Na vila onde eu trabalho, foi a tribunal um caso bastante mediático. Começou por ser acompanhado por uma das minhas colegas, mas ela foi de férias e coube-me a mim a tarefa de seguir a coisa até ao fim.
Na penúltima audiência, quando todos os protagonistas já são tratados pelo nome na Comunicação Social, dei-me conta de que, nem eu, nem a minha colega, nem nenhum dos meus camaradas de outros jornais tínhamos publicado o nome do Procurador.
Vasculhei, indaguei, investiguei… mas o nome do homem não aparecia em lado nenhum!
Perguntei a todas as pessoas do jornal e até ao director, que conhece TODA a gente da vila… mas nada.
Bom, restava fazer a ligação – simples! – para o tribunal e perguntar.
E foi assim:
_ Estou sim? Olhe, eu não sei quem será a pessoa indicada para me ajudar, mas é possível que a pergunta seja tão simples que qualquer pessoa aí saiba responder. – Disse eu a quem atendeu.
_ Sim? – Respondeu a voz solícita.
_ Estou a acompanhar o caso X e dei-me conta de que nenhum jornal publicou o nome do Sr. Procurador. Pode ajudar-me? Sabe como é que ele se chama?
_ Hum… O Sr. Procurador chama-se… - Longo silêncio – Sr. Procurador! – Disse o homem com uma voz claramente hesitante.
Fiquei intrigada.
_ Desculpe, mas ele não tem nome? Tem de ter nome! – Comecei a impacientar-me! Que raio! Não estava a pedir a fórmula da “cold fusion”! Era algo que devia ser público!
_ Hum… - Mais um longo silêncio.
Ia começar a largar argumentos quando o homem suspira e diz de rajada:
_ Sabe, ele disse-me: “Se dizes o meu nome a algum jornalista ou a alguém, parto-te os cornos!”… E eu cumpro!
Passei-me!
Ri-me com o homem e prometi-lhe que não insistiria mais. Acho que lhe cheguei a dizer que não publicaria o nome do Procurador, mesmo que fosse sabê-lo ao Diário da República, só para ele não “levar nos cornos”! Não fosse o Procurador pensar que tinha sido ele a furar o bloqueio!
Mas a história não acaba aqui.
Desliguei o telefone, ainda a rir, quando a nossa administrativa entrou na sala. Comecei a contar a história e ela, antes de eu chegar ao punch line, atira:
_ O quê? Andas atrás do …?!
Calei-me. Ela conhecia-o!
Resumindo: não publiquei o nome do Procurador, embora o tivesse em exclusivo, para proteger um cidadão anónimo! Será que isso faz de mim uma má jornalista…? LOL
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13 comentários:
Se faz de ti uma má jornalista não sei... de jornalismo percebo pouco ;)
Que a "história" tem sentido de humor tem ;)
Beijinhos!
epa... mas qual é o problema? ñ deve ser publicado? o caso é assim tão 'grave'?! porra!
(ñ posso dizer que sim, que o faria, mas que deveria, deveria!)
Se faz de ti má jornalista não sei, mas atípica certamente!
Ah! Divertiste-me! :)
Beijo.
Uma bela jornalista. Se muitos fossem como tu, não era bem melhor? Há coisas que ficam melhor como estão. Bom trabalho!
Bjs!
LOL... eu a fazer o filme na minha cabeça!!! Ihihih... é daquelas situações que uma pessoa fica mesmo "daaah"...
Bjs
PS- má jornalista?!!
Não conheço o código de trabalho da clase jornalística, mas pelo menos uma pessoa decente acho que és!!! ;P
Serias uma excelente jornalista, se publicasses o nome do procurado, fizesses referência ao diário da república como fonte da tua informação, e se deixasses em jeito de comentário final uma alusão a modos que dissimulada da salvaguarda da integridade dos ‘apêndices idiomáticos’ dos funcionários do tribunal.
Quem sabe se com irreverências deste tipo não conseguirias o trampolim que tanto anseias na tua carreira profissional.
:|
Faz de ti alguém com consciência, mas que talvez afecte o teu trabalho como jornalista. Ou estavas era com medo de levar também? ;)
Eu sei o nome ... é o Senhor X! Certo?
Acho que o nome não é importante.
Penso que fizeste bem ter pena dos cornos do homem...
Beijinhos.
tens um desafio no meu cantinho :)
Basicamente, Nilson Barcelli, é isso mesmo... Ninguém se ia lembrar do homem mesmo. A minha vila não é Lx... ;)
E eu tb não quero subir na carreira... :)
Sonoscredita:
Vou pensar.
Começo a detestar estes desafios! Especialmente a frequência deles... :|
Bj.
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