Passaram 10 anos. E, se me perguntarem o porquê de tudo aquilo, eu nem sei responder. Não era o meu género de música. Nunca me derreti perante homens bonitos. E, sei-o agora, não conheci aquelas cinco pessoas assim tão bem. Mas, na altura, bastou um encontro, uma entrevista, para não conseguirmos esquecer cinco personalidades que, por muito que se tentassem mostrar seguras e confiantes, cativaram-nos mais pelos seus medos e pelas suas inseguranças - que transpareciam através das palavras feitas que debitaram durante toda a entrevista - do que pelas suas falsas certezas e ambições.
Seguiram-se três anos numa montanha russa de emoções. Viajámos pelo país, chamámos a maior parte do staff pelo seu primeiro nome e conhecemos dezenas de jovens apaixonadas pelos cinco rapazes ou apenas pela sua fama. No fim, queimámo-nos, derretidas contra a chama de uma celebridade excessiva e com os limites, os enganos e as frustrações que ela trouxe, que, mesmo depois de não podermos entrar nos camarins, nos atingiam a cada olhar das “nossas” estrelas.
Reflectimos, chorámos, amámos à distância e trouxemos para casa, acabado o circo, um sentimento de injustiça, de tristeza, de algo belo caído por terra, destruído, espezinhado pela falta de experiência de uns e a falta de escrúpulos de outros que exploram até à exaustão a vida de pessoas que tiveram a ousadia de sonhar.
É abstracto, talvez, este texto. Como abstracto continua a ser aquilo que sinto quando penso na época que percorri o país à boleia, a viver uma adolescência tardia que não sei justificar. Mas se me perguntassem se valeu a pena eu diria que, sim, valeu a pena! E, se me perguntassem se conseguiria repeti-lo eu diria que não, não poderia repeti-lo, porque a ingenuidade partiu e os olhos abriram-se. Mas se me perguntassem se gostaria de tentar repeti-lo eu diria que sim, gostaria de os ver juntos outra vez, porque estamos todos mais crescidos, a vida tem outro sabor e era engraçado ver como nos portávamos todos outra vez.
As lágrimas seriam certamente menos, as emoções mais contidas, as histórias deixariam de ser abstractas e confusas e passariam a ter um toque consciente de rebeldia, de teimosia. Seríamos apenas uns doidinhos em busca de um passado que já não se agarra. Um grupo de fãs poderosos, que diz ao chefe, com um sorriso desafiante, exactamente onde vai nesse fim-de-semana, em vez de fugir de casa pela janela ou de dizer à mãe que vai dormir a casa da amiga, apenas do outro lado da cidade, quando na verdade vai correr para o Norte para se enfiar, durante horas, em mais uma discoteca, em mais um hotel, na esperança de obter uma palavra, um olhar que justifique tudo aquilo.
Agora já não precisamos de justificações. Já não inventamos desculpas. Já não exigimos respeito quando duvidamos do respeito que temos por nós próprios. Vamos, sim, ver os Excesso mais uma vez. Vamos porque queremos. Vamos porque nos faz sentir bem. Vamos porque gostamos deles sem reservas e quem não quiser perceber ou aceitar isso, quem exigir justificações e respostas crescidas e racionais, pode ir plantar batatas ou dar uma voltinha ao bilhar grande...
…Iríamos ver-vos outra vez… se vocês quisessem…
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13 comentários:
Pediram-me um texto sobre toda aquela loucura... Aqui fica.
Estás a ver? Como não eram pesporrentes ainda agora te lembras deles com saudades.
Eu nunca fui muito fã deles...
Beijitos :)
Eu nunca fui muito fã dos Excesso, mas não posso negar que gostava de algumas músicas deles.
Um beijinho grande,
Pisces Girl.
EU SOU AQUELE QUE TE QUER...E MAIS NINGUÉM...lol, desculpa, não resisti, é inevitavel cantarolar este refrão! :))
Posso dizer que de uma forma ou de outra os Excesso marcaram uma fase da minha vida. Não só por me sentir próxima de um dos elementos da banda, mas por terem sido a 1ª boysband a marcar o panorama da música portuguesa. Eles foram os culpados por eu começar a ouvir um pouco mais de música portuguesa, que não ouvia na altura.
No outro dia ouvi o João na rádio e fiquei com um sorriso nos lábios por ver que ele continua na música. E não é que gosto imenso da música?
Entretanto, houve uma outra experiência, os Excesso II, que me passaram completamente ao lado e que há pouco tempo fui “esbarrar” com um dos seus elementos. O Ruben Madureira é hoje em dia um actor / cantor a representar em peças do sr. Filipe La Féria. Já tive oportunidade de comprovar ao vivo e a cores a potência da voz deste rapaz.
Espero do fundo do coração que ele consiga alcançar mais sucesso nesta sua nossa carreira, pois merece-o, por ser um excelente actor / cantor e pela pessoa fantástica que é.
Aiiiii, agora fiquei com saudades dos tempos em que me “baldava” às aulas da faculdade para ir ver os Excesso, eheheh!!!
Belos tempos.
Ai, ai, mais valia mesmo teres andado a plantar batatas... :)
I always wandered about that!...
:-)
Foi, portanto, uma entrevsita "Sem Censura" e com o follow-up que tu descreveste agora.
Pronto. Está bem. Um dia, com uns cafés à frente, voltamos a falar disto.
;-)
Epah, no comments!!! Ehehehe
Beijocas
Nunca gostei muito!!
;)
beijos
eu admito, tive alguma queda para boys bands, embora na maior parte dos caso tivesse um ou outro elemento preferido, mas no geral, sempre gostei da música, do estilo, enfim, o conceito no geral!!! Pode não ser propriamente um poço de talento em todos os casos, e ´houve muitas que me passaram ao lado, mas há sempre alguns que daí conseguem fazer carreira mais séria... gostei dos NKOTB, BROS, Take That, Backstreet Boys, etc... e também dos Excesso! Lá por serem portugesinhos da silva, não ficaram nada atrás de tantos outros... "nós" é que temos a mania que tudo o que vem de fora é que é bom!
eu cá continuo, ñ plos excesso, mas continuo...
sim, o meu olhar é diferente, assim como o deles, sem qq dúvida!
mas a magia ñ morre :)
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