com o bom gosto italiano), admirámo-nos com o cinema ao ar livre montado num dos flancos da ilha e com a delicadeza do bar de Verão da Martini e deliciámo-nos a ouvir o som do rio Tibre que corria violento para o mar, formando uma pequena cascata ao alcance da mão.
Já mais frescos e relaxados, sentámo-nos à beira rio para estudar mapas e horários de autocarros. No final da análise, decidimos voltar ao Vaticano, por uma questão de prática de acesso a transportes e porque… eu insisti que queria visitar o Castel Sant’Angelo, cujo Passeto para o Vaticano (que todos viram ficcionado no filme “Anjos & Demónios”!) estava excepcionalmente aberto e em festas naquelas noites de Verão!