Todos procuramos uma salvação. Aquele caminho dourado e maravilhoso que nos leva à felicidade. Todos achamos que há algo mais do que “isto”. Nascemos para ser especiais. Apenas ainda não encontrámos a resposta, a razão para termos sido colocados neste planeta. Todos procuramos a nossa missão.
O emprego das 9h às 5h não chega para nos dar um motivo para viver, por isso, desdobramo-nos em formações e seminários, em filmes e concertos, em viagens e campanhas, voluntariados e caridades. À procura.
As artes servem-nos de escape. Desenvolvemos opiniões críticas sobre quadros, canções e filmes. Enchemos a casa de livros e documentários sobre as nossas áreas particulares de interesse. E arranjamos “projectos”.
Todos temos “um projecto” que nos vai salvar. Todos temos algo que vai deslumbrar o mundo um dia. Algo que, invariavelmente, não chega à luz do dia devido a uma secessão de desculpas mais fáceis de inventar do que admitir a verdade: a falta de talento.
Todos acreditamos que a nossa “oportunidade” está ao virar da esquina. Todos temos a certeza de que somos a próxima grande estrela planetária que vai inspirar as pessoas e quem não percebe isso é porque não nos percebe de todo.
Depois há aqueles dias em que alguém viu “o projecto” e não se deslumbrou. Ou em que a nossa opinião crítica foi ridicularizada. Ou em que alguém concretizou algo que nós continuamos a tentar concretizar. Aqueles dias em que palavras sábias ecoam no nosso espírito com conotações cruéis. Aquele dia em que alguém nos dá a “palmadinha nas costas” para não nos mandar passear e em que a palmadinha adquire o peso de toneladas e estilhaça o nosso espírito para sempre.
Nesse dia olhamos para o emprego das 9h às 5h à procura da salvação, de algo que não tenhamos visto antes, algo que sirva para nos colar os pedaços dispersos da alma. Procuramos a maturidade, a satisfação com a sorte que temos. E não achamos nada. Voltamos a olhar para “os projectos” na esperança de que adquiram novo encanto, que nos façam esquecer o golpe. E nada acontece.
A partir desse dia vagueamos pelas ruas com o absoluto sentido do ridículo, do nada em que vivemos.
É a isso, talvez, a que chamam idade adulta…
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6 comentários:
É a isso que se chama vontade de pegar num lança-chamas e ir fazer uma visitinha a esses palhaços que gozaram com o nosso projecto. O emprego? Esse continuará certamente a servir de base para os projectos pessoais, longe vão os tempos em que acreditava numa carreira por lá.
Beijoca.
A isso talvez se chame idade adulta; se se ultrapassar isso chama-se idade do crescimento.
Acho que se deve tentar sempre...
http://www.youtube.com/watch?v=ZrDxe9gK8Gk
SML
Fantástico texto. Parabéns! E o importante é nunca desistirmos...
Beijinhos
Eu estou como o Rafeiro Perfumado, o que me realiza actualmente é a minha vida pessoal e o emprego é apenas o meio que me permite gozar a vida para além do emprego.
Projectos? Todos temos, uns concretizáveis, outros nem tanto. Quando eles comandam a nossa vida, há que ir em frente e nunca desistir, sem se tentar nunca se concretizarão.
Please keep fighting... já dizia a Lúcia Moniz numa música!
Hoje encaro o emprego(e gosto do que faço) como um meio de angariar dinheiro para satisfazer os meus desejos e hobbyes!...só tenho pena que o tempo que sobra ser tão pouco para o gozar!!
beijos
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