sexta-feira, fevereiro 23, 2007

A arte do fingimento

O meu post anterior não era a brincar. Haverá apresentações quinzenais para quem está a receber subsídio de desemprego. É mais uma daquelas medidas que servem para fingir que alguma coisa está a ser feita. Andamos, no fundo, todos a fingir…
O Ministro da Economia finge que está preocupado com os portugueses enquanto apregoa aos quatro ventos que somos mão-de-obra barata...
O Estado português finge que resolve as burlas no subsídio de desemprego tratando os desempregados como criminosos em liberdade condicional e gastando RESMAS de papel em convocatórias e PIPAS de massa em funcionários que recebem regularmente não sei quantos “mânfios” que, aos olhos do Estado, coçam a micose em casa enquanto lhe cai o enorme valor do ordenado mínimo nacional na conta todos os meses (como eu!)…
O IEFP finge que se preocupa com cada caso pessoal enquanto não faz puto ideia de quem são os seus desempregados nem o que andam a fazer. Manda cartas atrasadas e para moradas trocadas, mas sempre com o aviso: “Não te esqueças que se não fazes o que mandamos, f****-te que ficas sem o subsídiozinho!”.
Os desempregados em geral fingem que o site de empregos do Governo é uma grande ajuda, embora não saibam como funciona nem consigam fazer qualquer pesquisa naquele labirinto institucional, enquanto têm mais 500 sites que lhes enviam directamente para o e-mail a triagem feita com os anúncios das áreas que previamente seleccionaram. (Mas isto seria simples demais para o Governo! Não! Os desempregados têm de se responsabilizar! Têm de se esforçar! Vamos lá fazer um site complicado onde eles têm de penar para achar alguma coisa e, se não forem lá de 15 em 15 dias fingir que mudam o CV, lixam-se, que lhes cancelamos a inscrição!... Curiosamente, sobre esta enorme inovação chamada http://www.netemprego.gov.pt/, eu NUNCA recebi qualquer missiva explicativa em casa… Embora seja considerada uma ferramenta fundamental na relação IEFP/Desempregado!... Enfim…)
E EU finjo que quero um emprego qualquer, quando o que quero MESMO é ser feliz e para isso considero fundamental levantar-me da cama COM VONTADE todos os dias. Ora, isso não será possível se continuarmos todos a desempenhar funções para as quais não temos o mínimo de vocação!
Mas… esperem!!! Eu disse... “vocação”?!!! Desculpem lá, vou ter de ir ali lavar a boca com sabão e passar-lhe uma malagueta! Onde é que já se viu um desempregado dizer uma palavra feia destas?!… Eu devia ter vergonha…

16 comentários:

desculpeqqc disse...

Sou completamente a favor das apresentações regulares nos centros de emprego!
Há para aí muito 'animal' a receber subsídio e a trabalhar em simultaneo.
Mas que os centros de emprego funcionam muito mal... esta regra de obrigar as pessoas a lá ir de 15 em 15 dias apenas vai dificultar o pouco que eles já faziam.
Este país esdá cheio de ideias brilhantes (sim senhor) mas que na prática, a sua concretização torna tudo num caos.

Mina disse...

Também já sabia desta inovação. São só belíssimas ideias, que vêem tornar ainda mais complicado o papel do desempregado em Portugal. Como se não fossemos já um país burocrático qb!!!
Enfim... olha, bom fim de semana, dentro do possível :)
Bjs!

SoNosCredita disse...

vergonha deveriam ter eles!!!

(mas percebo a indignação!)

Bruno disse...

Porque não somos mas é adoptados pelos espanhois. Todos ficariamos a ganhar.

Bom fim de semana.

bjs

Bruno disse...

Sei qual é o dilema de estar desempregado. Mas deves sempre ter esperança e nunca contar com o ovo no cu da galinha, porque eles não arranjam emprego a ninguém. Não passa de um ministério inerte.

Força...

Marta disse...

O triste estado... a q chegámos... e q temos!
Bom post!
bom fds
bj

Anónimo disse...

Sabes, isto é substancialmente mais complexo, e ultrapassa esta ineficiência ou a falta de qualidade nos serviços prestados. Porventura a maior parte das pessoas não têm qualificações, gozam do estatuto da antiguidade, da prática, da posição adquirida na hierarquia da repartição, elas próprias com perspectivas diminuídas na carreira, (se é que se pode chamar carreira aquilo).

O facto é que nem ela, nem a própria instituição, nem sequer o país te pode ajudar, nem a ti nem a ninguém que esteja em situação de excedentário, mesmo antes de entrar no mercado de trabalho. Pura e simplesmente, não há mercado de trabalho, não há infra-estruturas laborais para absorver desde o licenciado ao simples técnico especializado.

Para tu teres uma ideia, o ‘bochechas’ colocou-nos na antiga CEE em 1986, graças a esta automática e inevitável promoção a nível essencialmente europeu, Portugal ficou conhecido como o país alvo para o investimento, o clima era ameno, era relativamente acessível quer via terrestre, quer via marítima, e a mão de obra não era especializada, mas em contra partida era barata.

Começaram-se a implantar inúmeras multi-nacionais, milhares de postos de trabalho apareceram a dar igualmente inúmeras melhorias nas condições de vida dos portugueses.

Nesta altura começou-se igualmente a negociar e estruturar o primeiro quadro comunitário de apoio para Portugal, que vigorou entre 89 e 93, era primeiro ministro o Cavaco (87/95) e visava essencialmente a melhoria das qualificações da população, consolidação de uma sociedade do conhecimento, reordenamento estrutural da economia, modernização do sistema científico e tecnológico, melhoria das infra-estruturas económicas de base, desenvolvimento dos produtos agrícolas, desenvolvimento dos espaços rurais, e a reestruturação do sector das pescas.

Já viste o que é apresentares excelentes dados de desenvolvimento económico, inflação, PIB, desemprego, etc., e esses dados não serem resultado da eficiência do teu governo, mas sim do investimento estrangeiro, e ainda por cima carregarem-te os cofres com milhões. Foi o que se passou com o teu actual presidente, na altura primeiro ministro

Imagina lá para onde foram estes milhões, na altura de contos, que entraram nos cofres do estado?

E depois veio o segundo quadro de apoio (94/99) e o terceiro (00/06), vieram também, Guterres 96/02, Durão 02/04 e o “putas man” 04/05

Os valores, nem te falo neles, seria angustiante, estamos a caminhar para o que éramos antes da CEE, as multi nacionais foram para os países de leste,
nada foi modernizado, nada foi investido, o dinheiro que entrou, deu grandes vidas a esses chulos.

Ah, é verdade, construíram umas auto-estradas por aí, iupiii!!

Tens aqui uma série de dados, cozinhados dão-te um prato de responsáveis e uma sobremesa de perspectivas.

Vais com certeza apanhar alguma indigestão, desculpa.

Desculpa também a extensão do comentário.

Beijoca

Lord of Erewhon disse...

E nós todos fingimos que somos Portugueses, que vivemos numa Democracia e que somos felizes aqui, com este chão e esta vida.
Até um dia...

Eu estou preparado para esse dia... e tu?

Nilson Barcelli disse...

Enfim, todos nós complicamos a vida uns aos outros.
Nós complicamos a vida ao Estado e ele a nós.
Que raio de país...
Se os desempregados fossem uma excepção, muito me admirava e aplaudia...
Olha, queres uma sugestão? Coloca aqui o teu currículum. Quem sabe resulta melhor...
Bom fim-de-semana.
Beijos.

GK disse...

LFM:
Também sou a favor da fiscalização. Mas quem ganha por fora vai continuar a fazê-lo. E, como não ando a enganar ninguêm, não gosto que me tratem como se eu fosse uma merda e ainda por cima uma merda desonesta...

Bruno:
ATÃO E EU NÃO SEI DISSO?!!!

Jotabê:
Estás perdoado. Resmindo: o Governo continua a preocupar-se em fingir que aperta o cerco aos desempregados com medidas idiotas para poupar uns trocos em vez de dar incentivos reais ao investimento para criar postos de trabalho para a nova mão-de-obra qualificada. FINGIMENTO!

Nilson Barcelli:
Já pensei nisso. Mas aqui prefiro manter uma certa dose de privacidade. Já o coloquei em "5000" sites de emprego nacionais e estrangeiros... Para já NADA. :(

Anónimo disse...

Não há conspiração! Não criemos uma teoria sobre o assunto! hà isso sim fenómenos novos na nossa sociedade com os quais estamos a aprender a lidar.
Gostaria que lesse o meu comentário ao seu post anterior, assim ficaria mais explicado o meu ponto de vista.
Acredito que nos compete a nós, sociedade civil, sermos mais activos influenciando nas decisões dos politicos e nos assuntos com que temos de lidar no dia a dia.
Não esperemos que ELES façam tudo por nós e a contento de todos sem excepção. Isso NÃO existe.
De qualquer modo prefiro a palavra trabalho a emprego.
Um emprego é uma merda, é uma coisa obrigatória para sacar tutu.
Um trabalho, esse sim exige vocação, querer, investimento, dedicação. E proporciona sensação de utilidade, preenchimento.

Deve ser muito dificil estar desempregado.
Respeito muito as pessoas que têm apetência e conhecimentos para trabalhar e não o conseguem por motivos que lhe são alheios.

Na area do jornalismo e não só isto está muito difícil.

Boa sorte e felicidades. Sinceramente.

Pepe Luigi disse...

Agradável narrativa sobre as desigualdades de atendimento e desonestidades na forma de estar na vida.

Invadi o teu espaço sem ser convidado, mas gostei.

Um beijinho
do Pepe.

Rafeiro Perfumado disse...

Mas é bom ver que consegues manter o espírito lá no alto. Eu não sei se conseguiria ter essa energia toda.

Rui Barroso disse...

Olá!

O teu post está muito bem "apanhado" e subscrevo-o integralmente. Também assino por baixo daquilo que o Jotabê escreveu. Realmente, como tu dizes, andamos todos a fingir e, como ele diz, o fingimento tem bases mais profundas.
Tu, na tua profissão e quando a estiveres a exercer, terás na mão instrumentos de denuncia, de desmascaramento de tanta (vamos chamar-lhe pelo nome) PORCARIA que há neste país. Dá-lhes forte!

Um beijo

*@rclight* disse...

sim,nem tudo é facil
e consegui-lo ainda pior!

ninguem é inferior!
e o facto d errarmos ou passarmos por situações de desemprego n nos torna incompetentes!

acredita quando digo k sei o k tás a passar
já tive desempregado perto dum ano a fio!
adivinhas cm m sentia??

bem
melhor k eu tás tu
k consegues procurar forças em ti própria para t ergueres todos os dias d sorriso na boca

n faças cm eu
k saí da escola aos 16
n era burro
...
n tinha vontade..pronto!

cm eu há muitos!

mas n pretendo passar-t nenhum sermão

espero sinceramente k em breve t cheguem aos ouvidos belas noticias com k t façam maravilhar ainda mais essa disposição e t ponham um passo sempre mais á frente!

mas falar é sempre fácil,eu sei!
pois dizem k a esperança morre por ultimo!

um beijo grande amiga*************

Anónimo disse...

desculpa a invasão... mas "apanhei-te" noutro blog que visito e "reconheci-te" da lista d BJ da qual tb faço parte (apesar de não perticipar activamente)... Subscrevo totalmente o que disseste... em tempos também estive inscrita no centro de emprego, e nada surgia para as minhas "qualuficações excessivas" (palavras da simpática senhora que me atendeu).. porque basicamente, com a minha licenciatura e experiência, teria que ter um bom salário que ninguém quer pagar... Portanto, fiquei logo super-entusiasmada, como dá para imaginar... ao fim de uns meses á encontrei qualquer coisita, graças a mim e à minha procura, e ainda tive que faltar uma tarde ao trabalho para ir assinar a porcaria do papelito em como já estava empregada e tudo mais...
em suma, além de não ajudarem em nada, ainda me fizeram faltar na primeira semana de trabalho...
Viva o IEFP!

Beijinhos e desculpa a invasão

* Bellatrix *